Matéria de Marcos Rogério Lopes publicada no jornal O Estado de S. Paulo, sábado, 27 de março de 2004.
Este ano, a Sport Promotion negocia no exterior um pacote com 76 jogos
O produto é bom, difícil é convencer o cliente. A Sport Promotion, que este ano está negociando o pacote com 76 jogos do futebol brasileiro no exterior – 16 datas do Paulista, 14 da Copa do Brasil e 46 do Brasileiro -, se desdobra para mostrar ao mundo que, além de atletas habilidosos, o País tem boas competições. As vendas aumentaram 120% em relação a 2003 e, assim, nossos jogadores já podem ser vistos, via satélite, em 129 países.
A Sport Promotion trabalha em várias frentes. As transmissões são geradas e produzidas no País, com locutor, repórter de campo e comentarista próprios, que acompanham o jogo ao vivo do estádio, e falam sempre em inglês, a língua em que o produto é vendido. "As câmeras pegam ângulos diferentes dos mostrados pelas tevês brasileiras. No exterior, gostam mais de closes nos atletas", diz o diretor de Relações Internacionais da empresa, Romeu Carvalho de Castro.
Em 2004, 20 jogos já foram transmitidos (13 do Estadual e 7 do Brasileiro). As partidas são distribuídas com dois canais de áudio, um com a locução em inglês e outro com som ambiente – se quiser, a retransmissora pode usar um narrador local. A tecnologia – "de ponta" segundo Castro -, permite a inserção de publicidade regional, sem comprometer a transmissão. A previsão do custo operacional do projeto em 2004 é US$ 2,5 milhões.
O Brazilian Gol, programa semanal em que jornalistas nacionais falam sobre o futebol brasileiro, além de gols e jogadas, põe no ar reportagens sobre colônias de imigrantes no Brasil e seus respectivos clubes do País – falam dos italianos, por exemplo, e aproveitam para contar a história do Palmeiras. "É uma forma de tornar simpático nosso produto lá fora."
Os torneios do Brasil são transmitidos no exterior desde 98, mas só este ano a Sport Promotion assumiu o comando do projeto. Castro diz ainda existir um certo "pé atrás" no restante do mundo em relação aos campeonatos nacionais, principal dificuldade na negociação. "Depois de 99, ficou bem mais difícil atrair os compradores. Naquele ano, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, na última hora, adiou o inicio da final do Campeonato Brasileiro. As tevês esperavam passar o evento num horário, alterado de repente." Corinthians (campeão) x Atlético-MG passou das 16 horas para o período noturno para evitar problemas no trânsito da região do Morumbi.
José Francisco Coelho Leal, o Kiko, sócio da empresa, diz que a venda dos pacotes nacionais ainda está no estágio embrionário. "Os dirigentes têm de entender que estamos plantando uma semente para ganhar dinheiro depois." Em 2003, a negociação do Carioca, Copa do Brasil e Brasileiro rendeu cerca de US$ 700 mil. "Dividido, não deu quase nada para cada clube".