O senso comum é de que os atletas de futebol não primam pela inteligência, mas estudos científicos demonstram o contrário. Não é só através de uma boa forma física que um atleta consegue êxito em campo, um cérebro privilegiado também é fundamental. A psicóloga Paula Teixeira Fernandes lembra que, quando se fala em inteligência, ela vai além de saber falar o idioma corretamente, por exemplo.
– Existe um senso comum muito forte de que a inteligência é só para falar o Português direitinho, para ser bom em matemática, em cálculo, e não é isso. Hoje a gente fala em inteligência na questão das inteligências múltiplas.
Ao invés de se ater aos erros de concordância nas entrevistas, os cientistas preferiram tentar entender situações importantes que ocorrem durante uma partida, como, por exemplo, o fato de um craque conseguir, em pouquíssimo tempo, perceber a presença de cinco rivais ao seu redor, identificar a posição do goleiro, planejar e executar um arremate num espaço milimétrico.
– Ele (o jogador) tem que tomar decisões em frações de segundo. Isso não se faz de uma forma trivial. As pessoas que têm essa capacidade têm uma inteligência privilegiada – avalia o neurologista Fernando Cendes.
– É a atenção, a percepção, a velocidade de processamento, o raciocínio espacial e temporal, as funções executivas, a questão da memória. São esses aspectos que mais chamam a atenção quando a gente fala em jogador de futebol – ressalta Paula Teixeira.
– Quanto melhor o atleta, melhor essas habilidades cognitivas. Ele não precisa parar para pensar no que ele fez, já é automático, está armazenado. É só ele puxar – concluiu a psicóloga.
Portanto, sempre que for exaltar um lance bonito, saiba que ali existe algo mais. Algo além da habilidade, da rapidez, da força, algo genial, que só uma mente brilhante pode criar.