A maioria dos serviços de tratamento de alcoolismo no mundo conta com assistentes sociais, que participam de equipes interdisciplinares. Com freqüência assumem a função de implementar e coordenar as atividades em programas de atendimento ao empregado de empresas públicas e privadas. Por ser um problema inerente ao tipo de atividade profissional, o alcoolismo também pode ocorrer com jogadores de futebol. O papel do Serviço Social é fundamental no acolhimento dos pacientes, na atuação junto aos familiares, individualmente ou em grupo, na sensibilização das empresas para o problema dos empregados alcoolistas e no treinamento das equipes. Paralelamente a estas atividades, a ação investigadora desses profissionais, sobre os desafios da prática, resultou em trabalhos que contribuíram para um maior nível de conhecimento, estimulando a discussão, aumentando o nível de informação, possibilitando, assim, o processo de mudança. No livro Serviço Social e Sociedade, publicado em 1998, a professora Luiza Cardoso, do Departamento de Serviço Social do Instituto de Ciências Humanas da UnB, dizia que ‘a investigação sobre a realização do diagnóstico precoce do alcoolismo tem como objetivo a tentativa de questionamento da política federal de prevenção e tratamento do alcoolismo em relação à prática profissional nos serviços de saúde, prática esta que opera uma dupla exclusão: a da doença, não reconhecida, e – a mais importante – a do doente, a quem é negado o diagnóstico e a possibilidade do tratamento; portanto, o direito à saúde’. Resta saber, no momento, se este quadro foi revertido pelo atual governo ou se este problema continua ignorado. No futebol brasileiro, um dos tristes exemplos de alcoolismo foi Mané Garrincha. Na Inglaterra, George Best. Coincidentemente ambos jogavam na mesma posição – ponta-direita. O brasileiro ficou marcado por sua magnífica trajetória no Botafogo do Rio de Janeiro e o inglês defendeu o Manchester United. Como o hábito de ingerir bebidas alcoólicas é algo comum no futebol (e, algumas vezes, aceito com naturalidade pelos profissionais que dirigem a equipe), acho oportuno colocar que quanto mais tarde for diagnosticado o alcoolismo, mais difícil é vencer a dependência psicológica e física. Pesquisas indicam o aparecimento do alcoolismo em idades cada vez menores. Apesar disto, o diagnóstico precoce, ou seja, o reconhecimento dos sinais da doença antes das fases mais graves, não é feito na maioria dos serviços de saúde, nacionais ou internacionais.
Por Hilze Leite Mattoso