<div><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Como o calor pode prejudicar o desempenho dos desportistas<br /></strong><br />Partidas de futebol realizadas sob um calor de 35ºC com baixíssima umidade relativa do ar não é algo incomum de ocorrer no futebol nacional e também internacional. Porém, assim como a altitude apresenta efeitos maléficos para o organismo dos atletas, a temperatura e a umidade do ar também são fatores que podem impor verdadeira barreira para o rendimento físico e ainda, prejudicar a integridade física dos desportistas.<br /><br />Quando falamos em temperatura, primeiramente deveremos compreender as diversas formas como ocorrem trocas de calor entre o ser humano e o ambiente em que ele está inserido. Willmore & Costill (2001) relatam que o corpo, quando na prática de exercícios, ganha calor por diversos fatores, dentre eles encontramos o calor gerado pela contração muscular, a irradiação do solo, irradiação solar quando a prática é feita ao ar livre e assim por diante. Desta forma, os autores nos apresentam quatro mecanismos possíveis de transferência de calor, através dos quais o organismo poderá tanto ganhar como perder calor, favorecendo os mecanismos termorreguladores. São eles:<br /><br />-Condução, onde o calor é transferido a partir do contato molecular direto, por exemplo, o calor da superfície corporal em contato com as vestimentas, ou então em contato com o ar diretamente. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />-Convecção nada mais é do que a mobilização do calor através de movimentos de gases ou líquidos pela superfície aquecida, por exemplo: se o corpo do indivíduo apresenta uma temperatura superficial de aproximadamente 37ºC e nos encontramos em um ambiente com temperatura aproximada de 30ºC, o corpo irá por meio do contato molecular direto (condução) transmitir calor para o ambiente, enquanto que o ar aquecido tende a ser mobilizado para longe da superfície corporal através do processo de convecção. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />-Radiação nada mais é do que a transferência de calor por meio dos raios infravermelhos. Este é o principal método de perda de calor corporal quando o indivíduo se encontra em repouso. Se pensarmos que nosso corpo irradia calor a todo momento, e também recebe calor por irradiação daquilo que está à nossa volta, poderemos entender por que uma sala com carpete tende a ser mais aquecida do que uma sala com piso frio. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />-Evaporação é o principal método de perda de calor durante a prática desportiva. Pode-se dizer também que este é o método mais simples de ser compreendido, quanto mais eu aumento a temperatura corporal, mais eu aumento a produção de suor, sendo que o mesmo quando atinge a pele se converte do estado líquido para o estado gasoso, evaporando e auxiliando a perda de calor pelo corpo e favorecendo os mecanismos de Termorregulação.<br /><br /></font></font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Existe também a perda hídrica insensível, que é a perda hídrica que ocorre, por exemplo, quando estamos em repouso, porém não tomamos consciência da mesma. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br /></font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Depois de feita breve revisão sobre as formas de transferência de calor, poderemos tratar das adaptações fisiológicas que ocorrem com o organismo em ambientes muito úmidos ou muito secos, bem como em condições de calor extremo.<br /><br />A umidade do ambiente nada mais é do que a quantidade de partículas de água no ar ambiente, quando essa quantidade é muito baixa, durante a prática desportiva pode ocorrer o ressecamento das vias aéreas, principalmente se a atividade exigir respiração intensa, como as modalidades de endurance, além disso, pode ocorrer também o ressecamento da pele. Por outro lado, se o ambiente for demasiado úmido, a evaporação do suor é dificultada e com isso o processo de perda de calor é prejudicado, uma vez que o suor que não evapora não resfria. