<div><font size=’2′><div><strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Autor da lei que extinguiu o passe há dez anos terá participação em dinheiro arrecadado em negociações do Paulista</font></span></strong><strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><br /></span></strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><br /></span><strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Fundo de investimentos prevê divisão dos lucros a partir de 2010 com uma porcentagem para o ex-ministro, que batiza acordo</font></span></strong><strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><br /></span></strong><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><br /><font face=’Verdana’>Por Ricardo Perrone</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Folha de S. Paulo (Painel FC), 23/03/2008</font></span></div><div><font face=’Verdana’> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 10pt’><font face=’Verdana’>Autor da lei que extinguiu o passe, Pelé vai ganhar dinheiro com a venda de jogadores. O ex-ministro do Esporte participa de um complexo projeto que forma atletas com o objetivo de negociá-los para o exterior.<br />Trata-se de um fundo de investimentos que tem como vitrines o Paulista de Jundiaí e o Lausanne, da segunda divisão suíça. O time do interior paulista já é bancado pelos investidores, que detêm os direitos econômicos dos jogadores.<br />Pelé receberá uma porcentagem, não revelada, do bolo a ser dividido pelos investidores, quando começarem as vendas.<br />Após batizar há dez anos a lei que prometia carta de alforria para os atletas, ele agora dá nome ao Campus Pelé. Por trás do negócio está a holding que controla o Banco Fator.<br />O projeto, que foi lançado em 2007, visa lucro a médio e longo prazo. Garotos a partir de 11 anos recebem treinamento e estudo. O retorno virá quando se destacarem e forem vendidos, de preferência para fora.<br />O ex-jogador cedeu a sua imagem, por meio da Prime, empresa que detém os direitos de licenciamento da marca Pelé, mas sua ligação não está restrita a isso. Tem participação direta na implantação e execução do projeto, vai aos treinos e orienta jogadores. "Ele gostou porque há um caráter social. E, desde o milésimo gol, ele se preocupa com as criancinhas", disse Vanilton Tadini, presidente do comitê de investimentos da Fam Sports,braço da holding do Banco Fator.<br />"O Pelé tem participação no resultado final da performance do projeto. A regra é dividirmos o dinheiro [lucro com as vendas] a partir do quarto ano."<br />Há um cuidado especial com as negociações para o exterior. A inclusão do time suíço aconteceu porque os idealizadores concluíram que a segunda transferência para time estrangeiro é a mais lucrativa.<br />Uma das críticas dos clubes à Lei Pelé é justamente facilitar a saída de jovens talentos.<br />"O jogador mudar de país não é ilegal. Por que, em vez de criticar isso, as pessoas não vão atrás do dinheiro que sumiu de clubes em parcerias milionárias?", argumentou Pelé em entrevista coletiva na semana retrasada, em São Paulo. Ele participa de discussões com o governo para "corrigir" a lei.<br />"Metade dos jogadores que o Brasil exporta volta por falta de preparo. A idéia é formar o cidadão, dar estudo e preparar o jogador para trabalhar fora ou dentro do Brasil. Ou em outra profissão", afirmou Celso Grellet, advogado que cuida da maioria dos negócios de Pelé.<br />"A diferença desse fundo de investimento para os que estão na moda é que não saímos por aí procurando jogador pra colocar em time grande e ganhar dinheiro logo. Formamos os garotos, esperamos valorizá-los", completou Grellet, que integra um dos comitês do projeto. Segundo ele, a idéia é transformar o Campus Pelé, que formará profissionais de diferentes áreas ligadas ao futebol, numa marca "como Harvard".<br />Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do ex-jogador disse que não adiantaria enviar e-mails com perguntas, pois Pelé não as responderia. Está com a agenda lotada.<br />No segundo semestre de 2006, dirigentes do Paulista negaram várias vezes à Folha, que negociassem com Pelé e o Banco Fator. Em dezembro daquele ano tomaram as primeiras medidas burocráticas.<br />"Tivemos cuidado na divulgação, pois o que envolve o Pelé gera polêmica", disse Grellet.<br />De acordo com Tadini, já foram investidos US$ 10 milhões. A previsão é de gastos entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões, em 12 anos. Isso pode ser dobrado ao fim do contrato. Já são 220 garotos incluídos. Entre os titulares do Paulista, o lateral Eduardo e o meio-campista Devas estavam nas categorias de base quando começou a implantação do projeto.<br />O clube que vai dar frutos a Pelé já tem uma incômoda semelhança com a parceria Corinthians/MSI, tão criticada por ele: foi rebaixado em 2007, mas para a Série C do Nacional.