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Realidades Distintas

<p align=’left’>Brasil Campe&atilde;o da Copa das Confedera&ccedil;&otilde;es. O brasileiro lavou sua alma, ainda mais, por ter sido em decis&atilde;o contra a Argentina. Aproveitando para desentalar aquele 3 a 1 de Buenos Aires que estava engasgado.</p><p align=’left’>Esta conquista vem de novo mostrar o que o mundo todo j&aacute; sabe: o jogador brasileiro por sua habilidade inata &eacute; o melhor do mundo. E para causar ainda maior inveja, a rotatividade, com a entrada de Robinho, Cicinho, L&eacute;o, J&uacute;lio Batista e mesmo com Kak&aacute; – que at&eacute; pouco tempo n&atilde;o era considerado titular – n&atilde;o afeta o alto n&iacute;vel de nosso futebol. </p><p align=’left’>Pois bem, dentro das quatro linhas uma maravilha. J&aacute; fora…..</p><p align=’left’>Voltemos um pouco no tempo, exatamente ao dia 11 de maio deste ano. </p><p align=’left’>C&acirc;mara Federal, plen&aacute;rio 12, audi&ecirc;ncia p&uacute;blica que discutia nova legisla&ccedil;&atilde;o, o Estatuto do Desporto. Como debatedores, de um lado este que vos escreve, e do outro, o vice-presidente da CBF, Nabi Abi Chedid, (posto que o convidado, Ricardo Teixeira, por total despreparo, jamais aceitar&aacute; participar de debates abertos sobre os problemas do futebol brasileiro, aproveita-se dos dotes pol&iacute;ticos de seu vice que como muitos, consegue facilmente falar, sem dizer nada). </p><p align=’left’>Como de costume, ap&oacute;s as explana&ccedil;&otilde;es acontecem as perguntas dos deputados da assist&ecirc;ncia. A tropa de choque da CBF, embora muito menor atualmente, est&aacute; sempre representada, e desta vez n&atilde;o foi diferente.</p><p align=’left’>Mas tamb&eacute;m presentes os deputados que n&atilde;o se afinam muito com a t&aacute;tica da detentora de nosso futebol. Os primeiros tentam sempre embara&ccedil;ar os outros quando alguma quest&atilde;o coloca em cheque o andamento do gerenciamento, as parcerias ou outro assunto que mexa diretamente com a compet&ecirc;ncia dos atuais dirigentes da entidade-mor. Engra&ccedil;ado se n&atilde;o fosse tr&aacute;gico.</p><p align=’left’>Uma das indaga&ccedil;&otilde;es feitas ao VP da CBF era acerca das finan&ccedil;as. Eis aqui o &ldquo;x&rdquo; da quest&atilde;o.</p><p align=’left’>Para meu espanto e de tantos outros no recinto ele afirmou que a participa&ccedil;&atilde;o do Brasil na Copa das Confedera&ccedil;&otilde;es seria deficit&aacute;ria e que n&atilde;o seria poss&iacute;vel o Brasil recusar o convite por tudo que representa mundialmente.</p><p align=’left’>Ora, se o Brasil representa tanto quanto ele falou, fato que ningu&eacute;m contesta, teria perfeitamente a capacidade de negociar uma condi&ccedil;&atilde;o diferente que, no m&iacute;nimo, n&atilde;o produzisse um preju&iacute;zo financeiro. </p><p align=’left’>O preju&iacute;zo n&atilde;o se potencializa apenas pelo aspecto financeiro. Pergunte aos dirigentes do Santos Futebol Clube a opini&atilde;o a respeito da Copa das Confedera&ccedil;&otilde;es, e da convoca&ccedil;&atilde;o de dois de seus principais jogadores que ficaram de fora quando o clube mais precisava deles. Opini&atilde;o que seria encampada pelo S&atilde;o Paulo, mas minimizada pelo fato de ter conseguido chegar &aacute; final da Copa Libertadores. </p><p align=’left’>E quanto aos atletas? Qual deles n&atilde;o queria o seguir mesmo caminho do Ronaldo Fen&ocirc;meno, o das merecidas f&eacute;rias ap&oacute;s uma desgastante temporada? &Oacute;bvio que esta posi&ccedil;&atilde;o era anterior a conquista da competi&ccedil;&atilde;o. Ser&aacute; que n&atilde;o seria poss&iacute;vel formar uma sele&ccedil;&atilde;o com jogadores &ldquo;dispon&iacute;veis&rdquo;, que n&atilde;o acarretasse nenhum tipo de desconforto, material e f&iacute;sico, para ningu&eacute;m? </p><p align=’left’>E, considerando aquele velho jarg&atilde;o futebol&iacute;stico: como uma vit&oacute;ria tem a capacidade de maquiar tantos erros e desmandos…</p><p align=’left’>O certo &eacute; que esta participa&ccedil;&atilde;o, se de fato &eacute; deficit&aacute;ria, para a Confedera&ccedil;&atilde;o, como ent&atilde;o justific&aacute;-la? Seria o interesse nela baseado (apenas?) no dos parceiros Ambev, Nike, Vivo? E sendo esse interesse dos parceiros, estes n&atilde;o deveriam bancar a ida &agrave; Alemanha? Ou a sele&ccedil;&atilde;o est&aacute; a servi&ccedil;o do interesse do presidente da CBF que pretende voar mais alto – coitado do futebol.</p><p align=’left’>Por derradeiro, o questionamento principal. Por que assumir este preju&iacute;zo? Quem toma esta decis&atilde;o (a assun&ccedil;&atilde;o do d&eacute;ficit) tem capacidade de faz&ecirc;-lo?</p><p align=’left’>Na verdade o que foi explicitado pelo vice-presidente deixa totalmente &agrave; mostra como anda a gest&atilde;o de nosso futebol, que come&ccedil;a pessimamente na entidade que deveria zelar por nosso maior patrim&ocirc;nio cultural, passando por seus filiados, federa&ccedil;&otilde;es e clubes, que n&atilde;o t&ecirc;m capacidade sequer de questionar tal barbaridade.</p><p align=’left’>A Copa das Confedera&ccedil;&otilde;es mostrou exatamente o que todo mundo j&aacute; sabe: que tamanha sorte tem estes dirigentes por ter o Brasil, disparado, o melhor futebol do mundo. Dentro das quatro linhas, &eacute; claro.</p><p align=’left’>Rinaldo Martorelli <br />Presidente <br />&nbsp;<br />1/7/2005</p>

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