NOTÍCIAS

NULL

Reportagem da Folha mostra o descaso com as categorias de base

<div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Reportagens do jornal &quot;Folha de S. Paulo&quot; evidenciam o que o Sindicato de Atletas (SP) vem sustentando h&aacute; muito tempo: n&atilde;o se pode privilegiar a &quot;forma&ccedil;&atilde;o esportiva&quot; com base nos resultados obtidos em campo porque essa tese &eacute; fantasiosa. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Segundo Martorelli presidente do sindicato muitos clubes que se destacam nas categorias de base e ocasionalmente revelam atletas, salvo rar&iacute;ssimas exce&ccedil;&otilde;es, n&atilde;o &eacute; porque fazem um bom trabalho e sim porque os demais conseguem fazer um trabalho ainda pior e, principalmente, porque atuam&nbsp;num pa&iacute;s onde brotam talentos erm todos os cantos e a todo o instante.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Gostaria de ver se os clubes precisassem de ter a tecnologia que desenvolveu&nbsp;a Petrobras para prospectar em &aacute;guas profundas, colher conchas na &aacute;reia &eacute; muito f&aacute;cil&quot;, comparou Martorelli.&nbsp;</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Da Reda&ccedil;&atilde;o do Sapesp</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A seguir as mat&eacute;rias veiculadas pela Folha. <br /><br /></font></span></div><div><strong><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Empres&aacute;rio ganha fama e ass&eacute;dio de pais<br /><br /></font></span></strong></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Nas categorias de base, os empres&aacute;rios iniciam uma liga&ccedil;&atilde;o com os jogadores que vai al&eacute;m de conseguir uma vaga num grande clube. Bancam passagens para que visitem as fam&iacute;lias, d&atilde;o material esportivo e muitas vezes mudam as fam&iacute;lias de suas casas humildes.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Recentemente tirei um garoto e seus pais da favela e os coloquei numa casa melhor. Acho que fica uma gratid&atilde;o, mas, se ele vai continuar comigo ou n&atilde;o, deixo na m&atilde;o de Deus&quot;, disse Luiz Julio Stryjer. Ele &eacute; procurador de uma das principais promessas do time sub-14 do Palmeiras. &quot;Quando o garoto precisa, ajudo comprando uma passagem, uma chuteira&quot;, afirmou.<br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Para clubes, adolescentes matam aula<br /></strong><br />Palmeiras, Corinthians e Portuguesa n&atilde;o se sentem culpados nos casos de atletas que n&atilde;o estudam. Dizem que, na maioria dessas situa&ccedil;&otilde;es, &eacute; o jovem que n&atilde;o quer ir &agrave; escola. &quot;Alguns reclamam que chegam atrasados ao col&eacute;gio por causa dos treinos, ent&atilde;o antecipamos os hor&aacute;rios&quot;, diz Paulo de Salve, dirigente da Portuguesa.<br /><br /></font></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Quem mora no clube pode estudar l&aacute; gra&ccedil;as a programa montado sob supervis&atilde;o do MEC. Sobre um dos jogadores criticar as condi&ccedil;&otilde;es do alojamento at&eacute; 2006, afirma que &quot;nossa situa&ccedil;&atilde;o j&aacute; foi ruim, agora &eacute; boa&quot;, referindo-se &agrave; troca de diretoria.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>No Palmeiras, uma assistente social foi contratada antes da visita do Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho. E um restaurante ser&aacute; inaugurado nesta semana, atendendo &agrave;s autoridades. O local j&aacute; estava sendo preparado antes da visita.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Miguel Marques e Silva, do Corinthians, diz que o alojamento do Parque S&atilde;o Jorge passa por reforma.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Jo&atilde;o Brito Alves, diretor do Villa Nova, diz que o clube n&atilde;o recebeu notifica&ccedil;&atilde;o e que o grupo fez a vistoria nas f&eacute;rias. <br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Atletas carecem de ajuda, dizem especialistas<br /></strong><br />Uma das principais dificuldades dos adolescentes que se aventuram no futebol &eacute; lidar com a press&atilde;o por resultados. &quot;Eles acabam sendo cobrados como adultos. Cobran&ccedil;a vai existir, mas tem de ser dosada. Em excesso, pode prejudicar o rendimento e at&eacute; outros setores da vida&quot;, diz S&acirc;mia Hallage, psic&oacute;loga das sele&ccedil;&otilde;es femininas de v&ocirc;lei de base e adulta.