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COLUNA: Cada supersticioso com sua mania…

Todos nós, goleiros, temos manias e superstições. Eu tinha e mantinha as minhas. Duas delas me acompanharam até meus últimos momentos como profissional fazendo parte do meu ritual pré-jogo. 
 
Ficava sempre por último a descer do ônibus que nos levava ao Estádio. Só ‘aceitava’ e admitia sair antes do motorista, até por que ele era o responsável por estacionar e fechar o mesmo. A outra era ser o último a entrar em campo. Quando a equipe adentrava o gramado para saldar a torcida, meus companheiros, já acostumados com isso, sequer notavam, ou se conformaram com esse protocolo que eu mantinha. 
 
Numa dessas equipes que defendi, um engraçadinho se escondeu lá no fundo sem que eu percebesse. Desci e me deparei com alguns outros atletas, próximos, caindo na gargalhada, me sacanearam. Era minha quarta ou quinta partida por essa equipe. Coincidência ou não, estávamos invictos na competição. 
 
Muitos deles ainda estava conhecendo, outros eram antigos adversários, mas como estávamos defendendo a mesma camisa, esperava que pelo menos respeitassem minhas “manias”, assim como sempre respeitei a de todos que tive como companheiro.
 
Afinal, cada qual com seu cada um!  
 
E olha que tinha cada uma mais estranha e escabrosa que a outra, mas essas ficam pra outra ocasião…                                                                                                                
Voltando à cena, todos perceberam que eu estava bravo, monossilábico e diferente enquanto me preparava para o aquecimento. Quem não sabia do ocorrido, acabou percebendo pelas indiretas que o “espírito de porco”, insistia em berrar, pra que todos escutassem. 
 
Na oração, me deram a palavra e apenas devolvi, desejando bom jogo a todos sem me alongar. Quanto a entrar em campo, nunca tive problema. Até porque na boca do túnel era mais fácil se certificar que os outros dez já ‘saíram correndo’ em direção ao círculo central…
 
Depois de um jogo muito disputado, voltamos derrotados ao vestiário. Com todos reunidos para a oração após o jogo, “ELE” pediu a palavra se desculpando pelo ocorrido. Expliquei que isso não tinha nada a ver com ganhar, perder ou empatar, que não assegurava ou garantia o resultado, mas era questão de respeito, para com seu companheiro. Só sei que ele ficou com um sentimento de culpa tão grande, que passou a semana seguinte me confortando e se desculpando. A partir daí, ele ficava vigiando e cuidando para que tudo ‘desse certo’.   

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