Atletas que tentam manter folga na liderança hoje contra o Santos já ganharam do parceiro R$ 2,9 mi em prêmios no Brasileiro; cúpula reclama que equipe está nas mãos de iraniano
O combustível proporcionado pelos milhões da MSI tem dado fôlego extra ao Corinthians na luta pelo título do Brasileiro.
O polpudo bônus oferecido por Kia Joorabchian, que torrou R$ 113 milhões para montar o time mais caro do país e continua gastando, estará em jogo hoje, quando o líder do Nacional pega o Santos, às 16h, no Pacaembu.
A premiação, paga religiosamente em dia, tem motivado os corintianos e despertado ciúme na cúpula do clube, que nos últimos anos teve dificuldades para honrar os bichos com o time.
Até agora, o elenco corintiano já ganhou em premiações cerca de R$ 2,9 milhões, R$ 1,1 milhão a mais que o São Paulo deu a seus atletas pelo tri da Libertadores.
"Eu acho que é uma das melhores premiações do Brasil, se não for a melhor", disse o vice-presidente de futebol corintiano, Andrés Sanchez. "Nosso grupo é jovem, e os prêmios são excelentes."
No acerto corintiano, há 27 cotas (cada cota equivale a um jogador) de R$ 3.000 por vitória e outros R$ 3.000 para os triunfos com a manutenção da liderança. Em clássicos regionais, o valor pela vitória sobe para R$ 6.000 por atleta relacionado para os jogos.
Em caso de manutenção da liderança sem vitória, como na derrota para o Cruzeiro no meio da semana, o bicho cai para R$ 1.500 -em seis rodadas, o Corinthians seguiu em primeiro lugar sem ter vencido seus jogos. A bonificação dada aos atletas são-paulinos, por exemplo, é cerca de R$ 2.000 por vitória no Nacional. No Palmeiras, paga-se R$ 1.500.
Ao todo, a equipe alvinegra liderou o Brasileiro por 14 rodadas. Também foi a que mais ganhou partidas -21. E hoje, com a vantagem de seis pontos para Inter e Fluminense (71 a 65) e seis jogos a fazer, tem garantido pelo menos mais um bônus de R$ 1.500, já que o revés no clássico não lhe tirará da primeira colocação.
"Poxa, como é bom esse prêmio. Uma motivação a mais, e estão pagando direitinho", disse Rosinei, que volta ao time após cumprir suspensão. Os R$ 93 mil que o meia já somou com os bichos representam quase cinco salários -ele ganha R$ 20 mil/mês.
Até quem não está em campo, como Roger, que foi operado e só volta em 2006, continua recebendo em caso de novos triunfos. O meia é quem mais ganhou com os bichos -R$ 97,5 mil.
Nos últimos anos, o clube, que quase sempre atrasou os bichos, só pagava premiações por metas alcançadas. As vultosas premiações, porém, intensificaram o atrito entre o presidente Alberto Dualib e Kia. O dirigente se diz satisfeito com os bichos pagos pela MSI, mas reclama que os atletas, dessa forma, ficam nas mãos de Kia, com quem está em atrito.
Dualib chegou até a dizer para aliados que, se o iraniano pode honrar os compromissos com os atletas, deveria fazer acordo com o atacante Luizão, que está em litígio e penhorou as rendas do time, que lhe deve quase R$ 9 milhões.
Folha de S. Paulo (06/11/05)
Por Eduardo Arruda
KIA NEGA DÍVIDA COM EMPRESÁRIO
O iraniano Kia Joorabchian, presidente da MSI, atirou no empresário Renato Duprat e acirrou ainda mais a briga com o presidente do clube, Alberto Dualib.
Duprat, que apresentou a MSI ao Corinthians e intermediou o acordo de parceria, reclama não ter recebido a comissão prometida por Kia de US$ 3,5 milhões (aproximadamente R$ 7,8 mi) e, por conta disso, distanciou-se do iraniano. "Não tenho nada com o Duprat. Há sete meses não falo com ele e não gosto de falar com ele. Só falo oi quando o vejo", afirmou Kia no Pacaembu.
À Folha, Duprat se limitou a dizer que mantém uma relação "profissional" com o presidente da Media Sports Investment.
O empresário, que nos últimos meses se aproximou do presidente corintiano, explica que seu objetivo agora é não deixar a parceria terminar.
Ontem, no Pacaembu, Kia contestou os valores dos bichos dados aos atletas revelados pela Folha. Segundo a reportagem apurou, o iraniano já desembolsou R$ 2,9 milhões em premiações.
O vice-presidente de futebol do clube, Andrés Sanchez, afirmou que os atletas corintianos pretendem acionar a Justiça, por meio do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, pela divulgação dos valores.
O sindicato se mostrou contrário à publicação de salários e prêmios de jogadores, mas até ontem não tinha confirmado contato com os corintianos.(EAR E RM)
Folha de S. Paulo (07/11/05)