<br /><br /></font></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A expectativa dos pais tamb&eacute;m pode ser prejudicial. Al&eacute;m do sonho de atingir a fama, muitos garotos carregam a esperan&ccedil;a de se tornarem a principal fonte de renda da fam&iacute;lia. </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Os pais precisam controlar suas expectativas. E deve existir responsabilidade dos clubes, especialmente quando o atleta &eacute; dispensado. Muitas vezes ele perde o estudo, n&atilde;o vira jogador… &Eacute; quest&atilde;o social<br />importante&quot;, diz Jo&atilde;o Ricardo Cozac, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Paulista de Psicologia do Esporte.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Outra quest&atilde;o importante &eacute; a sa&uacute;de dos jovens jogadores. Segundo especialistas, &eacute; necess&aacute;rio que todos passem por s&eacute;rias avalia&ccedil;&otilde;es f&iacute;sicas, inclusive com an&aacute;lise do cora&ccedil;&atilde;o. Al&eacute;m disso, os garotos precisam ter seus limites respeitados e exerc&iacute;cios bem dosados para evitar sobrecarga.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Em uma crian&ccedil;a saud&aacute;vel, o esporte s&oacute; tende a ajudar, n&atilde;o a prejudicar. Mas elas devem ser acompanhadas, para avaliar seu desenvolvimento&quot;, afirma Cl&aacute;udio Gil Ara&uacute;jo, especialista medicina esportiva. <br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Depoimentos<br /></strong><br />Pais de jovens que sonham em ser craques contam a agonia de ver suas carreiras de longe. </font></font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Aos 11 anos, J&uacute;lio (nome fict&iacute;cio a pedido da fam&iacute;lia) decidiu que seria jogador de futebol. Vivia em Jo&atilde;o Pessoa (PB). Gra&ccedil;as &agrave; ajuda de amigos, seu pai conseguiu testes no Corinthians e no Vasco. Queria dar um empurr&atilde;o ao sonho do filho. Ap&oacute;s dias de viagem, por&eacute;m, J&uacute;lio voltou para casa, dois &quot;n&atilde;os&quot; na mala. O sonho teve de ser adiado por um tempo. Neste ano, um empres&aacute;rio se interessou pelo garoto e o chamou para participar da peneira do Cruzeiro.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Ele me ligou no primeiro dia feliz porque havia sido elogiado. Mas, no segundo dia, foi dispensado. Ele ficou arrasado, e eu tamb&eacute;m. Queria que ele voltasse e n&atilde;o tivesse mais de passar por tanta decep&ccedil;&atilde;o&quot;, diz o pai,<br />Ant&ocirc;nio (nome fict&iacute;cio).<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O empres&aacute;rio de J&uacute;lio, que seu pai nunca conheceu, logo conseguiu colocar o garoto no Londrina, outro clube do Paran&aacute;. Mas a alegria durou poucos dias. J&uacute;lio ligou para contar ao pai que mudaria de novo. O Londrina entraria em f&eacute;rias e fecharia o alojamento.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Ele me ligava chorando. Dizia que n&atilde;o podia mais estudar no novo time. &nbsp;E ele gosta dos estudos. Tinha medo, morava perto de um matagal, foi atacado por cachorros. Eu fiquei agoniado. Passamos uma semana sem dormir.&quot; Desesperado, o pai ligou para o Londrina. Queria que se responsabilizassem por seu filho. E, ent&atilde;o, descobriu que o empres&aacute;rio havia mentido. &quot;Eles me disseram que foi o garoto quem quis sair. Que, por eles, ele ainda estaria l&aacute;&quot;, diz o pai.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>J&uacute;lio, 15, deixou o agente. Hoje ganha ajuda de custo de R$ 50, tem moradia, alimenta&ccedil;&atilde;o, vai &agrave; escola e est&aacute; feliz. S&oacute; pena ainda para ver a fam&iacute;lia, que pede ajuda a amigos para pagar o &ocirc;nibus. S&atilde;o quatro dias de<br />viagem.