Por Eugenio Goussinsky
Site Cidade do Futebol
O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo está de fora do litígio do atacante Robinho com o Santos. Mas não por vontade própria. O jogador, até agora, não procurou seus dirigentes. Nesses casos particulares, a entidade ajuda apenas aqueles que requisitam seus serviços.
Nem por isso, a instituição deixou de acompanhar o caso à distância. Para o presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, a situação resume de certa maneira o que ocorre em vários clubes do Brasil, com jogadores não tão renomados como Robinho. "Há um contexto que temos analisado e que nos interessa. Trata-se de um momento ótimo para mudar os rumos das relações entre clubes e jogadores", observou Martorelli, um defensor da implantação da Lei Pelé, que extinguiu o passe no futebol.
Na opinião de Martorelli, o Santos está agindo dentro do seu direito, seguindo o contrato, que estabelece uma multa de US$ 50 milhões de dólares em caso de rescisão unilateral, como foi pedida por Robinho para se transferir para o Real Madrid. Mas até agora o clube espanhol se prontificou a pagar US$ 30 milhões, o que não foi aceito pelo presidente do Santos, Marcelo Teixeira.
Martorelli, entretanto, ressalta que, se o clube exige seus direitos, também deve cumprir seus deveres no momento de rescindir um contrato por conta própria. E isso, segundo ele, não está sendo feito pelo clube santista.
Santos não pagou suas multas
"Sou totalmente a favor do cumprimento do contrato. Por outro lado, o clube não pode, na hora que quiser, mandar embora o jogador e não cumprir sua parte. O Santos mandou embora o Márcio Santos, o Rincón, o Edmundo, o Carlos Germano e outros, sem pagar multa. Eles ganharam na Justiça, mas isso demora a ser pago. Se o Santos exige o pagamento correto do Rela Madrid, deveria também fazer o pagamento rápido para esses jogadores. Isso vale também para outros clubes do Brasil", observou Martorelli.
Ele acredita ainda que o caso Robinho não está sendo bem conduzido pelo procurador do jogador, Wágner Ribeiro. O jogador parou de treinar pelo Santos, clube com quem ainda tem contrato. "Se eu fosse o procurador, o Robinho continuaria treinando e jogando. O jogador não pode sair prejudicado. Ele já não deverá ser convocado para a seleção, pois está parado. E quando voltar, leva tempo para recuperar a forma", observou.
Para Martorelli, a situação poderia ser resolvida caso as três partes se sentassem para negociar. "Até agora não vi ninguém conversar. Através de recados fica difícil de se resolver", comentou o sindicalista, que se colocuo à disposição de Robinho.
"Até agora ele não nos procurou. Mas estamos abertos para tentar ajudá-lo", disse. Martorelli observou ainda que o papel do procurador dos jogadores poderia muito bem ser exercido pelo sindicato, de forma gratuita, ou seja, sem que a instituição ficasse com as procentagens das transações. "Quem é sócio tem direito a esse trabalho. Temos experiência em transações, informamos os atletas sobre as condições de vida, os impostos dos países, damos total assistência. Não vejo procuradores fazendo isso.
No fim, fez um desabafo. "Os jogadores desprezam esse serviço de bobeira. Tenho certeza de que é por causa da nossa postura de pai, em casos individuais. Do mesmo modo que brigamos pelos jogadores, dizemos o que ele não deve fazer. A maioria dos procuradores passa a mão na cabeça deles. É mais fácil ir a festas do que fazer o que deve ser feito", destacou.