Enquanto parece ter sufocado a demanda dos clubes por compensação financeira pelo uso de seus jogadores, a Fifa busca agora uma estratégia para evitar que eles consigam indenizações por eventuais contusões de atletas durante o período em que estiverem com suas seleções nacionais.
Segundo o presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter, ela precisa desenvolver uma maneira de cobrir os custos dos seguros dos jogadores. Para isso, vai testar na Copa do Mundo um fundo que daria cobertura a todas as competições internacionais.
"Temos que encontrar um mecanismo que assegure que todos os jogadores, quando estiverem jogando toneios internacionais, tenham o seguro adequado", afirmou o mandatário.
"Em princípio, nossas regras dizem que o clube é o responsável pelo seguro. Mas o regulamento da Copa do Mundo também diz que a seleção nacional é responsável por garantir que o jogador está decentemente segurado", completou.
Blatter explicou que o fundo criado pela Fifa vai garantir aos jogadores machucados a cobertura total dos custos de seu seguro quando eles não forem garantidos por outras entidades.
A proposta é uma forma de combater uma ação judicial movida pelo clube belga Charleroi, que alega ser ilegal a regra que o obriga a liberar seus jogadores para as seleções nacionais. O processo inclui um pedido de indenização de quase US$ 800 mil pelos danos causados quando o meia marroquino Abdelmajid Oulmers se machucou durante um amistoso em 2004.
O fundo da Fifa, no valor de US$ 12,5 milhões ou 5% do prêmio total da Copa, foi criado em 2004 e agora está sendo expandido. A medida não deve agradar ao G-14, grupo que reúne os 18 maiores clubes europeus, pois seus membros já pedem na justiça o ressarcimento de mais de US$ 2 bilhões em custos por liberarem seus jogadores nos últimos 10 anos.
A justiça belga rejeitou o pedido no último mês de maio, mas transferiu a decisão do caso, que estava ligado ao do G-14, para a Corte Européia de Justiça. Foi esse tribunal que rejeitou as regras da Fifa sobre transferências há 11 anos, no chamado caso Bosman, causando uma grande mudança no esporte.
"Não estamos esperando até que a corte decida. Dependendo da velocidade da corte, isso pode levar muito tempo. Temos um problema e temos que solucioná-lo. Não podemos esperar como no caso Bosman", afirmou Blatter.
Site UOL (05/06/2006)