<div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>O governo anunciou mudanças na Timemania, loteria criada para salvar clubes com equipes profissionais de futebol.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><br /><font face=’Verdana’>As mudanças serão feitas para ajudar quem continua devendo.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Isso leva à conclusão de que há poucas perspectivas de melhorar o panorama financeiro do futebol profissional brasileiro, que mudou pouco em meio século, valendo ainda a definição de Flávio Costa, treinador da seleção vice-campeã do mundo em 1950, de que é bom dentro das quatro linhas e péssimo fora delas.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>A tragédia atual é que a qualidade do jogo piorou e a da gestão, mais ainda.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>E a nova Timemania poderá ter destino ainda pior que o objetivo de sua existência.<br /><br />Criada em 2006 para permitir que os clubes beneficiários usem parte do dinheiro dos apostadores, em teoria torcedores apaixonados com a opção clubística de indicar quem deve receber a parcela de sua aposta para saldar suas dívidas com a Receita Federal, a Previdência Social, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), começou a operar em 18 de fevereiro do ano passado.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>O rateio é compartilhado entre premiados (46%), clubes (22%), custeio e manutenção dos próprios serviços (20%) e financiamento de projetos esportivos na rede de ensino, clubes sociais, do Fundo Penitenciário Nacional, das Santas Casas de Misericórdia e da seguridade social.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Como em tudo a que o Estado recorre ao bolso do cidadão para salvar, há penduricalhos demais, mas estes nada têm que ver com o desinteresse do público potencial pelo produto.<br /><br />O apostador e torcedor mostrou ter-se sentido como um gato escaldado com iniciativas do gênero: a arrecadação, de R$ 124,6 milhões, foi de um quarto do previsto (R$ 520 milhões).<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Do total, R$ 27,4 milhões foram rateados entre 80 clubes, que para recebê-los e ter as dívidas renegociadas em 20 anos, se comprometeram a abatê-las usando o que receberam da Timemania e mais R$ 50 mil por mês.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Com a arrecadação abaixo do previsto, estes já avisaram que não terão recursos para honrar o compromisso com o Estado, apesar de sua magnanimidade incomum.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Há exemplos extremos, como o clube de maior torcida do Brasil, o Flamengo, que, ainda que a iniciativa houvesse tido êxito, não poderia honrar o compromisso para ter direito à regalia.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Mas clubes que devem menos também não terão como, depois de março, pagar o que devem ao grande credor: tudo leva a crer que a inadimplência das "empresas" de futebol profissional com o governo só tenderá a crescer.<br /><br />Enquanto o governo continuar jogando dinheiro público fora para bajular as arquibancadas, este contencioso não se reduzirá.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt; COLOR: black’><font face=’Verdana’>Para conseguir o que quer, a autoridade teria de exigir dos "cartolas" critérios empresariais de gestão, com metas de desempenho e demonstrações financeiras transparentes – e isso estes não parecem dispostos a aceitar nas negociações para tentar salvar a Timemania: ela pode estar tão fadada ao fiasco quanto nosso futebol "profissional", que foi criada para salvar.<br /><br /></font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>Jornal da Tarde, 06/03/2009</font></div>