<div><font face=’Verdana’ size=’2′>Uma indicação do PT, mordomia e pouca presença no trabalho. Essas características são conhecidas nos corredores do Ministério do Esporte, onde não são raras as críticas à ausência constante da titular da Secretaria Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer, Rejane Penna. Estudante de mestrado em Piracicaba, interior paulista, a secretária passa cerca de três dias por semana viajando e despacha em Brasília dois dias: geralmente às segundas e sextas-feiras, de acordo com servidores do órgão.<br /><br />Para aprimorar o currículo acadêmico na Universidade Metodista de Piracicaba, a secretária recebe do ministério cerca de R$ 10 mil mensais. Se fosse receber uma bolsa de estudo como aluna de mestrado, a remuneração de Rejane não passaria de R$ 1.200. Com a ajuda dos cofres públicos e com uma agenda diária, por telefone, como relataram funcionários, a secretária divide o cargo de confiança no ministério com a rotina de estudante. Ela sempre participa das decisões, mas durante a semana a maior parte das discussões se dá por telefone mesmo, relata um subordinado da secretária.<br /><br />Apesar da ausência no ministério, Rejane é presença frequente em eventos e debates, principalmente acompanhando o ministro Orlando Silva. Ela também integra o Conselho Nacional de Esporte.<br /><br />Políticas<br /><br />A relação da secretária com os partidos que a apoiam vem de longa data. Em 2004, ela foi candidata a vereadora no Rio Grande do Sul pelo PT, mas não se elegeu. Um ano antes, já frequentava reuniões do Conselho Nacional de Esporte como representante dos secretários de Esporte do país, função que ocupou em Porto Alegre. Em 2006, mais próxima ao PCdoB, Rejane Penna colaborou com a campanha do ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz.<br /><br />Depois de várias tentativas de falar com a secretária, a reportagem encaminhou os questionamentos (veja ao lado) sobre a ausência da servidora para a assessoria do ministro Orlando Silva. Por e-mail, os funcionários informaram que o ministro garante não ter conhecimento da pouca frequência da secretária e que, ao nomeá-la, não sabia do mestrado. O curso de Rejane teve início em 2009.<br /><br />Respostas, só por e-mail<br /><br />A reportagem do Correio tentou localizar a secretária do ministério durante quatro dias. Primeiramente, foi informada que Rejane Penna somente poderia ser encontrada por telefone. A reportagem aceitou a conversa e adiantou o assunto. Dois dias depois, a história mudou e a secretária de Rejane informou que ela estava de férias e não poderia mais ser contatada. O Correio então encaminhou por escrito dois e-mails para a assessoria do ministério. Confira abaixo o diálogo nos dois e-mails:<br /><br />E-mail 1:<br /><br />Temos a informação de que a secretária Rejane Penna passa três dias da semana cursando mestrado em Piracicaba e realiza uma agenda telefônica no ministério. Como ela é indicação do PT e ligada ao ministro, gostaria de saber se há licença formal para secretários se ausentarem por três dias na semana de Brasília. De acordo com nossa apuração, ela vai terça e volta sexta de Piracicaba.<br /><br />· Resposta: Não<br /><br />E-mail 2:<br /><br />Então, há uma liberação informal para que ela se ausente tantos dias assim de Brasília?<br /><br />· Resposta: Não.<br /><br />Como servidora pública, a Rejane Penna não deveria dar expediente normalmente em vez de despachar por telefone, como afirmam funcionários do órgão?<br /><br />· Resposta: Todos os servidores devem dar expediente.<br /><br />Quando o ministro nomeou a secretária sabia que ela não poderia comparecer ao trabalho diariamente?<br /><br />· Resposta: Não<br /><br /></font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Por Izabelle Torres e Ugo Braga<br />Correio Brasiliense, 19/07/2009</font></div>