Martorelli manifestou-se preocupado com o fato de os clubes tentarem recrutar o Ministro da Articulação Política do governo do Presidente Lula para conseguirem uma mudança na legislação desportiva com prejuízos à categoria com significativas perdas de direitos que foram duramente conquistados.
O presidente do sindicato lembrou ao Ministro que como presidente da CPI da Nike na Câmara Federal que foi, conhece muito bem as mazelas internas e os gerenciamentos equivocados dos clubes que causam insegurança e a instabilidade que os levam à precariedade financeira, este descolamento da realidade que provoca uma distorção do cenário esportivo não pode ser respaldado por um governo que busca o equilíbrio nas relações humanas na sociedade brasileira, situação esta há muito pretendida pelo Sapesp que só não apresenta melhores resultados neste sentido pelo reacionarismo e intransigência dos dirigentes esportivos. Rinaldo Martorelli observou não ser justo o Presidente Lula corroborar, mesmo que equivocadamente, com os argumentos dos clubes, ao dizer que os atletas não podem ter a mesma legislação que os metalúrgicos:
"Precisamos alertá-lo Ministro Aldo, o Presidente vendo o esporte como torcedor, tem razão em parte no que diz, porque realmente não há como se ter a mesma legislação, referindo-se a CLT, para as duas categorias de trabalhadores, o atleta tem de ter muito mais amparo, pois tem sua carreira profissional muito mais reduzida e ainda por cima em muitos clubes, a maioria deles, está sem receber salários e a Confederação e as Federações estaduais de futebol nada fazem', contestou o presidente do Sapesp pedindo ainda que o Presidente fosse melhor municiado com diagnósticos precisos sobre o real momento do futebol brasileiro. Durante sua fala Martorelli continuou destacando a necessidade do Governo e, sobretudo, o Presidente Lula de tratar a categoria como tantas outras em nosso país que passam por dificuldades pela falta de oportunidades de trabalho, morosidade no julgamento de ações trabalhistas entre outras questões comuns e alertou:
"Ministro, não se pode confundir o atleta profissional com os integrantes que fazem parte dos times montados para as peladas de finais de semana na Granja do Torto. É fundamental que se conheça melhor todos os aspectos que dizem respeito à profissão do futebolista, reconhecer definitivamente sua importância, diferentemente do que fazem os dirigentes, perceber que sem ela, em sua relativa parte no processo, não há futebol, nosso maior embaixador; que nele as duas partes – atletas e clubes – têm de sobreviver com dignidade; que o estado lastimável em que se encontram os empregadores não é responsabilidade da categoria, para agora quererem que ela pague a conta".
O presidente do Sapesp manifestou seu ponto de vista ao Ministro Aldo Rebelo quanto à forma de Governo se relacionar com o Futebol: "É preciso saber que necessitamos da mediação, nunca da intervenção, estatal junto a CBF, as federações estaduais, as emissoras de televisão; ainda, tomar ciência de quantos empregos diretos e indiretos proporciona, e da movimentação anual de tudo o quanto está em sua órbita. E precisamos da mediação pelo simples fato de termos que dar um basta, de parar de resolver nossos problemas usando, sempre, as vias judiciais, sempre mais onerosa e desgastante pra todos. Enfim, o governo poder nos escutar para que apresentemos um relatório detalhado de tudo o que acontece e se certificar que temos encaminhamentos interessantes que podem auxiliar e muito o desenvolvimento e a melhora do segmento esportivo".
Martorelli finalizou lembrando o Ministro que o Sapesp ancorado pela categoria em São Paulo, sua base eleitoral, foi um dos mais ferrenhos apoiadores da campanha que o elegeu deputado federal, porque sempre acreditou em sua plataforma política e que nela sempre esteve o trabalho voltado para a dignificação do ser humano e um olhar atento pela categoria. O Ministro Aldo Rebelo se comprometeu de voltar a falar com o presidente do Sapesp ainda esta semana.