<P>O apoio que o Governo Lula tem dado aos clubes: o que teria por trás disto?</P><P>Ninguém pode contestar o fanatismo que o Presidente Lula tem pelo futebol, ele não esconde de ninguém seu amor pelo Corinthians, e que pediu, já nos primeiros dias de governo, para que o Ministro do Esporte Agnelo Queiroz tomasse uma providência no sentido de melhorar as coisas, ajudando principalmente na área financeira dos clubes. Ate aí tudo bem. Mas, trabalhar com este objetivo passando por cima dos princípios que os ajudaram a que se elegessem, mostrou uma face ate então desconhecida. Seja por insensatez, por peleguismo, termo tão usado outrora pelos senhores do Executivo, ou por uma paixão exacerbada que invariavelmente acaba desaguando em extrema ignorância, o fato é que o encaminhamento pretendido para esta mudança traz para a categoria profissional envolvida perda de muitas garantias e direitos conquistados com muito suor. E, não esqueçamos que estes avanços só serviram para equilibrar uma relação historicamente tão desfavorável, com ranços de escravidão, sim, e que agora, equivocadamente, com o discurso extremamente tendencioso e distorcido por parte dos clubes, que ganhou reflexo na pasta do governo responsável pelo assunto, estão fadados a desaparecer.<BR>Ao buscar um caminho para esta tarefa o Ministério do Esporte se aproximou sobremaneira dos dirigentes esportivos e estes com a habilidade que lhes e peculiar o envolveram num enredo desastroso.<BR>Quando ouve a choradeira endereçada a atual legislação esportiva e a admite, o Ministro Agnelo Queiroz da um pontapé nas lições aprendidas no seu tempo de comunista rasga a cartilha do socialismo e atua como um verdadeiro cartola, na acepção mais pejorativa que o termo possa oferecer. Talvez levado pelo deslumbramento de quem nunca tivesse participado ativamente da vida esportiva deste país, indo na contramão de tudo aquilo que pregava e defendia desde o inicio de sua caminhada política. E isto serve para as demais pastas do Governo.<BR>O exercício do poder, quando se pretende atingir resultados satisfatórios e justos, requer um sólido alicerce humano e cultural imensa dose de humildade, conhecimento, visão de mundo e uma longa experiência em questões vitais para que não se cometa nenhuma arbitrariedade e injustiça social. E foi nisto que apostamos quando apoiamos muitos dos que aí estão. Pena que nos enganamos.<BR>E o pior, esta diretriz adotada pelo ME, quero crer, induz a erro o presidente Lula que, por mais apaixonado que seja, imagino com base em sua militância sindical trabalhista, me parece que se conhecesse um pouco do tema jamais respaldaria o encaminhamento dado por seu ministro da forma como vem fazendo. Aqui cabem parênteses, sabemos que as pessoas apaixonadas perdem o reflexo da razão e acabam por tomar atitudes totalmente descabidas. Vários exemplos nas absurdas mortes de torcedores nos estádios ou a caminho deles, mas, embora não possamos confundir certas atitudes, o que se pode perceber neste aspecto é o nível acentuado de falta de um melhor discernimento. <BR>Pois bem, temos então a velha constatação que razão e paixão não são boas companheiras.<BR>Uma indagação que não pode calar: é dado ao homem publico administrar, pois, com paixão? Os resultados têm se mostrado catastróficos.<BR>Materializando o tema.<BR>O projeto que faz parte do pacote do Governo, PL 5186 2005 junto com a criação da Timemania, com o intuito de melhorar a condição econômica dos clubes, vem atropelando os princípios da Organização Internacional do Trabalho, da Constituição Federal e tudo quanto for diploma jurídico legal que as classes trabalhadoras vêm trabalhando para conquistar e sedimentar nos últimos cem anos, pelo menos.<BR>O que mais estranha e que o governo não mede esforços na aprovação do PL (projeto de lei) de sua autoria, que pretendia por em vigor através de medida provisória no passado, intento não conseguido pelo efetivo trabalho realizado pelos sindicatos de atletas, com suas propostas de alteração legislativa, que regrediria aos anos setenta, subtraindo dos atletas avanços significativos, que agora volta à carga.<BR>Desde a ajuda na escolha do relator, em conjunto com a CBF e o atual presidente da Câmara dos Deputados até servir de cicerone – um assessor do Ministério foi visto dando uma de baby-sitter – para os dirigentes de clubes pelos gabinetes dos deputados em Brasília, tudo está sendo feito.<BR>Uma pausa para tratarmos um pouco da CBF. Aqui o problema cultural é ainda mais gritante. Ela age unilateralmente em benefício dos clubes, óbvio que é mais fácil para se inserir nos ganhos políticos obtidos, mas erroneamente se esquece que seria a administradora do esporte como um todo, que congrega patrão, empregado, árbitros, imprensa e que deveria zelar pelo equilíbrio e bem estar de todos os participantes, e não fazer o papel de associação de clubes que com isto acaba por mostrar para que realmente existe. Precisa do apoio dos clubes que têm ingerência política nas federações que votam naqueles que a entidade mãe determina. É um velho e conhecido circulo vicioso.<BR>Voltemos ao apoio governamental. <BR>A ironia empregada nesta empreitada talvez seja o cerne da questão.<BR>Admitir os atletas profissionais como responsáveis pela atual situação de penúria em que se encontra o futebol é de uma irresponsabilidade desmedida e conveniência inexplicável. <BR>Para acreditar na tese em que o jogador seja o causador da mazela financeira em que os clubes se enfiaram, quer por conta da atual legislação e seus