Presidente Rinaldo Martorelli palestrou mostrando como a legislação tem favorecido a má gestão no futebol.
O Sindicato de Atletas SP marcou presença na Confut Sudamerica, assim como aconteceu na Confut USA, realizada em junho, em Miami.
A Confut é Conferência do Futebol, uma reunião de quem trabalha ou quer trabalhar no futebol. Ela permite que empresas, prestadores de serviços, clubes e instituições mostrem seus trabalhos, troquem experiências e produzam conteúdo e conhecimento.
Nesse contexto, o presidente Rinaldo Martorelli foi um dos speakers e explanou sobre o cenário do futebol atual. Como a missão do Sindicato de Atletas SP é incansável na defesa dos atletas profissionais, Martorelli mostrou claramente em sua apresentação como a legislação tem permitido que a categoria siga sem proteção.
O ex-goleiro também fez várias colocações que fundamentam a tese, como, por exemplo, quando trouxe o grande paradoxo dos últimos anos, em que as receitas dos clubes aumentaram consideravelmente, questão que fez crescer a irresponsabilidade quanto ao pagamento dos salários dos atletas.
Se por um lado as receitas triplicaram, do outro as dívidas quintuplicaram.
INÍCIO DA LEI
Martorelli fez uma retrospectiva do início da legislação no futebol quando foi regulamentada a relação de trabalho do atleta nos anos 40.
“A lei já nasce dando ao clube a possibilidade de total dominação do empregador sobre o jogador, que ficava “amarrado” pela figura do “passe”. Dali para frente, tudo o que foi elaborado em termos de lei carrega o velho ranço de proteger o clube em detrimento da liberdade do trabalhador”, argumentou.
FUTEBOL INFELIZ
Martorelli fundamentou e contou com a concordância dos presentes, que essa direção da lei vem criando a grande muleta que resulta em uma gestão que tem feito com que o futebol brasileiro venha acumulando grandes perdas financeiras, de capital humano e na ponta, de felicidade.
“Felicidade porque são poucos os clubes que mantêm seus torcedores satisfeitos. A frustração deles tem se mostrado em um dos indicativos que se colocam de forma preocupante que caminham para um lugar perigoso que é o de ameaça à integridade física dos atletas profissionais. Questão que também demonstra a falta de capacidade de gestão e da covardia de muitos dirigentes esportivos porque é ele, clube empregador, o principal responsável por garantir a segurança do trabalhador e, ao invés disso, ainda abre os portões para que os torcedores concretizem a ameaça. Lamentável”, protesta o sindicalista.
PROTEGENDO CLUBES
A explanação do presidente Martorelli analisou todos os pontos das diversas leis existentes, desde a primeira de 1942. Os legisladores, quando pensam na regulamentação, já tinham em mente a proteção dos clubes.
O sindicalista provou que, em vez de ajudar, se tornou um dos fatores principais que fizeram com que o futebol vivesse essa cultura de descumprimento, segmento em que clube não paga atleta, não paga outro clube, não paga prestador de serviço, não paga ninguém.
“Sempre há as exceções. E não importa a natureza jurídica do clube, se associação desportiva, uma empresa (limitada), SAF (Sociedade Anônima do futebol), ou qualquer coisa que o valha. O importante mesmo é a “vergonha na cara” de quem faz a gestão”, cutucou.
“No Sindicato de Atletas SP atuamos sob uma lógica. O problema não é ter problema. O problema é não ter vergonha na cara, inteligência e vontade de resolver o problema porque tudo parte do caráter de quem dirige o clube para chegarmos a um ponto satisfatório”, concluiu.
A Confut Sudamericana chega ao último dia nesta quinta-feira (04 de setembro), no espaço da Mercado Livre Arena Pacaembu.