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DÍVIDA DOS 12 MAIORES CLUBES CRESCEU PERTO DA INFLAÇÃO

Prestação de contas desses clubes mostra um débito total de R$ 1,299 bilhão.
Desde que passaram a publicar balanços, em 2002, os 12 maiores clubes brasileiros mantiveram suas dívidas estáveis, na média. Levantamento do EsporteBizz em cima da prestação de contas desses clubes mostra um débito de R$ 1,299 bilhão. O valor é cerca de 20% superior ao de 2002 – enquanto a inflação no período foi de 22,2%, segundo o IGP-M da FGV.
O site analisou os balanços de Atlético-MG, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.
Há uma explicação para o fenômeno: boa parte dos clubes reduziu despesas e aumentou receitas. Desta forma, em 2004, seis dos 12 clubes obtiveram superávits. Em 2002, todos tiveram déficit, com exceção do Cruzeiro que quase sempre fecha no azul.
Se o rombo caiu, parte se deve a uma medida polêmica. No ano passado, só o Flamengo cortou parte significativa da dívida (R$ 17,2 milhões), e a redução foi obtida graças à exclusão de processo da Pelé Sports contra o clube, medida questionada pelos auditores do clube.Outros três clubes reduziram seus débitos (Inter, Santos e Vasco).
A maior das diminuições foi do Vasco de 2,5%.Além disso, nove dos 12 clubes não têm liquidez, ou seja, não têm dinheiro para pagar suas dívidas que vencem em curto prazo.
Apenas Corinthians, Cruzeiro e Palmeiras têm como quitar débitos que vencem neste ano.
– Clubes como Botafogo, Fluminense estão insolventes. Se fossem empresas, estariam falidos – disse o consultor Carlos Aragaki, da empresa Casual, que auditou o balanço do Conrinthians.
A situação dos clubes cariocas continua pior do que a dos outros. Três dos quatro clubes do Rio (Botafogo, Flamengo e Fluminense) têm patrimônio líquido negativo: as dívidas valem mais do que seus bens. O Inter vive a mesma situação.
O Atlético-MG só fugiu do patrimônio negativo porque reajustaram os valores de seus bens. Outros clubes reavaliaram seus bens.
Destacam-se os desempenhos financeiros do Cruzeiro (acumula superávits), do São Paulo (sempre a maior receita) e do Palmeiras (a menor dívida). Mesmo esses clubes dependem da negociação de jogadores para fechar no azul. Mas a publicação de balanços parece ter tido efeito positivo sobre todos.

Dívida dos 12 maiores clubes cresceu perto da inflação

Dívidas clube a clube

Atlético-MG: A dívida cresceu R$ 25,8 milhões por causa de empréstimos e de gastos. O Galo foi excluído do Refis, mas recorreu.

Botafogo: Teve maior aumento de dívida. A diretoria alega que eram débitos pré-existentes, que foram descobertos no período.

Corinthians: Seu déficit foi evitado por resultados não-operacionais que geraram superávit.

Cruzeiro: Tem superávit acumulado de R$ 11 milhões. Sua dívida cresceu por comprar atletas.

Flamengo: Reduziu as despesas, entre elas a folha salarial, o que gerou um superávit.

Fluminense: Também diminuiu despesas, mas a dívida cresceu em quase R$ 10 milhões.

Grêmio: Aumentou seu déficit, por causa de empréstimos. Tem baixa liquidez.

Internacional: Dobrou as receitas com Daniel Carvalho e Nilmar, mas reduziu pouco as dívidas.

Palmeiras: A venda de Vágner Love aumentou sua receita. Manteve despesas em baixa.

Santos: Dobrou as receitas, mas reduziu pouco a dívida. Tem patrimônio positivo porque contabiliza cláusula penal como ativo.

São Paulo: Sua receita com jogadores caiu 45%, mas cresceu em outros setores, como TV. Teve déficit, mas está equilibrado.

Vasco: Amortizou R$ 53,1 milhões em passes, o que gerou déficit. Reduziu bastante as despesas.
Balanços ainda têm problemas na contabilização, segundo especialistas

A pesar da melhora nos números financeiros dos clubes, ainda há problemas na apresentação das suas prestações de contas.

