Campinas, SP, 09 (AFI) – A crise no Guarani só aumenta. Mesmo após uma reunião realizada entre diretoria, Sindicato dos Atletas do Estado de São Paulo (Sapesp) e os jogadores, o elenco alviverde não descartou uma possível greve se os salários atrasados não forem quitados na próxima semana. Se isso acontecer, o time não entraria em campo diante da Portuguesa, no próximo sábado, às 16h20, na Arena Fonte Luminosa, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B.
No dia 15 de setembro, serão completados três meses de salários atrasados. Na maioria dos clubes do futebol brasileiro, os vencimentos são no dia 5 de cada mês, mas a diretoria bugrina tem um acordo com os jogadores para pagar os salários todo dia 15. Nesta quinta-feira, foi realizada uma reunião com o sindicato, que acabou "atrapalhando os planos" do elenco.
Após ameaçarem fazerem greve no início dessa semana, os jogadores tinham a expectativa de que os salários fossem quitados nos próximos dias, assim como aconteceu nas vésperas da final diante do XV de Piracicaba, na Série A2 do Campeonato Paulista. No entanto, após a reunião com o sindicato, que quase nunca se pronuncia nesses casos e resolveu mostrar serviço justamente agora, ficou decidido que os jogadores irão atuar nas duas próximas partidas da Série B e a diretoria iria se mexer para viabilizar recursos, pagando assim os salários atrasados.
Vale lembrar que se for completado três meses de salários atrasados, os jogadores têm direito de entrar com uma ação na Justiça contra o clube, pedindo a rescisão de contrato. Por isso, o Guarani tem seis dias para conseguir dinheiro e quitar as dívidas com os jogadores. Na semana passada, o volante Lucas deixou o Bugre alegando problemas particulares, mas deixou claro que a questão financeira também pesou em sua decisão.
Risco de greve…
Conforme ficou acertado apos a reunião realizada nesta quinta-feira, no Estádio Brinco de Ouro, os jogadores irão entrar em campo nas duas próximas partidas pela Série B – contra Vitória e Boa Esporte -, mas se os salários atrasados não forem pagos na próxima semana, o Guarani não deverá ter time para entrar em campo contra a Portuguesa.
"Ficou acertado com a diretoria que o clube deverá pagar na semana que vem. Falamos depois com os atletas e ficou acordado que eles irão jogar os dois próximos jogos para depois voltarmos a conversar na quarta-feira. Se o clube não pagar, provavelmente eles não jogarão o terceiro jogo", destacou Mauro Costa, ex-jogador e diretor da Sapesp.
De acordo com o artigo 63 do regulamento geral de competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de 2011, "nos casos em que uma equipe se apresentar com menos de sete atletas ou ficar reduzida a menos de sete, após iniciada a partida, o clube correspondente perderá a quota da renda que lhe caberia, além de sofrer uma multa de R$ 10.000,00, aplicada pela CBF, sem prejuízo de sanções previstas no CBJD".
Já o artigo 65 diz: "No caso de uma equipe não se apresentar em campo para uma partida previamente programada, o seu adversário será declarado vencedor pelo placar de três a zero". Vale lembra que se isso acontecer, o caso será julgado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Crise sem fim!
A situação do Guarani não é nada boa e vem piorando a cada ano. Com Leonel Martins Oliveira, que já vem sendo chamado de Kadhafi do Brinco, os atrasos salariais se tornaram algo comum no clube. A diretoria constantemente vem atrasando os vencimentos em dois meses e assim quitam as dívidas dias antes de chegar ao terceiro mês, para não correr o risco de perder jogadores na Justiça.
O pior para os bugrinos é que a diretoria não tem nenhum plano para sair dessa situação. Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Campinas, na noite desta quinta-feira, o presidente do Conselho Deliberativo do Guarani, Antônio Sagula, mostrou total despreparo e deixou claro que não existe nenhum plano de ação para tirar dessa péssima situação.