Atualmente, no Brasil, as estimativas de desemprego apontam para um número entre 13 e 17 milhões de pessoas sem trabalho. Tendo em vista que nos últimos 15 anos esse índice era três vezes menor do que o atual, as previsões para o futuro não são nada animadoras.
Segundo pesquisa do CNI/Ibope, 63% dos trabalhadores brasileiros têm medo de perder o emprego. E eles têm motivo para isso. Outro estudo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), aponta um crescimento nos índices de desemprego no País nos últimos três meses. Em março, a taxa chegou a 10,8% da população economicamente ativa nas regiões metropolitanas das seis maiores capitais do País.
E como qualquer profissão, o mundo do futebol não está livre desse problema. Universo que não comporta somente jogadores, treinadores e dirigentes. A economia que gira em torno do planeta bola engloba também outros setores. Primeiro quando se trata de médicos, fisiologistas, preparadores e outros profissionais diretamente ligados ao futebol. Segundo, por conta de vendedores ambulantes, guardadores de carros e funcionários temporários que sempre dão suporte na infra-estrutura dos jogos.
"O desemprego realmente existe, mas não se restringe ao jogador e ao treinador. Tem o porteiro, o gandula, o pessoal da infra-estrutura, ambulantes. Todos vivem do futebol", explica o economista Josué Mussalém para depois contrapor. "Na verdade, futebol gera mais renda do que emprego." No caso dos jogadores, estima-se que haja cerca de 15 mil deles desempregados no Brasil. Em São Paulo, um dos centros do futebol nacional, esse número chega a 600, o que representa 15% dos quatro mil registrados no sindicato local. "Essa situação de desemprego é geral no País e o futebol está na mesma faixa", afirma o presidente da entidade paulista, o ex-goleiro Rinaldo Martorelli.
A questão do calendário do futebol brasileiro também está diretamente relacionada a essa situação. "Esse calendário privilegia uma pequena parcela de times. Não adianta focar somente 40 clubes. E o resto? Desse jeito é melhor acabar de vez com eles", ataca Martorelli.
A insatisfação de Martorelli é compartilhada pela maioria dos clubes da Série B. Depois de 10 de setembro, 14, dos 22 times que disputam a competição, irão parar as suas atividades. É que de acordo com o regulamento do Campeonato, apenas oito equipes se classificam à próxima fase.
Tentando evitar o pior, antes do início da Segundona, os dirigentes tentaram mudar o sistema de disputa, mas não tiveram sucesso.
Site Futebol Total (01/05/2005)