<div><font face=’Verdana’ size=’2′>Na quarta-feira, ouvir o apito final do árbitro soar quando o relógio marca quase meia-noite. No fim de semana, encarar um adversário duro e uma temperatura alta em um confronto no interior do Estado às 11h da manhã. A maratona do tempo pode ser completada ainda com duelos nem tão diurnos, nem tão noturnos, mais agradáveis aos profissionais que participam diretamente de um jogo.<br /><br />O panorama apresentado anteriormente foi, é e pode ser vivido por alguns clubes que disputam a edição deste ano do Campeonato Paulista, que, além dos tradicionais horários intrinsecamente ligados à grade da emissora televisiva detentora dos direitos de transmissão, trouxe à tona partidas no período matutino.<br /><br />“Quando o jogo é às 11 horas, algumas mudanças têm de ser feitas, pois o horário a que eles estão acostumados é alterado. Mesmo alimentando-se bem, quando der o horário a que eles estão acostumados almoçar, os jogadores podem ter uma sensação de fome durante a própria partida”, explica Antonio Carlos Fedato Filho, fisiologista, coordenador e Sócio da Romano e Martins Esportes, empresa de consultoria em ciências do esporte.<br /><br />“O jogo às 11h normalmente se inicia no período em que normalmente acaba o treino e eles [atletas] estão relaxando em casa, ou muitas vezes dormindo nos alojamentos. Pode haver uma complicação”, completa Fedato, graduado em Educação Física e especialista em Fisiologia do Exercício pela Universidade de São Paulo, tendo atuado em diversos clubes do futebol nacional e internacional.<br /><br />Na última quinta-feira, o caderno “Equilíbrio” do jornal Folha de S. Paulo trouxe uma reportagem de capa abordando o livro recém-lançado nos Estados Unidos pela escritora científica Jennifer Ackerman, que avaliou pesquisas divulgadas nos últimos anos para simular uma viagem de 24 horas pelo corpo humano. Os ciclos que regem a variação de força, de memória e de saúde em função do tempo nas pessoas foram descritos pontualmente diante de várias situações cotidianas.<br /><br />De acordo com a obra, o fim da tarde seria o melhor momento para se realizar atividades físicas, já que a percepção da exaustão é menor, as juntas estão mais flexíveis e as vias aéreas, mais abertas. Com o aquecimento do corpo, a cada 1º C de elevação, há uma aumento de dez batidas cardíacas por minuto. Além disso, segundo a exposição apresentada, seria possível ter um ganho de massa muscular 20% maior do que de manhã, período mais propício a exercícios que exigissem equilíbrio e acuidade.<br /><br />“Muitos de nós nos vemos como criaturas cerebrais, movidas principalmente pelo que vai em nossas mentes. Mas, frequentemente, nós somos movidos pelo que vai na parte inferior de nossos cérebros – pelos escondidos e intrigantes altos e baixos, crises e triunfos do nosso corpo. Nós apenas não sabemos disso”, disse Ackerman em entrevista por e-mail à Folha. “Nós temos pouca consciência dos ritmos sutis que nosso corpo experimenta na pressão arterial, no nível hormonal, no apetite. Graças a esses ritmos, há horas boas e ruins para atividades como revisar um manuscrito ou tomar decisões”, completou a autora de “Sex Sleep Eat Drink Dream” (Sexo dormir comer beber sonhar), ainda sem editora no Brasil.<br /><br />Na esfera do futebol no país, há um ritual histórico de realizar treinamentos em dois horários – manhã e tarde. Como explica Fedato, normalmente pela manhã, é ideal para o atleta tomar um café-da-manhã reforçado cerca de 40 minutos antes do início das atividades. Alguns clubes, porém, têm o café dentro do próprio vestiário. Durante o treino, ocorre o lanche da manhã, também relevante para que os atletas tenham a reposição de sais minerais.<br /><br />A adaptação em relação aos compromissos oficiais se dá primordialmente em relação à alimentação, mais balanceada e evitando-se muita gordura às vésperas dos jogos. “À noite, em jogos das 20h30, por exemplo, normalmente se faz um café bem reforçado, tendo alguma coisa, não bem um jantar, mas uma massa. Algumas equipes optam por fazer efetivamente um jantar, mais cedo, com mais opções, mas sem muita fibra, como saladas, por exemplo, que dificultam a absorção de carboidratos…”, exemplifica Fedato.<br /><br />O período crítico, mesmo, é o que envolve os jogos “pós-novela”. “Sem dúvida é mais negativo esse horário. Normalmente, algumas substâncias que o organismo libera, como a adrenalina, demoram a ser liberadas. Até o corpo realizar isso, o atleta fica ligado e a maioria não tem sono”, analisa Fedato.<br /><br />Em conseqüência, há um efeito na questão social. “Ao chegar em casa, a família já está dormindo, não se realiza um jantar correto, e até mesmo o sono fica prejudicado. Eles vão dormir 4, 5 horas da manhã. Jogo às 16h é mais ideal. Há o tempo para dormir, o relógio biológico se acerta. Acabando meia-noite, é bem complicado, atrapalha na recuperação do dia seguinte, no retorno do atleta ao clube, já que ele está bem cansado…”, finaliza o fisiologista.</font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Por Bruno Camarão</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 12pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Cidade do Futebol</font></span></div>