<div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Lendo o artigo do Dr. Álvaro de Mello Filho publicado no site Cidade do Futebol fui, automaticamente, impelido a algumas reflexões.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>O Dr. Álvaro, mais uma vez, tenta descaracterizar a incompetência reinante na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) transferindo o problema atual do futebol brasileiro para a Lei Desportiva – Lei Pelé, que extinguiu o maléfico "passe" do nosso meio. Aliás, tarefa tentada por muitos.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Essa história de que a lei é culpada pela atual situação do futebol é instrumento de defesa de quem é muito desavisado e descomprometido (como muitos torcedores – os de arquibancada) ou tem amplos interesses no desvio do foco principal.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Não se pode culpar apenas a CBF pela atual situação, lógico que não, mas que ela tem grande parte da responsabilidade, ah isso ela tem. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>O nobre jurista ataca, principalmente, a já velha questão do envolvimento dos empresários nos meandros futebolísticos, como se a lei tivesse oficializado tal função. Não esqueçamos que há "empresários" em todos os ramos de atividade comercial, desde aquele que vai até a horta para trazer as verduras para as feiras livres até os donos de concessionárias de automóveis, passando pelos grandes hipermercados, todos vivem da intermediação e o fazem como meio de vida lícito, o que é bem possível.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Faz sua introdução se referindo aos atletas que estavam presentes na disputa da Copa América de futebol, afirmando que nossa seleção era composta apenas por atletas que são "prisioneiros" de empresários e, lógico, criticando a lei por isso.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Penso que poderíamos usar o famoso slogan de uma campanha publicitária de biscoitos para tentar entender esse aspecto: "os jogadores da seleção brasileira é que são aprisionados por empresários ou porque são aprisionados por empresários é que são da seleção brasileira". Pois é, essa pergunta é constantemente formulada e ninguém a responde satisfatoriamente. E ainda me parece que isso não acontece somente na seleção principal, não. Nas seleções sub tudo, também.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Pelo menos em um ponto nós concordamos,muitos empresários são parasitários e que os clubes se tornaram os "laranjas desportivos", como bem assinalou, e tudo isso porque os interesses continuam os mesmos de sempre, que existem bem antes da promulgação da Lei 9.615/98, só que numa nova roupagem. Eu, como atleta profissional, fui preterido várias vezes por não ter envolvimento com empresários ou com pessoas que eram, desde então, os laranjas de hoje. Joguei até 1995. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Entre a constatação da criação dos “laranjas desportivos” e o ataque a uma lei que trouxe a liberdade para a categoria e que força os clubes a se estruturarem há um abismo enorme.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Sempre fui claro a respeito de nossos propósitos. Também defendemos o fortalecimento dos clubes, compactuo com aqueles que entendem que necessitamos tentar manter ao máximo nossos bons jogadores em terras brasileiras para o bem do esporte nacional, só que há tanto a fazer na reestruturação antes de querer atacar uma lei que só veio fazer justiça com uma categoria que vivia sob dominação.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Ninguém em sã consciência que não tenha interesse financeiro pessoal pode defender o "passe" ou qualquer coisa que possa a ele se assemelhar. Afirma, em seu artigo, que são os empresários que induzem os atletas "à mercenarização desportiva motivada por contratos em dólares ou euros". Será que só os empresários que motivam esse aspecto? Ou são os clubes que não pagam salários em dia e que a qualquer resultado ruim da equipe mandam embora os jogadores que depois têm que pleitear seus salários na justiça, recebendo depois de quatro anos, com muita sorte, é que são os verdadeiros facilitadores e estimuladores dessas transferências. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>A situação interna é tão instável, de tamanho desrespeito, que qualquer proposta, do Vietnã que seja, passa a seduzir. Aí se mostra, novamente, a absoluta falta de competência da CBF. Nunca vi seu presidente se manifestar no sentido de resolver, ao menos minimizar, a questão da inadimplência salarial, de fazer com que os clubes respeitem os contratos. Se não há manifestação sequer, o que dizer de atitudes concretas.E olhe que ele é membro do Comitê Executivo e pleiteia vaga na presidência da FIFA que tem em seu regulamento de transferências de jogadores como um dos pontos principais a "estabilidade contratual". Mas lá é Suíça e aqui é Brasil, e aqui vale tudo até trabalhar e não receber. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>A CBF é a entidade oficial da FIFA que pode e deve fiscalizar os atos dos agentes por ela credenciados e que devem constar obrigatoriamente nas transações, mas, alguém já ouviu dizer de alguma punição que ela possa ter dado a um empresário que não tenha tido uma boa conduta. Vejamos um só ponto para dizer o menos. O aliciamento é duramente punido pelo regulamento da entidade internacional mor, inclusive, que pode ser adotado internamente, aliás, já era para ter sido – figura sempre entre nossas principais reivindicações –, mas continua sem nenhuma atitude concreta de quem quer que seja.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>É passada à hora de o futebol ser analisado por posturas equilibradas e que tenham a intenção real de tentar melhorá-lo. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>O Dr. Álvaro é membro da Comissão de Futsal e de Beach Soccer da FIFA indicado pela CBF que, aliás, também presta consultoria jurídica à entidade há um bom tempo, fatores que me levam a concluir que seus estudos jurídicos não são isentos na medida em que necessitamos, mesmo com todo seu conhecimento e competência, e acabam por perder a confiabilidade ao se prestar muito mais a um papel de defesa de amigos e dos interesses próprios.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Infelizmente ainda existem pessoas que acreditam que uma mentira repetida muitas vezes pode parecer uma verdade. Eu não.</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Rinaldo Martorelli</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Presidente do Sapesp</font></span> </div>