Carta à Luis Felipe Scolari
Querido amigo Luis Felipe,
Vimos e ouvimos, caro amigo, as críticas a nós endereçadas a respeito do acontecido quando da chegada do plantel da equipe que você dirige – SE Palmeiras , aliás muito bem, em Porto Alegre em que alguns vândalos ameaçaram seus jogadores.
Você não é o primeiro a cometer tal erro, caro amigo. O Sapesp pode, e deve, auxiliar os atletas na questão de suas seguranças pessoais quando há um pedido formal com base em um caso concreto, ou quando tomamos conhecimento do fato, como agora, através da imprensa, mas o Sapesp não é a Secretaria de Segurança Pública nem de São Paulo, que dirá do Rio Grande do Sul, local da ocorrência dos fatos.
Preste atenção, prezado amigo, não somos nós que empregamos os jogadores e que temos, aí sim, a OBRIGAÇÃO LEGAL de tê-los em condição de preservação total de suas integridades físicas. Ainda mais quando o atleta está a sua disposição, em concentrações ou viagens.
A lei 9.615/98, em seu artigo 34, prevê expressamente: Art. 34. São deveres da entidade de prática desportiva empregadora, em especial: (…) II – proporcionar aos atletas profissionais as condições necessárias à participação nas competições desportivas, treinos e outras atividades preparatórias ou instrumentais; e o artigo Segundo prevê: Art. 2o O desporto, como direito individual, tem como base os princípios:(…) XI – da segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial; O responsável, já que não sabe, porém seria sua obrigação saber, é o mesmo que lhe emprega ou seja a Sociedade Esportiva Palmeiras.
E há outro detalhe importante nisso tudo, dileto amigo, não temos nem somos uma empresa de inteligencia tal qual a ABIN que consegue monitorar as pessoas que possivelmente podem causar danos ao governo – aqui num aspecto amplo, e antecipa as ações que coibem esse problema.
Somente atuamos depois que os problemas aparecem e deles tomamos conhecimento, não temos o Nostradamus chefiando nosso departamento de previsões.
Então amigo fica combinado uma coisa desde já. Faremos, como já fizemos várias vezes, nossso expediente junto aos órgãos oficiais requerendo medidas que possam coibir a ação desse tipo de gente. É bom que se esclareça também que essa gente, esse cambada de desocupados, muitas vezes tem apoio dos próprios clubes que ao invés de agirem de forma profissional o fazem passionalmente e depois não tendo como cobrar postura digna de seus jogadores entendem que, caso os atletas "tomem uma dura da torcida", ficam predispostos a uma conduta profissional.Também companheiro sabe daqeula história que muitos clubes vivem com problemas de atraso de salários e não tem como exigir nada, pois é, o que voces passaram, lastimável ressalte-se, também é decorrencia desse descumprimento. Outra coisa dileto amigo, e aqui vai um rápido questionamento: voce pede para o seu sindicato uma proteção especial? Ou, Teriam os sindicatos de todas as categorias a obrigação de dar proteção aos seus associados? Será que os sindicatos poderiam substituir o poder público, caro amigo?
Nas respostas dessas questões acho que voce já consegue entender a verdadeira ação que somos obrigados a fazer e aquela que fazemos para auxiliar os associados que nos requisitam.
Todavia, o que vamos fazer certamente é ser solidário com os problemas dos atletas e exigir que seu empregador cumpra o papel que lhe cabe, mas isso você pode e também deve fazer. Pensamos que não seria nenhum incomôdo e voce estaria ajudando na organização do esporte, não é mesmo.
Não deixe de contar conosco porque atuamos em tudo o que diz respeito a nossa categoria, no tempo certo, na medida certa.
Nos veremos em breve amigo.
Muitos sucessos.
Rinaldo Martorelli
Presidente
Sapesp