</font></span></div><div><font face=’Verdana’> </font></div><strong><span style=’FONT-SIZE: 12pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Projeto vai da Europa ao interior de SP por clubes, empresas e fundação<br /></font></span></strong><span style=’FONT-SIZE: 12pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Quatro clubes, quatro empresas e uma fundação fazem parte do complexo quebra-cabeça que deu origem ao projeto Campus Pelé, em Jundiaí.<br />A brincadeira começa em Luxemburgo, onde foi fundada a Sicar, sociedade de investimento de capital de alto risco. Ela é controlada pela FAM, da holding que detém o Banco Fator.<br />O dinheiro dos investidores, administrado por um comitê de investimentos, passa pela FAM antes de chegar à Sicar. A empresa de Luxemburgo envia o dinheiro ao Brasil. Ele é usado basicamente no Monte Alegre Futebol S/A, clube-empresa que incorporou o Litoral FC, de Pelé, e no Paulista. O Litoral, incorporado graças a um acordo com a Prime, que controla os licenciamentos da marca Pelé, abastece de jogadores o Paulista, que também já tem as suas categorias de base turbinadas pelo projeto.<br />Depois, os atletas serão transferidos, preferencialmente e aos poucos, para o Lausanne, da segunda divisão suíça. Barriga de aluguel para que os jogadores façam sua adaptação à Europa, o time é mantido pela LS Vaud Foot S/A. Ela assinou acordo com a Sicar. <br />O Lausanne terá 20% do que arrecadar nas vendas. O restante será dividido pelos investidores, com uma parte do obtido reservada para Pelé.<br />A idéia é começar a divisão em quatro anos. "A menos que por uma dádiva surja um Robinho", disse Vanilton Tadini, do comitê de investimentos. Segundo ele, hoje existem só 15 investidores. E a meta é ter entre 80 e 90. O investimento mínimo é de US$ 200 mil.<br />Eduardo Palhares, presidente do Paulista, diz que o clube não terá participação nos direitos econômicos dos jogadores porque o projeto banca todas as suas despesas. Já quitou cerca de R$ 15 milhões em dívidas. Se ao final dos 12 anos iniciais do contrato a parceria acabar, ela deixa o Paulista com a mesma quantidade de atletas que encontrou. Mas sem débitos. De acordo com Tadini, Luxemburgo foi escolhido para receber a empresa que concentra os recursos por fazer várias exigências em relação aos investidores. "Queremos evitar um [Boris] Berezovski", diz ele, referindo-se à fracassada parceria MSI/Corinthians. O país já figurou em lista da Receita Federal de paraísos fiscais.<br />Com recursos do Monte Alegre será construído ainda um CT em área da Fundação Antônio Antonieta Cintra Gordinho, em Jundiaí.0 (RP)<br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Jundiaí tem palestra, e Suíça, jantar<br /></strong><br />As tarefas de Pelé no projeto em Jundiaí vão de aulas para crianças sobre como ser um jogador inteligente à participação em jantares no exterior para arrecadar fundos. Há três semanas, na primeira palestra que fez aos jovens do interior paulista, o tricampeão mundial falou por uma hora para 220 meninos. O tema era "Atleta Inteligente". Depois de ouvi-lo, os jovens sabatinaram o "Rei do Futebol".<br />Na Suíça, Pelé foi a atração principal de um jantar para engordar os cofres do Lausanne, escolhido como barriga de aluguel na Europa para os jogadores que darão lucro ao fundo de investimentos no futuro. Uma mesa no mesmo salão em que Pelé jantava custava 5.000 francos, cerca de R$ 8.500. E podia ser ocupada por até dez pessoas. No total, foram vendidos 400 convites. Os responsáveis pelo fundo de investimentos que mantém o time do Paulista contam com a fama de Pelé para turbinar o negócio quando começarem a procurar novos investidores no exterior. E, principalmente, no momento em que os jogadores estiverem maduros para serem negociados.<br />A idéia é que a marca Pelé ajude a abrir portas nos grandes clubes europeus para receber os jogadores formados no campus que leva o seu nome. <br />"O Pelé puxa tudo o que está envolvido para cima. Mas também pode puxar para baixo, se fizermos algo errado, porque a repercussão quando ele está envolvido é sempre maior", disse Vanilton Tadini, do comitê de investimentos do fundo. Segundo ele, o ex-jogador também ajuda no desenvolvimento da metodologia que será adotada para formar profissionais que trabalharão com os jovens atletas. Além de ensino até a faculdade para os jogadores e cursos profissionalizantes aos que não vingarem, o projeto prevê formar profissionais que integrarão as comissões técnicas. Algo como já faz o Instituto Vanderlei Luxemburgo.<br />Pelé não tem participação nas decisões do futebol profissional do Paulista. Dirigentes do clube continuam no comando, apesar de o dinheiro vir dos investidores.</font> </font></span></font></div>