<br /><br />Roberto (nome fict&iacute;cio) j&aacute; decidiu: vai juntar dinheiro e viajar com o filho de volta para o &quot;sul&quot;. Quer ver de perto como est&aacute; &agrave; vida e a carreira de Mateus (nome fict&iacute;cio). O garoto saiu de Rond&ocirc;nia aos 14 anos para ser jogador de futebol. Passou por clubes de S&atilde;o Paulo e Minas Gerais. A &uacute;ltima parada foi o Villa Nova. A preocupa&ccedil;&atilde;o com o filho foi crescendo &agrave; medida que os telefonemas para sua casa come&ccedil;aram a aumentar. &quot;Toda hora tem empres&aacute;rio ligando. Querem que eu assine papel em branco, falam em proposta do exterior. Sou pai eacho que est&aacute; na hora de acompanh&aacute;-lo.&quot;<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Mateus s&oacute; encarou os tr&ecirc;s dias de viagem de &ocirc;nibus para casa uma vez em dois anos. A passagem foi paga por seu agente. O pai do adolescente conhece de perto a dor de uma carreira frustrada. Ele deixou Rond&ocirc;nia aos 15 anos, jogou em Curitiba, mas n&atilde;o vingou. &quot;Sempre falo que n&oacute;s temos para beber e comer. No resto, damos um jeito. &Eacute; covarde quem n&atilde;o vai atr&aacute;s de seus sonhos. Ele foi. E, se n&atilde;o der certo, a gente n&atilde;o tem que se frustrar.&quot; </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ant&ocirc;nio n&atilde;o sabe que o filho parou de estudar h&aacute; dois anos. Aos 16, estudou at&eacute; a oitava s&eacute;rie. &quot;Queria que ele estudasse, mas… Ele j&aacute; ajudou no trabalho pesado, foi soldador, plantou caf&eacute;. Acredito na base que demos a ele.&quot;<br /><br /></font><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Final sub-14 tem briga e lama<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Jovens de Palmeiras e Barueri duelam sob chuva observados por f&atilde; fot&oacute;grafo, agentes e m&atilde;e boleira<br /><br />Dia que deveria ser nobre vira amostra nua e crua das agruras pelas quais passam os jovens aspirantes a estrelas do futebol<br /><br />&quot;P&aacute;ra de brincar, Robinho.&quot; A frase dita na manh&atilde; fria da &uacute;ltima quarta-feira na Grande S&atilde;o Paulo a um jovem com menos de 14 anos bem que poderia ser para que ele sa&iacute;sse da chuva. Na verdade, era a ordem da m&atilde;e de um jogador do Barueri para que parasse de tentar entortar os advers&aacute;rios. Afinal, era decis&atilde;o de campeonato.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O palco era o est&aacute;dio municipal de Cajamar. O advers&aacute;rio, o Palmeiras. E o t&iacute;tulo em disputa, o da Supercopa da Associa&ccedil;&atilde;o Paulista de Futebol na categoria sub-14. Um dia nobre, uma decis&atilde;o. Mas uma amostra nua e crua das agruras pelas quais passam os jovens atletas.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Cerca de 30 pessoas, a maioria parente dos jogadores, encararam a chuva para ver a decis&atilde;o, sem nenhum glamour. Mas teve uma pitada do que h&aacute; de pior: a viol&ecirc;ncia. Dois pais brigaram por causa da atua&ccedil;&atilde;o do &aacute;rbitro, soltaram palavr&otilde;es e por pouco n&atilde;o causaram tumulto generalizado.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Falo para o meu filho que n&atilde;o pode discutir com os outros. Tem que ter bom cora&ccedil;&atilde;o. Mas o outro falou da minha m&atilde;e, que est&aacute; no c&eacute;u&quot;, disse Eraldo Zamblauskas, pai de um dos jogadores do Palmeiras, justificando a<br />confus&atilde;o.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Segundo testemunhas, seu desafeto foi at&eacute; o carro, estacionado ao lado da acanhada arquibancada, e buscou um rev&oacute;lver, mas acabou contido por dois guardas municipais.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>At&eacute; a briga, por&eacute;m, era diferente das que explodem nos jogos dos profissionais. Enquanto os brig&otilde;es eram contidos, ouvia-se gritos como: &quot;P&aacute;ra, pai&quot; e &quot;Sai logo, v&ocirc;, corre&quot;. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Perto dali, um torcedor solit&aacute;rio fotografava o jogo. Palmeirense, disse acompanhar as categorias de base h&aacute; dois anos. Coleciona no computador fotos dos jovens atletas em campo. Enforcou o trabalho pela manh&atilde;, numa delegacia, para acompanhar o time. Temendo puni&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o quis se identificar. Solit&aacute;rio, contou que &agrave;s vezes leva a mulher aos jogos. