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Apesar do fortalecimento da economia nacional e da riqueza dos clubes, o Brasil ainda é um país exportador de jogador. Só que a saída deles para fora ficou mais cara. A ponto de a nação se tornar a líder em ganhos com a venda de jogadores em 2012: R$ 243,1 milhões. É o que mostra o segundo relatório completo anual da Fifa para transferências internacionais de atletas.
Foi a primeira vez que a entidade pôs em seu documento o total de ganhos e gastos de cada país com contratações de jogadores registrados pelo TMS (Transfer Marketing System), pelo qual são feitas todas as negociações entre clubes de diferentes países. No ano passado, esse dado era sigiloso. Com esse número revelado, é possível constatar que o Brasil gasta muito menos com contratações do que obtém com vendas.
Há uma lista de dez países que mais receberam por jogadores. "As receitas geradas pelos clubes brasileiros ultrapassam bastante a dos clubes seguintes de Portugal, Itália, Holanda e Espanha", relata o documento da Fifa. Após o Brasil, Portugal aparece em segundo, com R$ 206 milhões; Itália em terceiro, com R$ 182 milhões; Holanda, com R$ 172 milhões; e Espanha, R$ 100 milhões.
Apesar de estar no topo dos vendedores, o país ainda está longe de ser um grande investidor em contratações de futebol. Não aparece nem entre as dez nações que mais gastaram com transferências internacionais em 2012. A lista dos compradores – liderada pelos ingleses com um total de R$ 630 milhões – tem uma série de nações emergentes, como a Rússia (2ª), China (4ª) e Ucrânia(6ª). Em resumo, os clubes nacionais gastaram menos de R$ 20 milhões no ano passado com compras de direitos de atletas do exterior.
É importante ressaltar que negociações dentro dos países não são consideradas nesta relação. Mas a realidade das duas listas mostra que o Brasil vende jogadores caros, mas repatria atletas sem custo de aquisição com outros clubes. Até porque a nação é que a mais faz transações internacionais e que mais tem atletas envolvidos neste tipo de operação. Houve uma entrada de 696 jogadores para times nacionais, com a saída de 618.
Uma demonstração de porque isso acontece é que ainda há diferença significativa entre os salários médios pagos em território nacional comparado com os europeus. Os vencimentos no país de atletas contratados de fora é de R$ 160 mil por ano, cerca de nove vezes menos do que na Itália.
A liderança do Brasil na lista de vendedores tem relação direta com a negociação de Lucas, do São Paulo para o PSG, feita por um total de R$ 108,3 milhões, o maior montante já pago por um atleta saindo do país. Esse valor representa quase metade do total obtido por todos os clubes brasileiros.
Essa operação elevou a negociação de jogadores a um patamar que pode ser comparada, guardadas as devidas proporções, com alguns dos principais produtos de exportação do país. Considerado apenas o mês de março de 2013, o Brasil ganhou R$ 164 milhões com toda a venda de Etanol; levou outros R$ 156 milhões com algodão; e mais R$ 185 milhões com alumínio. Claro que essas mercadorias dão muito mais dinheiro ao país somado o ano inteiro. Mas, de qualquer forma, isso mostra o poderio da arrecadação da venda de atletas.
Ainda mais se for feita uma comparação hipotética – a título de curiosidade – em relação ao volume de exportação de cada item. Com os mais de R$ 100 milhões pagos por seus direitos, Lucas, que tem 66kg, custou "R$ 1,641 milhão por quilo" ao PSG. O quilo de alumínio tem sido negociado em abril a uma média de R$ 3,81.
Não dá para saber a cotação média do quilo do jogador brasileiro porque o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior não inclui – obviamente, porque uma pessoa não pode ser vista como mercadoria – esse item no seu relatório para balança comercial. Mas, se o fizesse, ajudaria a reduzir as quedas recentes no superávit nacional.