NOTÍCIAS

NULL

Sindicato: jogador não é burro.

Pelé causou polêmica na terça-feira, durante um evento publicitário, ao classificar como "burrice" o fato de jogadores "se atrelarem" a empresários como se atrelavam antes a clubes, na época em que ainda existia o "passe" – extinto após uma lei criada justamente por ele, em 1998. Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos jogadores profissionais do Estado de São Paulo, tem opinião diferente: "Burrice é se atrelar a um agenciador ruim."
Para o sindicalista, não há nada de errado no fato de um jogador ter um agente ao seu lado, com
contrato assinado inclusive. "Nós até preferimos que o atleta tenha um gestor de carreira", diz Martorelli. "Em geral, o jogador não tem uma boa formação cultural. Por isso, a figura de um gestor
de carreira passa a ser muito importante."
Casos recentes no futebol brasileiro mostram que a relação entre jogador e empresário pode ser
maléfica, sim, como pregou Pelé, mas também benéfica para muitos outros, como cita Martorelli.
"Isso depende do empresário. Ou melhor, do gestor da carreira do jogador."
Um exemplo claro de "burrice", como chamou Pelé, é o do lateral-esquerdo Lúcio, do Palmeiras, que em janeiro passou duas semanas parado, sem treinar, brigando com Oliveira Júnior, seu agente. Lúcio tinha vínculo contratual com o Ituano, mas queria permanecer no Palmeiras, que havia defendido na temporada anterior.
Lúcio entrou então em litígio com Oliveira Júnior, que é também o homem-forte do time de Itu. Mal assessorado, deu sinais claros de total desconhecimento de seus direitos – queria jogar no
Palmeiras, mas para isso exigia o recebimento de 15% do valor de seu passe. O lateral não sabia que o passe tinha sido extinto. E que, portanto, não tinha direito a 15% de nada.
Há casos, porém, em que o empresário "salva" a carreira de um atleta – como o atacante França,
ex-São Paulo. Deprimido na Alemanha, onde joga no Bayer Leverkusen desde 2002, pediu a Wagner Ribeiro, seu agente, para voltar ao Brasil. Ribeiro contestou seu pedido, lembrando-o de que na Europa poderia curar sua depressão jogando futebol e ganhando mais dinheiro do que ganharia no Brasil. França acabou dando a volta por cima na Alemanha. Ontem mesmo fez um gol na vitória de 3 a 0 do Bayer sobre o Real Madrid. Ribeiro diz: "O jogador nem sempre tem boa formação e chega ao auge com 20 e poucos anos. Em qualquer outra profissão, porém, dificilmente uma pessoa chega ao auge antes dos 30. Por isso, a figura do agente é necessária."
Como um jogador pode saber, então, em qual empresário confiar? Martorelli tem uma idéia, que
pretende colocar logo em prática: um ranking dos agentes. "Queremos criar uma espécie de selo de qualidade dos empresários. Para ganhar o selo, teriam de atender a uma série de padrões
estabelecidos pelo sindicato. O selo serviria como referência para os jogadores na hora de contratar um agente", diz o sindicalista. "Assim, o jogador só seria muito burro, como disse o Pelé, se procurasse um agente que não se enquadrasse nos procedimentos exigidos pelo sindicato."
Uni-vos! – Outra crítica de Pelé foi o fato de os jogadores formarem "uma classe desunida". Martorelli contesta: "Fomos nós, do sindicato, que conseguimos acabar com o passe. Além do mais, quantas profissões são unidas a ponto de fazer uma grande mobilização hoje? Pouquíssimas!"

Fonte: Jornal da Tarde – 16/09/04

Compartilhar:

+ NOTÍCIAS

Institucional

WhatsApp Image 2025-06-16 at 20.06.42

Martorelli se reúne com novo presidente da CBF, Samir Xaud

Institucional

WhatsApp Image 2025-06-15 at 17.49.11

Sindicato de Atletas SP participa de reunião com presidente da FIFA, Gianni Infantino

Social

WhatsApp Image 2025-04-23 at 16.10.37 (1)

Sindicato de Atletas SP recebe visita de representantes do projeto social Meninas em Campo