Planeta Guarani
Campinas (SP) – O cerco se fechou de vez sobre a administração do Guarani, a diretoria do clube está “em xeque” diante da falta de pagamento e da ausência total de geração de recursos para o clube. No final desta tarde acompanhamos ao vivo pela Radio CBN FM Campinas duas entrevistas, a primeira do Sr. Mauro Costa, diretor do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, a segunda do Senhor Jurandir Assis, vice-presidente financeiro do Bugre e a situação está simplesmente caótica.
Notícia nova: houve nesta manhã uma nova reunião entre o diretor do Sindicato e os jogadores do Guarani e a julgar pelas declarações de Mauro Costa (foto), os atletas podem sim interromper suas atividades antes da partida de sábado contra a Portuguesa em Araraquara.
“O Sindicato apóia uma iniciativa de paralisação por parte dos atletas, nós sempre defendemos o lado dos jogadores. Hoje nada nos foi prometido, ficou acertado algo para amanhã depois do almoço quando estaremos no Brinco novamente” disse o sindicalista.
“A situação é a seguinte, se imagine trabalhando durante 100 dias sem receber um tostão… tem jogador com carro que já entrou em busca e apreensão, tem até casos de desquite (separação judicial) no elenco, o negocio está meio complicado. Eu particularmente acredito e sei que a diretoria está fazendo o maior esforço possível para que a dívida com os atletas seja quitada, mas tenho que deixar bem claro que apoiamos e estamos ao lado dos atletas no que eles decidirem fazer”.
Sobre a ameaça de não entrarem em campo, ele considera uma possibilidade: “Não é uma greve, seria uma paralisação no dia do jogo, eu vejo este problema como inevitável neste momento. Se a diretoria não quitar o que deve acredito muito em uma paralisação” cravou Mauro Costa.
Após um comentário sobre o novo regulamento do Campeonato Paulista que prevê perda de pontos ao clube que atrasar salários a partir da próxima temporada, ele repetiu o relato sobre o que ocorreu nesta manhã no Brinco: “Tivemos uma reunião, ficamos praticamente duas horas reunidos, mas não ficou decidido se haverá paralisação, porém também não foi decidido que os atletas irão jogar, isso será decidido amanhã após o treino da manhã, nós estaremos presentes novamente e ai os atletas decidirão se jogarão ou não contra a Portuguesa, estaremos no Brinco a partir das 10:00 da manhã”
“Não estou impaciente, estou sendo realista, é muito difícil tratar com esta situação quando um jogador liga para você chorando e falando que não agüenta mais ficar sem dinheiro, depois liga outro dizendo que está se separando da mulher, depois outro falando que o carro entrou em busca e apreensão, é uma situação que quem tem família e se envolve para saber da luta dos atletas para ter um lugar ao sol que faz o ser humano ficar um pouco impaciente, como sindicalista eu particularmente acredito na diretoria, não sei se será quitado nesta semana ou na próxima, sei que eles estão correndo atrás para quitar e tomara que isso aconteça esta semana para não termos problemas no jogo de sábado, senão não sei o que pode ser decidido” finalizou o diretor do Sindicato dos Atletas Profissionais.
Vice-presidente espera pagamento ao menos parcial
“Causou surpresa para nós a presença do Sindicato aqui hoje, ao menos nós da diretoria não sabíamos da presença do sindicato. Ao longo da semana todos puderam testemunhar as entrevistas dos jogadores e hoje surgiu todo esse imbróglio. Agora nós aguardamos o sindicato amanhã para uma nova reunião e espero que cheguemos a um bom senso”.
Ao falar sobre um prazo para a regularização dos salários Jurandir afirmou: “Estou lutando com todas as forças do clube para solucionar a pendência do mês de junho amanhã, agora eu não posso prometer isso a ninguém. Estou no clube desde as 09:00 lutando para isso e espero que consiga resolver ou ao menos atenuar este problema durante o expediente de amanha”.
