Diversas personalidades do futebol prestigiaram o evento, que contou com a presença do ex-atleta Andy Wordward, que foi jogador profissional por 10 anos. Zagueiro, seu grande mérito foi uma temporada no Sheffield United. Ele foi o primeiro jogador inglês a denunciar que foi estuprado por Barry Bennell seu antigo treinador nos anos 80.
O presidente do Sindicato Rinaldo Martorelli abriu o evento falando sobre o trabalho da entidade, explicou a ideologia desta campanha e a parceria com assistentes sociais e psicólogos dos grandes clubes do Brasil.
O ex-jogador Alê Montrimas, que também deu seu depoimento no evento, foi um dos idealizadores desta campanha. Alê sentiu na pele o problema do assédio, quando era atleta. Desde o início do trabalho, já palestrou para cerca de 45 categorias de bases dos clubes brasileiros, incluindo Corinthians, Palmeiras e Santos.
“Quando cheguei ao Sindicato, o Martorelli não pensou nem meio segundo em me apoiar, e já buscar uma forma de fazer com que a gente seguisse adiante nesse assunto tão importante. Digo com orgulho que faço parte desse time e que vamos lutar para que isso acabe”, contou.
Em seguida a assistente social Silvana Trevisan palestrou sobre a importância desta campanha na vida dos adolescentes e de quem está no meio do esporte, principalmente no futebol brasileiro.
“Estou emocionada, é um momento de muita nobreza do futebol e do Brasil, em falar de um assunto tão delicado. Agradeço ao Sindicato por estar aqui. Hoje saímos das ‘cavernas’ e buscamos luz para os direitos da criança e do adolescente”, falou.
Para finalizar, Andy deu seu depoimento a todos presentes no evento. Falou sobre a época em que estava no esporte e sobre o problema vivido por ele.
“Agradeço a todos que vieram aqui esta noite escutar um pouco de minha história. Precisamos sempre pensar em nossas crianças e vir para o Brasil para tratar desse tema é muito importante para mim. Estou aqui porque comigo não foi diferente, passei por abuso quando eu era jovem, e esse assunto é muito difícil, precisamos debater e informar”, contou.
“Eu era uma criança quieta, o abusador observava os pais dos atletas que estavam ao meu lado e se aproveitava, ele aliciavam os pais e dizia ‘seu garoto é muito bom’ e pedia aos pais para as crianças irem a casa dele. E claro deixavam, não demorou muito para ele me arruinar. E fui abusado por seis anos, dos 8 aos 14”.
“Não demorou muito para além de me destruir, ele entrar na vida da minha família e se casou com minha irmã. E eu não falei nada, não contei para minha família, e ele ainda teve dois filhos com minha irmã. Depois de um tempo ele foi preso, e ai foram atrás de mim e outros jogadores que estavam conosco na época, para depor”, finalizou Andy, que ainda completou.
“Essa campanha nos faz pensar no seguinte: nós não queremos salvar somente uma vida, e sim centenas delas. Conto com o Ale e com o Martorelli para isso”.
“Esse evento é um marco na história do futebol, nenhuma instituição fala, ou faz algo sobre o assunto, que é muito delicado e pode ajudar os novos atletas a se desfazerem de fantasmas e traumas de infância. Agradecemos muito a presença do Andy aqui”, analisou Martorelli no final da discussão.