<div><font face=’Verdana’ size=’2′>A semana passada foi marcada por interessante encontro dos grandes forças do futebol paulista. Nela foi feita uma apresentação do presidente da SE Palmeiras Luiz Gonzaga Beluzzo, prestigiado professor em economia, que dizia respeito às condições financeiras atuais dos clubes e sua forma de manutenção futura.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Belluzo propõe que as receitas dos clubes sejam adequadas às despesas e previu que a continuidade da situação atual levará o futebol brasileiro ao caos definitivo. Atacou, como ponto principal, os altos salários pagos pelos clubes e propôs uma postura distinta no que diz respeito às contratações dos futebolistas e que fosse estabelecido, num acordo de cavalheiros, um teto salarial.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Esta questão em particular suscita algumas considerações importantes.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Primeiro, a assunção por parte dos dirigentes de uma postura que vimos combatendo há muito tempo: a irresponsabilidade na gestão financeira que vem fragilizando mais e mais o futebol como um todo nos tornando reféns de ações de predadores perigosos. Talvez a mais moderna versão seja materializada em forma de empresas de investidores, que nada mais são elementos que se aproveitaram dessa irresponsabilidade e da pífia situação econômica dos clubes para desenvolverem seus “negócios” sempre muito, demasiadamente, benéficos para eles em total detrimento ao desenvolvimento esportivo.<br /> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Outro resultado dessa ação historicamente irresponsável é uma péssima condução na negociação dos direitos de TV que sempre terminam em valores aquém do real por estarem eles, os clubes, em permanente débito com a emissora que detém, também perenemte, os direitos adquiridos a mais de uma década. E se assim se mantêm é porque vivem de adiantamento – única fonte de desafogo, ás vezes de até três anos, de cotas que têm direito de receber pela cessão de sua imagem futebolística. </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>E por que sempre debatemos esta postura ocasional? Porque para tentar restabelecer a vida financeira os clubes estão sempre preocupados em criar travas para a vida profissional dos atletas. O “passe”, que sempre chamei de muleta financeira dos clubes, quando a situação estava ruim, ou melhor quando a situação estava péssima, pois ruim quase sempre está (e acredito que não seja mais necessário explicar o por quê) bastava “vender” alguns jogadores que haviam surgido gratuitamente, tão somente pela habilidade nata do brasileiro, e já estava “contornada” a situação. </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Atualmente, apelam para a tentativa de unilateralidade de uma cláusula de rescisão – cláusula penal desportiva – que extrapola o senso de razoabilidade e demonstra claramente que querem continuar manter a bagunça que foi institucionalizada nesse longo período de vida esportiva. E o pior de tudo isso é que o Tribunal Superior do Trabalho tende a aceitar tal medida, é lógico, fruto de um lobby pernicioso que põe em cheque a democracia em nosso Estado de Direito, mas essa é uma questão para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) resolverem. </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Outra consideração interessante e mal interpretada pela mídia diz respeito à redução dos atuais salários dos atletas. Pareceu-me que a sugestão do professor Beluzzo se limitava às novas contratações, que defende ele, terem valores compatíveis com a receita adquirida, até aí não vejo problema, muito ao contrário, é necessário para a melhora de todo o esporte. </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>É necessário dizer aos incautos que a redução salarial só é possível legalmente, caso haja uma negociação com o sindicato, que a princípio está totalmente descartada e só será possível se os atletas, como sindicalizados, propuserem uma assembléia que trate do tema. Essa iniciativa jamais partirá de nossa entidade, visto que ainda não definimos a prevenção e coibição da falta de pagamentos de salários – tentamos há anos, então, não há motivo para nos ocuparmos com uma matéria que reputamos estar vários anos de distancia de nossa realidade.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Mas, uma notícia nesse final de semana dá o tom de nossa triste realidade, a contratação do técnico Wanderley Luxemburgo pelo Santos FC, É mais do que sabido quanto os clubes que o contratam despendem para manter a ele e sua comissão técnica. E aqui nem é o caso de entrar no mérito de seu merecimento, mas, puramente de ilustrar a irresponsabilidade reinante.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Embora saibamos que os clubes somente se unem quando o tema requer que se “defendam” contra a liberdade dos atletas profissionais e que nos demais assuntos nunca se entendem, esperamos que a proposta do professor Beluzzo, seja por arejamento mental, seja por necessidade vital, encontre algum eco e possa ser o inicio de uma caminhada voltada a um quadro de responsabilização e conseqüente desenvolvimento futebolístico. Só desta forma enxergamos uma possibilidade de redenção.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Espero que seja essa uma luz de verdade no fim do túnel. </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Rinaldo Martorelli</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Presidente do Sapesp</font> </div>