Jurandir Assis também falou sobre a notícia de uma possível venda do meia Leo Citadini e ao contrario do que havia dito à Radio Brasil, confirmou que houve sim uma proposta de negociação: “Eu ouvi pela imprensa a venda do Leo Citadini, foi dito que um investidor queria comprar 80% do jogador, mas como eu posso vender esse percentual se o clube não tem 80% dos seus direitos? O Guarani tem 50% dos direitos sobre ele, eu não posso vender 80%, mas lógico que venderíamos os nossos 50%, todos sabem da nossa necessidade, por que eu iria mentir para alguém? Só que os 50% o cidadão disse que não quer, não interessa a ele e eu não posso criar uma negociação sobre um percentual que pertence ao atleta, ele teria que falar direto com ele, quando acontecem essas coisas mal divulgadas são criados transtornos para nós”.
Voltando a falar sobre a situação dos atletas e seus atrasos e salários, Jurandir analisou: “Eu participei pouco da reunião de hoje, quem participou mais foi o pessoal do sindicato e eu prefiro aguardar até amanhã depois do treino. Espero que consiga resolver esta situação ainda hoje ou antes do treino de amanhã para acabar com esta celeuma toda”.
Jurandir Assis foi questionado sobre a origem das receitas do clube e respondeu aquilo que todos nós sabemos, não existem receitas, confiram: “Não temos mais receitas do Clube dos 13, o que sobrou ficou por conta do que já estava empenhado para pagamento lá (adiantamentos de cota). Hoje nossa arrecadação é proveniente dos associados patrimoniais, militantes e sócios-torcedores. Eventualmente também temos alguns patrocínios, recentemente fechamos mais dois contratos, mas são valores insignificantes, são muito pequenos, alem disso só temos prejuízos nesses jogos de mando do Guarani, cada jogo custa R$ 40 mil para o clube. Posso avaliar a situação do Guarani e todo mundo sabe que ela não é boa, agora a possibilidade de eu resolver uma pequena parte do problema até amanhã existe, hoje eu passei o dia todo no Guarani, se Deus quiser vou conseguir solucionar isso até amanhã” finalizou.
Em meio a tudo isso e diante das afirmações de fontes de receita feitas pelo vice-presidente financeiro do clube, cabem pequenas perguntas:
Foi dito por ele que as fontes de renda do clube são exclusivamente as arrecadações com as mensalidades dos associados, sejam patrimoniais ou militantes e também o sócio-torcedor.
Diante disso, o que mais justifica o fato de o Guarani, já há mais de dois anos e meio, não vender novos títulos de Sócios Patrimoniais posto que esta seria uma das poucas fontes de renda que restaram ao Guarani Futebol Clube?
Mais uma pergunta: O que fez este mesmo vice-presidente financeiro praticamente forçar a extinção do projeto Sócio-Torcedor do Guarani Futebol Clube nos últimos dois anos? Mudou de idéia, Jurandir? Não era você quem dizia que isto era uma besteira sem igual e que o clube deveria extinguir o Sócio-Torcedor?
E por último só uma observação, valorizando os patrocinadores ao ponto de dizer que estes contratos são insignificantes, qual a possibilidade de angariar novos e maiores patrocinadores? Muito pouca, concorda?
Não discuto aqui o trabalho de Jurandir Assis, uma das poucas pessoas que cumpre suas funções de certa forma entre os vice-presidentes do Guarani, mesmo que discordando dos métodos utilizados por ele para arrecadação e na formatação dos balanços de exercício anual do Bugre, mas as suas próprias considerações feitas durante esta entrevista já são suficientes para apontar a total incapacidade e incompetência desta diretoria em gerar novos projetos e obter novos recursos para o clube.
Amanhã vão anunciar que um lote de títulos patrimoniais será colocado à venda e também uma reformulação no Projeto Sócio-Torcedor, ou seja, depois de quase três anos o Guarani finalmente entendeu que uma das saídas está em ampliar o quadro social e não fazê-lo diminuir como foi feito recentemente, e agora, com a água batendo naquela região que todos sabem qual é, o vice-presidente financeiro foi obrigado a engolir uma reformulação no Sócio-Torcedor, projeto este que ele pessoalmente se empenhou em destruir.
O Guarani realmente só tem a sua Torcida, cada dia mais isto é fato! Uma última questão, no meio disso tudo, cadê o comandante do CLUBE? Qual era a obrigação do Senhor Leonel de Almeida Martins de Oliveira neste momento?
Se isto não justifica a abertura de um processo de impeachment eu confesso que não consigo enxergar o que mais justificaria… Por uma Turbo System JLL foi impedido de continuar, e agora, o que estamos vendo no Guarani é tão diferente disso?