<P align=left>Esfera federal arca com mais da metade do orçamento do evento, que passou de R$ 523,8 milhões para R$ 3 bilhões.<BR><BR>Após pôr duas campanhas na mídia, órgão da União arma outras três e diz que assumiu maior fatia dos gastos para zelar pelo nome do país <BR><BR>NO CHÃO<BR>Arquibancada do estádio de remo da Lagoa é implodida. Local de remo, canoagem e esqui no Pan, o estádio é tombado, mas, para o governo, a arquibancada não era. Havia liminar contra a ação <BR><BR>Com o governo federal como maior pagador do Pan, o Ministério do Esporte vai gastar R$ 12 milhões em publicidade para promover o evento até agosto.<BR>A informação foi dada por Ricardo Leyser, principal executivo do governo federal na organização dos Jogos no Rio.<BR>Duas peças publicitárias já começaram a ser veiculadas nos canais abertos. No orçamento da Secretaria Executiva para o Pan, o governo já gastou R$ 6 milhões nos trabalhos. O restante será usado a partir de janeiro, quando pelo menos outras três peças entrarão no ar. As campanhas também englobam ações divulgando o Parapan, que reunirá atletas paraolímpicos em agosto no Rio.<BR>”A intenção é mostrar que, além de desenvolver o esporte nacional, o Pan vai ajudar a crescer áreas de infra-estrutura urbana, fomentar o desenvolvimento do setor turístico e o crescimento econômico da cidade-sede e do país-sede’, disse Leyser. Até agora, os gastos para a produção e a veiculação das duas peças têm sido divididos com outros ministérios.<BR>O governo federal é o principal financiador do evento. Inicialmente, bancaria 33,8% do orçamento inicial, que era apenas 20% do atual. Hoje, já paga mais da metade da conta, que subiu 443,5% -saltou de R$ 523,8 milhões para R$ 2,847 bilhões em outubro deste ano. Até julho, a Secretaria Executiva para o Pan acredita que o valor de R$ 1,43 bilhão deixará os cofres federais. A estimativa é que os Jogos Pan-Americanos sairão por, no mínimo, R$ 3 bilhões até julho. A Prefeitura do Rio e o governo do Estado irão arcar com o restante.<BR>”Era necessário [assumir o aumento] para garantir a realização do evento. Tínhamos este compromisso internacional. O Brasil tinha que zelar pelo seu nome no exterior’, disse Leyser, justificando a maior participação federal nos gastos.<BR>A primeira peça publicitária assinada pelo governo federal foi ao ar no dia 29 de novembro. Com o título ”Investimentos’, retrata alguns pontos principais da atuação federal no evento. Cita o plano de segurança pública (orçado em cerca de R$ 350 milhões), construção de arenas esportivas (Complexo Esportivo de Deodoro e Parque Aquático do Autódromo), importação de equipamentos para o Ladetec, único laboratório brasileiro reconhecido pela Agência Mundial Antidoping, entre outros investimentos.<BR>Na segunda peça, que está sendo veiculada atualmente, a intenção é ”conscientizar” os brasileiros sobre a chegada de atletas e turistas ao Brasil. A campanha, que também envolve ações de mídia em rádio, internet, jornal, revista e mobiliário urbano, tenta não limitar o evento apenas ao Rio. Pretende mobilizar todo o país.<BR>Com imagens de várias regiões do Brasil, um locutor diz que ”de norte a sul’ do país ”o orgulho é comum’. Na peça, é citado ”o grande investimento do governo federal’ no evento e revela o mote da campanha. ”Você pode colaborar. Receba bem os atletas e turistas’, diz o locutor. A publicidade termina com: ”Governo federal: Investir no Pan é investir no Brasil’.<BR>O evento será bancado basicamente por dinheiro público. A iniciativa privada pouco investiu até agora. Na previsão inicial da candidatura, elaborada após estudo da Fundação Getúlio Vargas, 21% das receitas do Pan seriam privadas. No ano passado, o Co-Rio (comitê organizador dos jogos) já excluiu verba da iniciativa privada no orçamento que elaborou para viabilizar o evento.<BR><BR>Por Sérgio Rangel (Folha de S. Paulo, 28/12/2006)<BR></P>