As novas gerações que chegam ao mercado do futebol brasileiro estão mudando a forma de pensar e agir dos jogadores profissionais. Ao contrário de seus "antepassados", que mal tinham como se comunicar com a família em viagens e concentrações, hoje os atletas das equipes sub-20 possuem muito mais acesso às informações, tecnologia no trabalho e oportunidades de planejamento de carreira.
Com cinco anos de história nas categorias de base do São Paulo Futebol Clube e hoje uma das promessas do Desportivo Brasil (clube de investidores chineses localizado na cidade de Porto Feliz), o lateral-esquerdo Deivid Fuzari, 19, conversou com o Portal SAPESP e falou sobre o surgimento da nova geração Y do futebol.
Deivid obrigado por falar com a Revista do Atleta e Portal do Sindicato. Fale sobre sua trajetória no futebol até aqui. Você está disputando qual competição atualmente?
R: Eu que agradeço a oportunidade. Comecei a jogar futebol aos seis anos de idade em uma escolinha de Araraquara (interior de SP), chamada Aliança FC. Aos 11 anos fui para o São Paulo FC fazer avaliação e fiquei sendo monitorado por dois anos. No ano que fiz 14 anos pude me alojar. Fui treinando e evoluindo a cada dia com os grandes profissionais que trabalhei lá, até os 16 anos, quando tive a infelicidade de machucar os dois lados do quadril. Fiquei praticamente dois anos parado, apenas treinando e mantendo a forma. Voltei a jogar em outubro de 2015, no Brasilis, onde o treinador que me conheceu no SPFC me chamou para jogar lá. Foi onde praticamente renasci em busca do meu sonho novamente. Agora estou no Desportivo Brasil. Estamos treinando com foco principal na Copa São Paulo de ano que vem.
Você jogou cinco anos no São Paulo. Existe diferença entre o trabalho do São Paulo e das equipes que você passou, menores, porém estruturadas?
R: Existem diferenças sim. Em questão de estrutura e profissionais que trabalhei foram todos excelentes, tanto no Brasilis FC quanto hoje no Desportivo. A diferença é que São Paulo sempre tem aquela pressão de que todo jogo tínhamos que ganhar, por sermos grande, pela estrutura, pela ajuda de custo, pela alimentação, pelo suporte enorme que tinha por traz de tudo. Também pelo nosso sonho de chegar ao profissional, isso era citado antes do jogo, era citado nos trabalhos que fazíamos com o grupo. Tínhamos um psicólogo, que nos ensinava a conviver com essa pressão. Sabermos jogar para evoluir sempre porque na base, o suporte do São Paulo era grande, tínhamos curso de inglês, dentistas, assistente social, nutricionista. Isso é muito importante para um atleta que quer se tornar um profissional, como tem também aqui no Desportivo Brasil.
Sua geração chega hoje ao mercado com muito mais informação, tecnologia e conhecimento profissional em relação às gerações anteriores. De que forma usa a tecnologia para ajudá-lo na carreira?
Hoje todos nos estamos precisamos da tecnologia, tanto para ajuda nos treinos quanto para ajuda pessoal. Vou citar os 2 exemplos. Nos treinos, hoje temos um GPS que colocamos no peito para ler nossas estatísticas, as boas e ruins, que serão consertadas para ajudar mais ainda na nossa evolução para chegar ao profissional. Temos vários testes físicos, de salto, de porcentagem de gordura, e isso ajuda muito na carreira de um atleta, pois temos a noção exata do que nosso corpo precisa e do que necessitamos dentro do campo. Fora de campo, em temos informações, muitos sites que entramos para ficar atualizado, por dentro de tudo o que acontece no mundo do futebol. Podemos nos comunicar fácil com parentes, amigos, empresários e também ajuda a fazer cursos de inglês ou espanhol.
Você se tornará profissional em breve. Já ouviu falar do trabalho do Sindicato de Atletas de São Paulo? A importância de ser sindicalizado para ter benefícios da categoria? Já procurou conhecer os direitos e deveres da sua profissão?
Vou começar pela última pergunta. Sim, já procurei saber dos meus direitos e deveres, das coisas que posso fazer e de tomar cuidado com algumas ações, pois jogadores são muito visados na mídia. Como ainda não sou profissional, ainda não tivemos contato com o sindicato, mas quando chegar o momento, vou procurar saber mais sobre o trabalho.
O maior fantasma dos jogadores de futebol hoje são os salários atrasados. Como vocês que estão chegando agora enxergam essa dificuldade?
Hoje nós atletas de base, que estão procurando um espaço no profissional, não recebemos grande quantidade como jogadores profissional ganham, mas sabemos que mesmo assim pode atrasar. Essa é a grande dificuldade de você querer se programar, querer usar seu salário com alguma coisa importante. Se atrasar, não só para os jogadores, mas para qualquer outro trabalhador que programa suas necessidades e no final do mês não consegue cumprir, você pode se prejudicar muito, isso temos muito em mente. Mas isso é um risco que temos que correr em busca desse sonho.
Você acredita que os atletas dessa nova geração Y, mais consciente, antenada, pode mudar isso de alguma forma? Vocês conversam sobre Educação, consciência financeira, esses temas importantes?
Conversamos sobre educação, consciência financeira, que são temas importantes, pois sabemos que a carreira de jogador é bem curta. Temos que saber o que fazer com o dinheiro, como administrar, e se conseguirmos algum dia salários extremamente altos, sempre é bom ajudar o próximo, com projetos de institutos algo do tipo. Vários jogadores estão buscando fazer faculdade para estarem aptos a esse tipo de pensamento.
Em relação ao futuro, quais os planos nesse início de sua carreira? E para a aposentadoria, já pensa em algo?
R: Meu plano é poder me destacar na Copa São Paulo, ir para clubes maiores, pegar experiência, aprender ainda mais. Cada dia é uma experiência nova e sempre ter humildade de saber que temos que evoluir sempre. Quero ser um jogador de alto nível, jogar em clubes de alto nível, como todo jogador sonha e representar seu país um dia. Como sou descendente italiano, gostaria de fazer um passaporte Italiano e meu sonho é jogar nos clubes grandes da Itália, ou outros da Europa. Sobre aposentadoria, com meu dinheiro guardado, irei fazer casas , para viver de aluguel, e se for bem sucedido ajudar ao próximo com instituição. E para não parar de trabalhar com futebol, gostaria de montar uma escolinha de futebol ou fazer um clube para alugar campos.