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Em campo, os garotos ouviam broncas e orienta&ccedil;&otilde;es de uma m&atilde;e torcedora, que abusava de jarg&otilde;es boleiros, como &quot;marca&quot; e &quot;pega&quot;, para incentivar os meninos do Barueri.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ao lado dos bancos de reservas, em p&eacute;, treinadores mais jovens do que os que comandam os times adultos repetiam o ritual de gritos e gestos comuns na lateral dos gramados. Tentavam empurrar seus pupilos que, no come&ccedil;o do jogo de dois tempos com 30 minutos cada um, j&aacute; estavam enlameados.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>A correria n&atilde;o denunciava a rotina cansativa a que se submeteram no dia da decis&atilde;o. Os meninos do Palmeiras acordaram por volta das 6h30. Seu &ocirc;nibus deixou a concentra&ccedil;&atilde;o em S&atilde;o Paulo &agrave;s 7h30. Mas o sofrimento maior ainda estava por vir. Depois do empate em 1 a 1, a decis&atilde;o foi para os p&ecirc;naltis. E dos dois lados os garotos imitaram os profissionais. Os n&atilde;o-relacionados pelo &quot;professor&quot; para a cobran&ccedil;a ficaram de joelhos, abra&ccedil;ados. Robinho, aquele que n&atilde;o podia brincar, desperdi&ccedil;ou um dos dois p&ecirc;naltis que pararam nas m&atilde;os do palmeirense Valter. E viu o t&iacute;tulo escapar.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Como consolo, o jogador do Barueri ouviu os gritos do banco de reservas: &quot;Voc&ecirc; tem cr&eacute;dito. Valeu, Robinho&quot;. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A resposta veio dos suplentes palmeirenses: &quot;Valeu mesmo, Robinho&quot;. Foi praticamente a &uacute;ltima frase que pronunciaram antes de cantarem o hino do clube, abra&ccedil;ados. Depois, comemoraram com um banho de lama. E fizeram um pedido para Ademir Prevelato, diretor das categorias de base do clube: queriam ficar com a camisa hist&oacute;rica. &quot;No vesti&aacute;rio, a gente v&ecirc; isso&quot;, respondeu o cartola, para depois cochichar: &quot;Vou dar as camisas para eles, s&oacute; fa&ccedil;o isso quando o time &eacute; campe&atilde;o&quot;.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Minutos depois, um empres&aacute;rio aparece no gramado para cumprimentar o dirigente. &quot;Agente tem aos montes. N&atilde;o apareceram muitos nesta final porque choveu&quot;,disse Prevelato. Em seguida, reuniu os garotos para cumprir a promessa de lev&aacute;-los a uma churrascaria para festejar. Se perdessem, iriam direto para casa.<br /><br /></font></span></div><div><strong><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Empres&aacute;rio fez fama garimpando jovens atletas</font></span></strong></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Mais renomado, Wagner Ribeiro, empres&aacute;rio de Robinho, fez fama garimpando jovens atletas. Antes de Robinho, &quot;descobriu&quot; Fran&ccedil;a e Kak&aacute;.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Eu levei a fam&iacute;lia do Robinho para uma casa melhor. Mas n&atilde;o paguei nada, consegui que o Santos bancasse um apartamento maior&quot;, conta o agente.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ele diz que hoje n&atilde;o sai &agrave; ca&ccedil;a de novos talentos. &quot;S&atilde;o os pais que me procuram.&quot; Sua maior aposta agora &eacute; Neymar, 15, do Santos, que tem remunera&ccedil;&atilde;o de profissional. &quot;Ele j&aacute; pode contar com uma estrutura que a maioria dos garotos n&atilde;o tem. J&aacute; vi meninos que sa&iacute;ram do Nordeste e foram abandonados em S&atilde;o Paulo pelos agentes porque o clube n&atilde;o os queria.