<div><span style=’COLOR: #323232′><font face=’Verdana’ size=’2′><strong>Complexo de vira-latas<br /></strong><br /></font></span></div><div><font face=’Verdana’><font size=’2′><span>O inesquecível Nelson Rodrigues dizia (não exatamente com estas palavras) nos anos dourados que o Brasil havia conseguido superar o complexo de vira-latas com a conquista da Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Pode até ser que isto de fato tenha ocorrido, mas creio que o efeito de tal "vacina" já deve estar com prazo de validade mais do que vencido.<br /><br />Os dirigentes esportivos brasileiros pensam pequeno, têm medo de propor algo mais ousado, que fuja do arroz com feijão. Não sei como seria a construção ou reforma dos estádios do paí­s visando a Copa de 2014, pois a crise financeira global certamente deve ter atingido muitas empresas que poderiam investir no Brasil. Pelo jeito os recursos terão de sair dos cofres públicos.<br /><br />Você pode me perguntar o que é "pensar pequeno". Pois bem, quando um grupo de pessoas não consegue enxergar nada além do que dois palmos na frente do próprio nariz, isto é pequenez. Tínhamos tudo para fortalecermos os clubes do paí­s, mas alguns cartolas mais preocupados com o próprio bolso (ou algum outro tipo de ambição, para não generalizar) barraram o ingresso de investidores através de uma lei absurda (não, não é a Lei Pelé).<br /><br />Na área de eventos corporativos o paí­s está muito bem servido, principalmente no eixo Rio-São Paulo. O Banco de Eventos, por exemplo, põe em prática projetos magníficos, que ajudam a alavancar as vendas de produtos de muitas empresas. É só comparecer ao Super Casas Bahia (me desculpem o merchandising) que acontece todos os finais de ano em São Paulo. Numa das edições anteriores assisti a um show da Disney maravilhoso. <br /><br />Mas, e o futebol? Por que não possui o glamour desses eventos, ou de uma corrida de Fórmula 1 ou mesmo do Carnaval carioca, que é algo mais popular? Por que temos que ter a sensação de algo "dark", cheirando a mofo quando nos dispomos a assistir a um jogo nos estádios? Cambistas, flanelinhas, brigas, sujeira, banheiros inadequados e, o que é mais triste, com nossos melhores craques no exterior. <br /><br />Será que é tão difí­cil os clubes enxergarem o "naming rights" como algo que pode representar uma fonte significativa de receita? Creio que as principais equipes do paí­s poderiam enviar representantes para ver como os americanos e europeus fizeram o esporte ser algo lucrativo. Sei que muitos clubes europeus estão endividados porque sonharam alto demais, mas peguemos apenas os pontos positivos e deixemos de lado o que não é bom para nós.<br /><br />Há pouco mais de dez anos, quando trabalhava num grande clube, o principal atacante da equipe foi negociado. Sugeri que o argentino Batistuta fosse contratado. Fui taxado como louco e optaram por um jogador que atuava no futebol brasileiro. Depois de um tempo (como o tal atacante não deu o resultado esperado) contrataram outro e, depois, mais outro. Ou seja, foram trazidos três atletas para o time num curto espaço de tempo e nenhum deles aprovou. <br /><br />É isto que eu chamo de complexo de vira-latas dos tempos atuais. Se somarmos o que foi gasto para a agremiação trazer os três jogadores, a diferença para o que poderia custar a contratação de Batistuta não seria muito grande. Isso, sem falar no retorno que o craque daria, pois a torcida teria presença maior nos jogos, o licenciamento de produtos e a venda de camisas do atacante poderiam cobrir o investimento realizado. De quebra, o clube ainda teria o "retorno" esportivo, pois se tratava de um dos maiores atacantes que surgiram nas últimas décadas.<br /><br />Por Antonio Afif<br /></span><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: #323232′>afif@universidadedofutebol.com.br</span></font></font></div>