<span style=’COLOR: #333333′><div><font size=’2′ face=’Verdana’>O patrocínio da CBF ao congresso de delegados da Polícia Federal não é um fato isolado nas relações de órgãos do governo com a poderosa instituição do futebol nacional.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>É, apenas, mais um capítulo na intimidade entre poderes distintos que deveriam ser distantes. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>O patrocínio é, enfim, a evolução de uma política de intimidades que começou pelo Palácio do Planalto. O fato eu contei numa reportagem, publicada no Correio Braziliense, em 26 de setembro de 2004. O trabalho foi realizado junto com minha então colega de redação, Helayne Boaventura, da Editoria de Política, sob o título:</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Lula Futebol Clube</font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Em resumo é o seguinte:</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>De um lado, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, precisava “limpar a barra” junto ao Palácio do Planalto. Com as denúncias de irregularidades identificadas no futebol nacional pelas CPIs do Senado e da Câmara, o então presidente Fernando Henrique Cardoso fechou as portas do Executivo aos cartolas em geral.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Novos tempos</font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Em 2003, Lula chegou ao poder. Corintiano apaixonado, ex-torcedor de arquibancada, ele via na Seleção Brasileira um valorizado cartão postal para promover o Brasil no exterior em “jogos de paz”. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Para tanto, era preciso promover a aproximação entre a CBF e o Palácio do Planalto. O escalado para o trabalho foi o então ministro do Esporte, Agnelo Queiroz . </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>No Rio de Janeiro, o ex-diretor do Jornal do Brasil, José Antônio do Nascimento Brito, promoveu um jantar, facilitando o encontro de Agnelo com João Havelange, quando os ponteiros foram acertados. Desde então, o caminho do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ficou aberto para transitar pelos poderes da capital da República.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Interesses mútuos<br /><br /></font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Políticos próximos do presidente Lula garantem que a aproximação entre Lula e Ricardo Teixeira tem objetivos comuns e faz parte de uma estratégia maior.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Usando a Seleção Brasileira para promover “jogos da paz”, como ocorreu no Haiti, em 2004, e o prestígio do nosso futebol no exterior Lula acumularia dividendos para, somados a outras ações sociais no exterior, se tornar candidato ao Prêmio Nobel da Paz. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Ricardo Teixeira, por sua vez, ganharia apoio político do então internacional Lula para se candidatar à presidência da Fifa.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Sustentação</font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>A ação palaciana teria valioso instrumento de sustentação: usar o projeto Pintando a Liberdade para distribuir material esportivo a países pobres, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>O material – bolas, em geral, redes, bolsas, agasalhos etc – é produzido por presidiários, num bem bolado trabalho integrado entre os ministérios da Justiça e Esporte. Para cada três dias de trabalho, o presidiário ganha o abono de um dia em sua pena.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Eis a estratégia, o que facilita entender porque Congresso Nacional, TCU, Palácio do Planalto, Polícia Federal, enfim, se tornaram íntimas da CBF. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Cronologia da troca de favores</font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>2003<br /></font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Janeiro</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Agnelo se encontra com João Havelange para acertar encontro entre Lula e Ricardo Teixeira</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Fevereiro</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Jogadores da Seleção Brasileira vestem a camisa do programa Fome Zero no amistoso com a China (0 x 0). </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Agnelo dá o ponta-pé inicial no amistoso entre Santos em São Paulo, na Vila Belmiro.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Maio</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># O presidente Lula sanciona a Medida Provisória n. 79, a Lei de Moralização do Futebol (Estatuto do Torcedor). Veta, porém, o artigo que previa fiscalizar atos dos cartolas pelo Ministério Público.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Setembro</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Agnelo, ainda como ministro do Esporte, participa com Ricardo Teixeira de um churrasco, no Rio, comemorativo à conquista do título de campeã mundial pela Seleção Sul-17.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Agnelo viaja no mesmo avião da delegação da CBF, logo após o jogo em Manaus, Brasil 1 x 0 Equador, pelas eliminatórias da Copa do Mundo.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Outubro</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># CBF determina que jogos pelo Campeonato Brasileiro arrecadassem alimentos para o programa Fome Zero.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>2004<br /></font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Fevereiro</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># No jogo da Seleção Brasileira com a Irlanda, em Dublin (0x0), Seleção Brasileira entra em campo com faixa divulgando a campanha Fome Zero.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Julho</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Depois da vitória da Seleção Brasileira sobre a Argentina (2 x 0),pela Copa América, Agnelo perfilou-se ao lado dos jogadores e acabou sendo homenageado com uma medalha de campeão. No extremo da fila, o jogador Luizão ficou sem a sua medalha.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Agosto</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Seleção Brasileira faz jogo pela paz no Haiti, com a presença do presidente Lula, sacramentando a aproximação com Ricardo Teixeira. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>A partir de 2005</font></strong><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’># Doação de material esportivo para países da América Central e África. A mais recente remessa foi para o Haiti. Confiram notícia divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores:</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>“A Embaixada do Brasil no Haiti e o o Batalhão Brasileiro da Força de Paz promoveram a doação de bolas para realização de atividades esportivas na colônia de férias em Cité de Soleil, bairro de Porto Príncipe”. A iniciativa ocorreu no dia 12 de agosto de 2009. </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>O material foi enviado pelo Ministério do Esporte e produzido pelo Projeto "Pintando a Liberdade”. Além da doação, o Contingente garantiu o fornecimento de água potável e leite em pó durante a realização do evento. O COH (Comitê Olímpico Haitiano) também foi apoiado por integrantes da Engenharia Militar, que executaram reparos nas estruturas esportivas utilizadas.”</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><strong><font size=’2′ face=’Verdana’>Errei </font></strong></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Cometi um erro de digitação e apaguei a mensagem anterior, publicada no sábado, em que comentava a notícia de Juca Kfouri: “CBF patrocinará o Congresso Nacional de Delegados da Polícia Federal.”</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Desculpem a minha falha técnica, e, para náo ficar em débito, repito a nota.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Em resumo, eu criticava essa aproximação.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Em 2001, durante as CPIs da CBF Nike (na Câmara dos Deputados), e a do Futebol, no Senado, policiais federais integraram um espetacular grupo de apoio aos parlamentares, ao lado de técnicos do Banco Central, do TCU, do Ministério Público e do próprio Congresso. Eles cumpriram ações para a quebra de sigilo bancário e fiscal da CBF, à época acusada de várias irregularidades.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Agora, patrocinados pela entidade maior do futebol, que isenção terá a PF para cumprir, se preciso, futuras missões na Casa do Futebol?</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Essa aproximação, por sinal, é mais uma de Ricardo Teixeira, que abraça, assim, os poderes da República, a partir do Palácio do Planalto, como contamos acima.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Depois, foi a vez do Congresso Nacional, patrocinando parlamentares importantes nas tomadas de decisões legislativas.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>E, finalmente, o próprio Tribunal de Contas. Lembram que o ex-ministro Marcos Vilaça chefiou uma delegação da Seleção Brasileiro em jogo no exterior, este ano? Ou seja, instituições responsáveis por fiscalizar são beneficiadas pelo fiscalizado.</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Como diria o poeta-cantor, em ritmo embalado: “Ta dominado, ta tudo dominado…”</font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’> </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Por José da Cruz </font></div><div><font size=’2′ face=’Verdana’>Blog do Cruz</font></div></span>