&quot; </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Promotoria investiga trabalho infantil<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Situa&ccedil;&atilde;o de garotos nas categorias de base dos clubes de futebol chama a aten&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho<br /><br />A den&uacute;ncia de um ex-jovem atleta que encerrou a carreira no futebol por causa de uma contus&atilde;o ligou o sinal de alerta. O garoto relatava n&atilde;o ter recebido assist&ecirc;ncia m&eacute;dica do clube, problema comum nas categorias de base, dizia. Listava ainda uma s&eacute;rie de dificuldades enfrentadas por jogadores que, como ele, sonhavam com o<br />sucesso nos gramados.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>O caso chamou a aten&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho e desencadeou investiga&ccedil;&otilde;es pelo pa&iacute;s que come&ccedil;am a desvendar a rotina nada glamourosa dos aspirantes a craques.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;A den&uacute;ncia n&atilde;o &eacute; de todo infundada&quot;, diz Mariza Mazotti de Moraes, coordenadora nacional de combate &agrave; explora&ccedil;&atilde;o do trabalho da crian&ccedil;a e do adolescente, que levou o caso &agrave; coordenadoria nacional. &Agrave; &eacute;poca, ainda n&atilde;o estava no cargo.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ela n&atilde;o revela dados da investiga&ccedil;&atilde;o. No entanto, segundo a Folha apurou, apesar de o trabalho estar no in&iacute;cio, j&aacute; se nota um abismo na maneira como os times tratam os atletas. H&aacute; quem n&atilde;o deixe nada faltar. Mas o descaso &eacute; comum.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>As primeiras dilig&ecirc;ncias revelam menores fragilizados pela dist&acirc;ncia da fam&iacute;lia, vulner&aacute;veis &agrave; a&ccedil;&atilde;o de empres&aacute;rios e, em v&aacute;rios casos, fora da escola.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Em S&atilde;o Paulo, alguns clubes j&aacute; foram vistoriados e responder&atilde;o a perguntas que detalham suas rela&ccedil;&otilde;es com os garotos e as condi&ccedil;&otilde;es oferecidas.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Em Minas e no Paran&aacute;, agremia&ccedil;&otilde;es tamb&eacute;m foram visitadas. Outros Estados est&atilde;o come&ccedil;ando as investiga&ccedil;&otilde;es.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;Quando h&aacute; problema, a primeira argumenta&ccedil;&atilde;o &eacute; a falta de recursos. Vamos dialogar com todos. Uma das coisas que queremos &eacute; criar contratos de aprendizagem&quot;, diz a promotora Cristiane Lopes, do Paran&aacute;.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Por causa da complexidade do tema, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho n&atilde;o tem previs&atilde;o para concluir a investiga&ccedil;&atilde;o.<br /><br /></font><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Vulner&aacute;vel, jovem pena para estudar e rever a fam&iacute;lia<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Dist&acirc;ncia dos pais deixa adolescentes mais dependentes de empres&aacute;rios, que ajudam a pagar viagens e telefonemas<br /><br />&quot;Abandono&quot; &eacute; uma das principais preocupa&ccedil;&otilde;es do MPT, que tamb&eacute;m aponta falhas no acesso &agrave; escola e nas condi&ccedil;&otilde;es de moradia<br /><br />Longe de casa, sozinhos, submetidos a um regime intenso de treinamentos, pressionados por resultados, os adolescentes que tentam vingar no futebol se tornam vulner&aacute;veis.&nbsp;</font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Essa &eacute; uma das principais preocupa&ccedil;&otilde;es na investiga&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho que verifica as rela&ccedil;&otilde;es entre jovens atletas e clubes. </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Nesse cen&aacute;rio, empres&aacute;rios que surgem como &quot;salvadores&quot; ganham cada vez mais espa&ccedil;o. Muitas vezes, os pais confiam a carreira dos filhos a desconhecidos que conquistam sua confian&ccedil;a com agrados aos garotos. </font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Funcion&aacute;rios dos clubes, que nem sempre conhecem os familiares, tornam-se refer&ecirc;ncia. A pedofilia tamb&eacute;m preocupa.