Dois especialistas apontaram irregularidades em alguns dos balanços dos 12 maiores clubes brasileiros. Em 2005, todos terão de estar adaptados à norma 10.22 do Conselho Federal de Contabilidade, que será fixada em lei, ou haverá punições a contadores e dirigentes.

– Quase todos os balanços apresentam ressalvas dos auditores, o que indica alguns problemas – disse o membro do Conselho Federal de Contabilidade José Antônio Godoi.

Um exemplo é o Flamengo, que retirou dívida de R$ 22 milhões com a Pelé Sports de seu balanço. No balanço, o auditor diz não obteve respostas sobre alguns processos, por isso, não pode confirmava a contabilização de processos cíveis.

– A nossa avaliação é de que estamos em situação confortável no processo – disse Adalberto Ribeiro, vice jurídico do Fla.

Há casos em que não foi publicado o parecer dos auditores independentes, como no Botafogo. No balanço, o clube só diz que a BDO Trevisan Auditores verificou as contas. O Botafogo tem alegado que a Trevisan ainda analisa a correção de todos os dados do clube por falta de documentos da gestão passada.

– Sem o parecer, não há como avaliar se o que está dito tem sustentação – disse o especialista em balanço Carlos Aragaki.

Godoi disse que a falta de parecer é passível de punição. O balanço do Vasco também foi alvo de questionamento do diretores do CRC do Rio, que apontou erros num cálculo que reduz a dívida. A diretoria do Vasco tem negado os erros.

No Santos, o problema é a contabilização dos contratos como ativos, o que é condenado pelas normas do CFC. O Inter publicou seu balanço só nos dias 25 e 26 de maio, após o limite de 30 de abril.

– Há um vácuo de regras – justificou Dagoberto Lopes, do Santos.

Carlos Aragaki aponta falta de transparência em alguns balanços.

Clubes se salvam com transferências

A negociação de jogadores ainda é essencial para as contas dos clubes Todos os clubes que tiveram receitas acima de R$ 60 milhões no ano passado venderam atletas de renome para obter esses números.

O Inter vendeu Daniel Carvalho e Nilmar. Com isso, suas receitas chegaram a R$ 63,3 milhões. Foi mais do que o dobro dos R$ 29 milhões que ganhou em 2003.

No Santos, a receita chegou a R$ 69,3 milhões graças à parte dos pagamentos por Elano e Diego.

– Estamos tentando diversificar com outras receitas, como licenciamento de produtos e novos patrocínios – disse Dagoberto Lopes, do Santos, que admitiu que ainda há um peso das transferências.

No São Paulo, a renda com transferências caiu de R$ 40 milhões para R$ 22 milhões.

– Somos o clube que mais exporta no mundo, segundo revista inglesa. Mas reinvestimos – disse José Lopes, diretor do Tricolor.

Entrevista com José Antônio Godoi, integrante do Conselho Federal de Contabilidade

Membro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), José Antônio Godoi coordenou a elaboração das normas para padronizar balanços dos clubes.

1- Como foram feitas as normas sobre balanço? A partir de quando valerão?
R: Os clubes foram chamados a discutir as normas. Com exceção de alguns, eles disseram podem cumpri-las. Finalizadas no ano passado, as normas só passam a valer para os balanços de 2005.

Vamos começar a fiscalizar em janeiro do próximo ano.

2- Quais são as punições para quem não cumpri-las?
R: No Conselho, quem pode ser punido é o contador. Cabe a ele não assinar o balanço se houver discordâncias. Os clubes poderão estar desrespeitando a lei (Lei Pelé), que estabelece punições. Isso quem vai cuidar é a Justiça.

3- Como os clubes devem contabilizar as cláusulas penais dos jogadores? Podem ser registrados como ativo (como fez o Santos)?
R: Essa multa não tem que ser registrada como ativo do clube. O que tem de fazer é registrar o custo de formação como investimento (ativo). Depois, a cada ano, o clube analisa qual o futuro do atleta. Se ele for negociado, então pode ser amortizado o valor do custo.

4- Como tem sido a atuação dos Conselhos Regionais de Contabilidade na fiscalização nos estados?
R: É meio irregular. No Rio, o CRC tem atuado bastante, em cima dos clubes. Mas em outros lugares isso ainda não chegou. Cada conselho enfatiza uma área de trabalho.

Jornal Lance! (1º/06/05)
Por Rodrigo Mattos

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