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />Quando a prática esportiva é feita em ambientes demasiadamente quentes o organismo do atleta, como forma de aumentar a perda de calor, aumenta a produção de suor, sendo que se não houver uma correta reposição hídrica, em casos de exercícios menos prolongados, ou uma correta reposição hidroeletrolítica, em casos de exercícios mais prolongados, o indivíduo pode entrar em desidratação, podendo perder de 2% até 8% do peso corporal. (SAWKA & PANDOLF, 1990). <br /><br /></font><font face=’Verdana’ size=’2′>Além disso, para que ocorra maior aporte sanguíneo à pele, levando o calor até a periferia para que o mesmo possa ser transferido ao ambiente, ocorre vasodilatação cutânea e, consequentemente, o fluxo sanguíneo para a musculatura ativa diminui. (WILLMORE & COSTILL, 2001). Conforme o atleta perde líquido do plasma sanguíneo ocorre diminuição do volume diastólico final, levando a uma diminuição do retorno venoso e, na tentativa de manter o mesmo débito cardíaco, ocorre aumento da freqüência cardíaca e isso é conhecido na Fisiologia do Esporte como Desvio Cardiovascular.<br /><br />Uma vez que a capacidade cardiorrespiratória depende da capacidade de captação, transporte e utilização do oxigênio pela célula muscular, e o estresse pelo calor gera diminuição do fluxo sanguíneo para o tecido muscular, podemos notar claro prejuízo da performance do atleta. (GARRETT & KIRKENDALL, 2003). </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′></font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Além desses breves prejuízos fisiológicos, outros problemas mais sérios podem ocorrer no calor, como exaustão pelo calor devido a uma queda brusca do volume sanguíneo, gerando sintomas como tontura, vômito, hipotensão arterial etc. Outro grave problema eminente pode ser a hipertermia, que nada mais é do que o aumento abrupto da temperatura corporal, gerando sintomas como calafrios e pressão pulsátil na cabeça. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />Conforme o treinamento é realizado em ambientes quentes, o organismo tende a perder calor de forma mais eficiente, em um processo chamado Aclimatação ao Calor. Dentre as adaptações da Aclimatação podemos encontrar:<br /><br />-Maior quantidade de suor em áreas mais expostas, facilitando assim a evaporação do mesmo.<br />-transpiração precoce, aumentando assim a tolerância ao calor;<br />-aumento do volume sanguíneo;<br />-diminuição do fluxo para a pele;<br />-menor freqüência cardíaca para a mesma taxa submáxima de exercício devido às duas adaptações anteriores. (WILLMORE & COSTILL, 2001).<br /><br />Dois dos mais renomados autores da Fisiologia do Esporte, Willmore e Costill, 2001 preconizam que dentro de 5 a 10 dias são suficientes para produzirem uma correta aclimatação, sendo que a intensidade deve compreender de 60 a 70% da FC máxima nos primeiros dias de treinamento, evitando assim maiores problemas.<br /><br />Por último seria interessante destacarmos a importância das vestimentas nos esportes em climas quentes. McArdle, Katch & Katch, 2003 afirmam que as vestimentas levemente úmidas apresentam maior permuta de calor do que as roupas mais secas. Desta forma não seria interessante que os atletas de qualquer modalidade esportiva, desde o tênis até o futebol, troquem o uniforme toda vez que os mesmos estiverem úmidos, pois os uniformes secos apenas prolongam o tempo entre a transpiração e o esfriamento evaporativo.<br /><br /></font><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Pode-se concluir, portanto, que os uniformes que mais prejudicam a perda de calor são aqueles do Futebol Americano, pois pela quantidade relativamente grande de vestimentas (6kg ou 7kg) as mesmas vedam aproximadamente 50% da superfície do corpo do atleta.<br /><br /></font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Nesta breve revisão pudemos verificar brevemente os efeitos maléficos sobre o rendimento esportivo do calor excessivo e das variações extremas da umidade, bem como os cuidados que devem ser tomados para amenizar a queda da performance.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Por Luis Felipe T. Polito<br /><br /></font></div><div><br /><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>BIBLIOGRAFIA<br /><br />GARRETT, W. E.; KIRKENDALL, D. T. A Ciência do Exercício e dos Esportes.<br />Porto Alegre, Artmed, 2003. 911 p.<br />SAWKA, M. N. & PANDOLF, K. B. Effects of body water loss on physiological function and exercise performance. In: GISOLFI, C. V.; LAMB, D. R. et al.<br />Perspectives in exercise science and sports medicine, vol 3: fluid<br />homeostasis during exercise, Carmel, IN: Benchmark Press, 1990: 1-38.<br />McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício:<br />energia, nutrição e desempenho humano. 5ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara<br />Koogan, 2003. 1113 p.<br />WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 2ª<br />ed. São Paulo, Manole, 2001. 709 p.</font></div><div> </div></div>