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;As preocupa&ccedil;&otilde;es s&atilde;o in&uacute;meras. Como o fato de eles estarem longe da fam&iacute;lia no momento em que mais precisam&quot;, diz Mariza Mazotti de Moraes, coordenadora nacional de combate &agrave; explora&ccedil;&atilde;o do trabalho da crian&ccedil;a e do adolescente.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Alguns dos garotos chegam a ficar mais de um ano sem ver os pais. Muitos n&atilde;o t&ecirc;m dinheiro nem para telefonar para eles. Se n&atilde;o recebem ajuda de custo ou se ela &eacute; pequena, a depend&ecirc;ncia &eacute; ainda maior.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>A rela&ccedil;&atilde;o entre os clubes e os adolescentes, muitas vezes, tamb&eacute;m nem &eacute; registrada.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>&quot;H&aacute; times que treinam os atletas como se eles n&atilde;o existissem. E isso pode dar problemas no futuro, como falta de ajuda previdenci&aacute;ria&quot;, diz Cristiane Lopes, promotora do Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho do PR.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>O acesso &agrave; educa&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m &eacute; prec&aacute;rio. A mudan&ccedil;a constante gera perdas no prazo de inscri&ccedil;&atilde;o na escola. Quem est&aacute; matriculado, por causa de treinos e tr&acirc;nsito, muitas vezes, chega atrasado. E cansado demais para prestar aten&ccedil;&atilde;o. Essa foi uma das principais lacunas apontadas em Minas Gerais, al&eacute;m de quartos quentes e apinhados. No Vila Nova, por exemplo, inspetores encontraram &quot;banheiros f&eacute;tidos&quot;.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Em S&atilde;o Paulo</font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>, a Folha levantou junto a clubes alguns problemas vistos nas inspe&ccedil;&otilde;es.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O Corinthians precisou levar garotos do alojamento no Parque S&atilde;o Jorge para Itaquera. Havia meninos de diferentes idades no mesmo quarto. As condi&ccedil;&otilde;es dos alojamentos tamb&eacute;m n&atilde;o eram adequadas. Uma reforma j&aacute; come&ccedil;ou.<br /><br /></font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>No Palmeiras, faltava restaurante e havia jovens fora da escola, como na Portuguesa. Um jogador do clube do Canind&eacute; disse que, em 2006, n&atilde;o havia faxineira no alojamento. Os meninos limpavam o local. </font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Preocupada com a dist&acirc;ncia dos garotos dos pais, a assistente social palmeirense criou um programa para aproxim&aacute;-los da fam&iacute;lia, incentivando telefonemas regulares.<br /></font></span></div><div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O S&atilde;o Paulo foi o clube que teve menos problemas.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Existem casos de atletas que nem ficavam no clube. Um palmeirense passou cerca de quatro meses sozinho em pens&atilde;o em S&atilde;o Paulo, paga pelo pai, &agrave; espera de vaga. Tinha 13 anos.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Al&eacute;m de jogadores e dirigentes, o Minist&eacute;rio P&uacute;blico do Trabalho planeja ouvir tamb&eacute;m psic&oacute;logos e m&eacute;dicos. O &oacute;rg&atilde;o n&atilde;o sabe como cartolas podem ser punidos. O tema &eacute; t&atilde;o novo para os procuradores que h&aacute; comiss&atilde;o de estudo para definir como ser&aacute; ele tratado e como ser&aacute; classificada a rela&ccedil;&atilde;o clube-adolescente. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′>&nbsp;</font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Por Mariana Lajolo e Ricardo Perrone</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Folha de S. Paulo (Painel FC), 16/12/2007</font></span></div></div>

Compartilhar:

+ NOTÍCIAS

Institucional

WhatsApp Image 2025-06-16 at 20.06.42

Martorelli se reúne com novo presidente da CBF, Samir Xaud

Institucional

WhatsApp Image 2025-06-15 at 17.49.11

Sindicato de Atletas SP participa de reunião com presidente da FIFA, Gianni Infantino

Social

WhatsApp Image 2025-04-23 at 16.10.37 (1)

Sindicato de Atletas SP recebe visita de representantes do projeto social Meninas em Campo