É possível conciliar a carreira de policial militar com a de jogador de futebol profissional? Felipe Marques de Queiroz, 30 anos, consegue equilibrar as duas atividades sem deixar que uma atrapalhe a outra.
Integrante do Grupamento Aéreo Móvel (GAM) desde 2007 e um dos melhores atiradores de elite da tropa, Felipe também é lateral-esquerdo do São Cristóvão, que disputa o campeonato da segunda divisão do Rio de Janeiro.
– Corro atrás dos meus dois sonhos o tempo todo. E uma coisa influencia positivamente a outra. O futebol ajuda meu condicionamento físico, o que é bom para o policial. E a tranquilidade e frieza diante de situações difíceis que a gente aprende no GAM contribuem para o meu futebol. Por isso, tenho a boa vontade dos meus superiores, nos dois lados – disse Felipe.
O comandante do GAM, tenente-coronel Miguel Ramos Júnior, apoia o desejo do subordinado de ser jogador profissional e procura adequar os horários dele às obrigações com o futebol, porque Felipe não se descuida da corporação.
– Se não fosse um bom policial, não estaríamos cedendo a ele a oportunidade de fazer esta atividade externa. Além do mais, o cabo Felipe joga muito bem e merece o nosso apoio – afirmou o comandante.
A dedicação à polícia o fez interromper as férias em Cambuci, no Norte fluminense, em novembro do ano passado, para participar da ocupação da Rocinha. Mas Felipe tinha também motivos pessoais para se integrar à missão. Nascido na comunidade, foi obrigado a morar fora depois que entrou para a PM, em 2005. Com a pacificação, ele voltou a frequentar tranquilamente a Rocinha.
Sai a chuteira, entra o fuzil
No São Cristóvão o técnico Madeira dispensa o cabo de alguns treinos quando ele está escalado para participar
de alguma operação policial importante.
– Felipe é um dos atletas mais dedicados aos treinamentos e nos jogos tem sido muito útil – afirmou o treinador.
O lateral-esquerdo ainda sonha jogar por um grande clube. Se acontecer, tentará manter as duas carreiras, mas admite que ficaria mais complicado. Porém, se um dia tiver de optar, já tem a decisão, mesmo sabendo que um bom contrato no futebol pode significar, em poucos anos, a independência financeira.
– Vou ser policial pelo resto da vida. Por enquanto, deixo a bola rolar – disse o cabo.