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Cartolas e Globo brigam pelo Canal de Futebol

Matéria de Wagner Vilaron publicada no jornal O Estado de S. Paulo, sábado, 27 de março de 2004.

Rede de televisão e Clube dos 13 passam por racha interno que ameaça inviabilizar o projeto.

Um velho sonho dos clubes de futebol do Brasil – terem um canal de televisão – está ameaçado. A idéia, que existe desde 1997, quando o Clube dos 13 e a Rede Globo negociavam um novo contrato para a transmissão de futebol, daria aos clubes a administração da programação, que contaria com a transmissão dos principais campeonatos nacionais, e a liberdade para negociar a exibição dos jogos em todo o mundo – o que representaria a conquista de novos mercados e a captação de recursos capazes de tirar do vermelho o futebol brasileiro.

Porém o projeto do Canal de Futebol, sob a alegação de que o custo de produção é alto (cerca de US$2,5 milhões/ano) acabou engavetado por Marcelo Campos Pinto, representante da Globo Esportes, braço da emissora carioca responsável pela negociação com os clubes.

Inconformados, cartolas do Clube dos 13 se aproximaram da empresa de marketing esportivo Sport Promotion que, por sua vez, se associou a produtora de TV Casablanca (que faz novelas para a TV Record) e iniciaram estudos para viabilizar o projeto. A história provocou mal-estar na Globo. Recentemente, o diretor-geral, Otávio Florisbal, esteve reunido com representantes de clubes. No encontro deixou claro que a emissora não abre mão do projeto. Detalhe: Campos Pinto não foi convidado para a conversa.

Conflito Interno – Enquanto Globo e Sport Promotion realizam estudos próprios sobre o assunto, algumas divergências entre os clubes também ameaçam a idéia. Corinthians, Flamengo e São Paulo, por exemplo, se recusam a assinar a autorização para criação do canal enquanto não forem definidos os critérios de partilha das receitas.

Os três defendem a proporcionalidade. Ou seja, o clube receberia de acordo com sua exposição. Aliás, proposta idêntica apresentada para o pay-per-view do Brasileirão. O formato desagrada aos médios e pequenos. "Na Itália o dinheiro é concentrado entre os cinco maiores e impede o crescimento dos demais", explicou o diretor do C13, Mauro Holzmann. "Primeiro precisamos pensar em como tornar o bolo uma realidade. Não adianta pensar na divisão se ela ainda não existe."

Para o vice-presidente de Futebol do Corinthians, Antônio Roque Citadini, o aval alvinegro não sairá enquanto o clube não for informado sobre os critérios de distribuição. "A cota do Corinthians é 20% maior, por exemplo, do que a do Bahia. Agora, veja o que a Globo tem de audiência e o que se vende de pay-per-view dos dois clubes e veja se é justo esse formato", rebateu o dirigente.

<span Class="subtit">COMO FUNCIONA A DIVISÃO DO "BOLO" DA TV:</span>

<span Class="subtit">No Brasil</span>
A Globo pagou na última revisão do contrato US$ 70 milhões (cerca de R$200 milhões) ao Clube dos 13 pelo direito de transmissão. Os clubes são divididos em grupos (A, B e C), com cotas predefinidas. Exemplo: no "A" estão os de maior torcida – Corinthians, Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Vasco. Cada um recebe o equivalente a 6,36% do total, ou seja, R$12,7 milhões.

<span Class="subtit">Na Itália</span>
A receita da TV prioriza os cinco clubes mais tradicionais. Juventus, Inter, Milan, Roma, Lazio ficam com 90% do dinheiro. Entre cotas de televisão e contratos de publicidade, essas equipes chegam a faturar US$160 milhões (R$465 milhões) por temporada.

<span Class="subtit">Na Inglaterra</span>
Os ingleses dividem metade da receita de TV igualmente entre todos os clubes da Premiere League. Outros 25% são distribuídos de acordo com a classificação de cada time e os demais 25% proporcionais ao número de partidas transmitidas na temporada. Em 2001/2002, o Manchester United, campeão, ficou com 37,23 milhões de euros (R$148 milhões), enquanto o Leicester City, último, arrecadou 15,62 milhões de euros (R$62 milhões)

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