O presidente do Serrano, clube da cidade de Vitória da Conquista que disputa a Primeira Divisão do Campeonato Baiano, foi banido do futebol, acusado de oferecer dinheiro a jogadores do Juazeiro para que o time ganhasse do Camaçari durante o estadual – a popular “mala branca”. Além do afastamento do esporte, o dirigente Herbert Silva Andrade Júnior terá que pagar uma multa de R$ 6 mil – mesmo valor do incentivo oferecido – de acordo com a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva.
O julgamento, em segunda instância, ocorreu nesta terça-feira em Salvador. Na primeira instância, o cartola havia sido inocentado. No entanto, a Procuradoria da Federação Bahiana de Futebol recorreu da decisão. Por 5 votos a 2, o Pleno do TJD decidiu condenar o dirigente. De acordo com o secretário do órgão, Roberto Araújo, este é o primeiro caso de condenação de dirigente por prática da mala branca no futebol brasileiro.
A decisão ainda cabe recurso, mas, como ocorreu em segunda instância no Tribunal baiano( Câmara e Pleno), o próximo passo da defesa é recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
O caso teve início após uma entrevista do presidente do Juazeiro, Eládio Magalhães, ao site baiano Galáticos Online. A declaração foi feita logo após o término da primeira fase do Campeonato Baiano. Segundo Eládio, o presidente do Serrano, Herbert Andrade, teria oferecido R$ 6 mil de “incentivo” para o Juazeiro vencer o Camaçari na última rodada da primeira fase do torneio estadual. No mesmo dia, o Serrano perdeu para o Bahia por 1 a 0. O time do interior se classificaria para a segunda fase mesmo a derrota, desde que o Camaçari não vencesse o Juazeiro.
– Oficialmente, o presidente do Serrano nos procurou para oferecer uma gratificação pela vitória ou pelo empate. Achei uma atitude decente, porque ele procurou a diretoria do Juazeiro. Nós o levamos no vestiário para ele se comprometer com os atletas e garantir que, no resultado de empate ou vitória, estaria ali com o dinheiro para dar a gratificação – disse Eládio Magalhães ao site baiano.
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O time juazeirense, que não tinha mais chances de classificação na disputa, segurou o empate e garantiu a classificação do Serrano. No entanto, de acordo com o TJD, o pagamento da mala branca não chegou a ser efetivado. Mesmo assim, o Tribunal entendeu que apenas a promessa já se configura como irregularidade, com base no artigo 242 (dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa […] para que, de qualquer modo, influencie o resultado de partida) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O Serrano chegou às semifinais do Campeonato Baiano e terminou a competição na quarta posição.
De acordo com o secretário do TJD, Roberto Araújo a defesa alegou que a situação não se configurava como mala branca, uma vez que o dinheiro não teria sido oferecido aos jogadores.
– A alegação foi de que a promessa foi feita ao presidente do clube e não aos atletas. Segundo as duas partes – presidentes do Juazeiro e do Serrano – o pagamento não chegou a ser feito.
Dirigente foi acusado por outra ‘mala branca’
Apesar de punido por oferecer dinheiro ao Juazeiro, o presidente do Serrano, Herbert Silva Andrade, chegou a ser acusado de uma segunda mala branca no mesmo campeonato. No entanto, o caso não foi analisado pela Justiça Desportiva.
A diretoria do Vitória da Conquista, clube da cidade da mesma cidade que o Serrano, também acusou o rival de oferecer dinheiro a seus jogadores. No entanto, o Serrano negou a acusação através de nota no seu site oficial.
– Inconformado com a ascensão do Serrano à Série A do Baianão e, posteriormente, a classificação para as quartas de final, o presidente do ECPP Vitória da Conquista, leva a rivalidade, que deveria ficar entre as quatro linhas, para fora de campo. De maneira irresponsável e leviana, o presidente do ECPP divulgou nota no site do seu clube acusando o Serrano de oferecer mala branca à sua agremiação. Fato este que nunca aconteceu – informava a nota.
Uma vergonha para o futebol brasileiro.
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