Por Fábio Giannelli
O futebol levou mais uma vida nesta quarta-feira (20/02). Essa provavelmente será a manchete de diversos jornais espalhados pelo mundo. O motivo. A morte de um garoto de apenas 14 anos, vítima de um sinalizador que atingiu seu olho e tirou sua vida na partida entre San José e Corinthians, em Oruro (Bolívia), na estréia das equipes na Taça Libertadores da América 2013.
Para piorar ainda mais a tragédia, o sinalizador partiu da torcida do Corinthians, que levou quase duas mil pessoas ao estádio. A polícia prendeu 12 pessoas, que tiveram suas imagens divulgadas na manhã desta quinta-feira. A torcida que encantou o planeta lotando as arquibancadas de Yokohama se torna agora protagonista de uma vergonhosa responsabilidade. A morte de um menino numa pacata cidade montanhosa boliviana.
A pergunta que me veio à cabeça quando o repórter Mauro Naves anunciou o falecimento durante a transmissão da Rede Globo. O menino foi vítima do futebol ou da sociedade?
É um absurdo que um brasileiro leve um sinalizador para dentro do estádio depois de tudo que aconteceu em Santa Maria, com a morte de 239 pessoas. Não são apenas os torcedores comuns ao redor que correm risco com esses piro maníacos de plantão, mas também os próprios atletas e profissionais da imprensa que estão no gramado.
Em minha opinião, a responsabilidade não é de torcedor, e sim de cidadão. Diversos corintianos foram à Bolívia para incentivar e prestigiar a equipe e nada fizeram de errado. Vivemos em uma sociedade em que alguns “espertos” vivem sem regras, esbanjam desdém às leis e agem de acordo com seus próprios planos.
Alvarás vencidos, vistas grossas, impunidades, descaso dos políticos, corrupções. Podemos listar um dicionário de palavras. O resultado final é sempre o mesmo. Vivemos em um país sem regras, e infelizmente, sem educação em boa parte da sociedade.
Vejo que é necessária uma atitude de mudança, a formação de um Brasil mais educado e consciente. Mesmo que se prove que foi um acidente, levar um negócio desses para o campo é demais. O culpado deve responder por dolo, inclusive, já que tem consciência que poderia existir um acidente e poderia matar alguém.
Portanto, vejo que precisamos nos próximos anos não nos preocuparmos apenas com o crescimento economico, dólares, pretróleo, moeda. É mais que necessária a eliminação dessa camada de “contraventores” da sociedade de maneira exemplar, com punições a altura de suas condutas. O que vivemos no futebol é nada menos que o reflexo de uma sociedade sem regras, sem leis, e o pior, sem líderes.
Fábio Giannelli, 36, é publicitário e sócio-diretor da Trade Web, agência de publicidade responsável pelo departamento de Comunicação e Marketing do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo.