Por Luciano Borges
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“Desse jeito, ninguém vai querer jogar no Palmeiras”. O comentário é de Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol de São Paulo. A entidade vai tentar conversar com os atletas, depois que retornarem do Rio de Janeiro, onde enfrentam o Flamengo nesta quarta-feira. “Vamos discutir uma ação em defesa do João Vítor e começar um debate para que se tomem medidas mais sérias de combate a este tipo de coisa”, disse.
Na tarde desta terça-feira, o volante palmeirense foi cercado e agredido por cerca de 20 torcedores que o encontraram na porta da loja oficial do clube. João Vítor e dois familiares foram agredidos. Uma viatura da Polícia Militar passou pelo local na hora da agressão. Os uniformizados fugiram e um deles ainda prestou queixa contra o jogador no 23º Distrito Policial.
Em conversa com o Blog do Boleiro, Martorelli – goleiro do Palmeiras na década de 80- revelou que entrou em contato com o gerente de futebol Sérgio do Prado. “Passamos nossa indignação. Vamos agora acionar a Secretaria de Segurança Pública. Estou tentando também entrar em contato com o promotor Paulo Castilho, que tem combatido a violência das torcidas organizadas”, afirmou o sindicalista.
Para que o sindicato represente João Vítor, será preciso que o atleta procure a entidade. Mesmo que ele não o faça, Martorelli quer ainda conversar com o presidente da agremiação, Arnaldo Tirone. Ele quer saber que medidas o dirigente pretende tomar para proteger os jogadores.
Ontem, os atletas se recusaram a embarcar para o Rio de Janeiro, depois de ver o estado em que ficou João Vítor. O volante, depois de agredido, seguiu para a Academia de Futebol e levou junto um parente que estava muito machucado.
A revolta do time aumentou quando o técnico Luiz Felipe Scolari tentou convencê-los a seguirem viagem. Todo mundo foi para a casa. A delegação palmeirense embarcou somente na manhã de hoje. Sem Kléber. O atacante, um dos mais irados com a falta de proteção por parte dos dirigentes, decidiu não viajar.
No dia 3 de outubro, o Blog do Boleiro revelou que Kléber acha o presidente Tirone omisso na defesa dos jogadores. Um grupo de uniformizados tinha protestado na porta do condomínio onde o centroavante mora na cidade de Osasco. “A tensão no Palmeiras passou dos limites”, avaliou o dirigente sindical.
Martorelli acha que há uma crise institucional no clube. “A sensação é de que o Palmeiras perdeu o controle. A instabilidade política do clube, com facções se digladiando, passa a imagem de que virou “Casa da Mãe Joana”. Se você entra numa casa arrumada e limpa, não vai jogar lixo no chão. Mas se a casa estiver uma bagunça, é provável que você faça isso”, disse.
Nesta quinta-feira, a diretoria do Sindicato vai se reunir para estudar como fazer deste episódio um motivo para que se discuta medidas mais amplas contra os torcedores e torcidas organizadas e violentas. “Está na hora de trazer Margaret Thatcher ao Brasil”, afirmou citando a ex-primeira ministra inglesa que – com medidas duras e legislação intolerante – baixou a quase zero o índice de violência nos estádios ingleses.
“Esta é uma discussão muito ampla, mas precisamos começar até para levar este tema ao governo federal”, falou.