Opinião SAPESP
Inteligência Emocional. O best-seller publicado pelo renomado escritor Daniel Goleman, sucesso em vendas em todo o mundo e traduzido para mais de 50 idiomas, parece ter passado longe da estante do técnico Cuca, atual treinador do Cruzeiro E.C.
Nesta quarta-feira (04), durante partida válida pelas oitavas de final da Taça Libertadores da América, o comandante perdeu a cabeça e agrediu com uma cotovelada o rosto o atacante Rentería, do Once Caldas, já nos acréscimos. O colombiano precisou de atendimento médico após a agressão por conta de um sangramento na boca. Um fato lamentável para a classe, já que não são muitos os treinadores brasileiros com oportunidade em grandes clubes europeus. Talvez esse seja um dos motivos. A falta de inteligência emocional.
Em seu livro, Goleman examina questões polêmicas através de uma viagem pelos labirintos da mente humana. Mostrando que o controle das emoções é fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo, a obra cita exemplos de casos do cotidiano que demonstram a incapacidade das pessoas em lidar com as próprias emoções, tendo como conseqüência a destruição de vidas e o abalo de carreiras promissoras. É exatamente isso que pode acontecer com o treinador cruzeirense. Perder-se em seu próprio labirinto emocional.
De nada adianta grandes táticas, estudos, conhecimentos apurados. É necessário que o treinador corresponda emocionalmente ao elenco e aos atletas. Ele é a referência. Tanto tática quanto psicológica. E não tem desculpas de que "estava nervoso”, “perdi a cabeça porque estava sendo prejudicado pela arbitragem", ou mesmo a lamentável história do indiozinho que contou durante um de seus destemperos no Brasileirão. Nada justifica uma agressão física. Nada.
Para quem não se lembra, Cuca, após perder a cabeça em jogo contra o Corinthians no fim de ano passado, desferiu um forte soco na mesa durante a coletiva de imprensa. Após o fato, argumentou que todo ser humano carrega um indiozinho nas costas. "Todo mundo carrega um indiozinho nas costas e, de vez em quando, ele sai com o arco, a flecha e a machadinha. Todo mundo tem isso. Quem é que nunca deu uma desabafada na vida. A gente tenta manter a boca fechada, mas às vezes é impossível", argumentou na época sem convencer até mesmo os mais próximos ao treinador.
EX-ATLETA DE CUCA SE MANIFESTA
Atleta de Cuca em 2008, quando atuava pelo Santos FC, o também atacante colombiano Molina, compatriota de Renteria, manifestou-se através do twitter e classificou como vergonhosa a atitude do treinador. ”Uma vergonha a cotovelada de Cuca, mais ainda não admitir o seu erro porque isso não é um homem, mas eu não estou surpreso, ele é assim mesmo”, disse o jogador, ao saber que o treinador não assumiu ter atingido Rentería intencionalmente após o confronto.
O Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo (SAPESP) lamenta o caso ocorrido nesta quarta-feira (04) e solicita maior capacidade de discernimento entre os profissionais que participam direta e indiretamente da modalidade. Precisamos de mais exemplos dentro de campo, para que fora deles, possamos cobrar os torcedores. Atitudes como esta mancham não só a classe dos treinadores como o futuro do futebol brasileiro.
Com tantas agressões dentro das quatro linhas, como podemos exigir o fim da violência nas arquibancadas? O exemplo vem de casa. Principalmente dos comandantes, que são os verdadeiros capitães desta grande nau chamada futebol.
COMENTARISTAS DO SPORTV PEDEM GANCHO EXEMPLAR