<div>Por Francisco Góes </div><div>Valor Econômico, 07/12/2010 </div><div> </div><div>Os clubes de futebol no Brasil estão aumentando as receitas, mas continuam a registrar perdas financeiras, com algumas exceções. Em 2009, os 20 clubes com maior geração de caixa no país somaram receita consolidada de R$ 1,57 bilhão, alta de 91% em relação aos R$ 821 milhões de 2003. No acumulado de 2004 a 2009, esses 20 clubes registraram, porém, déficits de R$ 1,2 bilhão como resultado do aumento constante de despesas e de dívidas com o governo federal.</div><div> </div><div>Os dados fazem parte de um estudo da Crowe Horwath RCS. O trabalho mostra que nos últimos dois anos (2008 e 2009) os déficits acumulados dos clubes somaram R$ 760,7 milhões, 60% do valor total registrado desde 2004. Apesar disso, o déficit conjunto registrado pelos clubes caiu de R$ 481,8 milhões em 2008 para R$ 278,9 milhões no ano passado, melhora de 42%. A adesão à Timemania, loteria criada pelo governo federal para injetar recursos nos clubes, teve impacto negativo nas despesas dessas instituições em 2007 e 2008, diz a consultoria. Com a adesão à Timemania, os clubes se comprometeram a quitar dívidas com a União.</div><div> </div><div>Amir Somoggi, diretor da Esporte Total, consultoria em gestão esportiva da Crowe Horwath RCS, disse que não é possível prever o déficit dos clubes em 2010 uma vez que será preciso esperar a publicação dos balanços contábeis. Poucos são os clubes brasileiros que publicam balanços trimestrais. Um deles é o Fluminense, o campeão brasileiro de 2010, cuja situação financeira é delicada. O clube tem a maior dívida do Brasil, segundo a Crowe Horwath RCS, e um patrimônio negativo de R$ 80,7 milhões, de acordo com os números do balancete de setembro deste ano.</div><div> </div><div>Nos últimos dois anos, só dois clubes tiveram superávits acumulados: o Corinthians, com R$ 16,7 milhões, e o São Paulo, com R$ 2,7 milhões. O Corinthians, que publica balanços mensais, conseguiu transformar um longo histórico de perdas em ganhos nos últimos dois anos ao garantir um crescimento da receita acima da despesa, diz Somoggi. No período 2004-2009, quatro clubes apresentaram superávits acumulados: Atlético Paranaense, com R$ 35,3 milhões; São Paulo, com R$ 10,9 milhões; Internacional, com R$ 7,7 milhões; e o São Caetano, com R$ 3,6 milhões.</div><div> </div><div>A consultoria também projeta crescimento para o mercado brasileiro de futebol considerando não só os 20 clubes de maior receita, mas um total de 100 clubes. A previsão é de que o mercado como um todo movimente mais de R$ 2,1 bilhões em 2010, 10,5% acima do R$ 1,9 bilhão de 2009. Os 20 maiores clubes em receita respondem por 81% do mercado, diz Somoggi. Para 2014, a expectativa é de que o mercado futebolístico brasileiro supere os R$ 3 bilhões em receitas. O número, se confirmado, vai representar crescimento de 276% em sete anos. Até 2016 a previsão é que o mercado brasileiro supere os R$ 3,3 bilhões em recursos.</div><div> </div><div>Os números incluem receitas com bilheterias, patrocínio e publicidade, cotas de TV, atividades sociais e de esporte amador e transferência de atletas, além de outros recursos. Para Sommogi, os clubes deveriam repensar a forma sobre como montam os orçamentos. O ideal, segundo ele, é excluir dos orçamentos as transferências futuras de jogadores. Assim se trabalharia com uma expectativa de superávit mais realista, que poderia ser ainda maior caso as transferências viessem de fato a se confirmar.</div><div> </div><div><strong>Rombo gigantesco</strong></div><div>Superávits e déficits acumulados de 2004 a 2009 dos 20 maiores clubes*[</div><div> </div><div><strong>Clubes / Resultado (em R$ milhões)</strong></div><div> </div><div>Atlético (PR), 35.282</div><div align=’left’>São Paulo, 10.947</div><div align=’left’>Internacional, 7.713</div><div align=’left’>São Caetano, 3.649</div><div align=’left’>Figueirense, – 6.855</div><div align=’left’>Coritiba, – 12.551</div><div align=’left’>Paraná Clube, - 18.205</div><div align=’left’>Portuguesa, - 22.241</div><div align=’left’>Goiás, - 31.222</div><div align=’left’>Corinthians, - 34.185</div><div align=’left’>Grêmio, - 35.118</div><div align=’left’>Botafogo, - 43.485</div><div align=’left’>Cruzeiro, - 44.040</div><div align=’left’>Santos, - 54.714</div><div align=’left’>Ponte Preta, - 59.333</div><div align=’left’>Flamengo, - 104.991</div><div align=’left’>Palmeiras, - 108.382</div><div align=’left’>Atlético – MG, - 166.227</div><div align=’left’>Fluminense, - 238.314</div><div align=’left’>Vasco da Gama, - 344.505</div><div align=’center’> </div><div>Fonte: Análise Crowe Horwath RCS, * Em receita</div><div> </div>