<div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Reportagens do jornal "Folha de S. Paulo" evidenciam o que o Sindicato de Atletas (SP) vem sustentando há muito tempo: não se pode privilegiar a "formação esportiva" com base nos resultados obtidos em campo porque essa tese é fantasiosa. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Segundo Martorelli presidente do sindicato muitos clubes que se destacam nas categorias de base e ocasionalmente revelam atletas, salvo raríssimas exceções, não é porque fazem um bom trabalho e sim porque os demais conseguem fazer um trabalho ainda pior e, principalmente, porque atuam num país onde brotam talentos erm todos os cantos e a todo o instante.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>"Gostaria de ver se os clubes precisassem de ter a tecnologia que desenvolveu a Petrobras para prospectar em águas profundas, colher conchas na áreia é muito fácil", comparou Martorelli. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Da Redação do Sapesp</font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A seguir as matérias veiculadas pela Folha. <br /><br /></font></span></div><div><strong><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Empresário ganha fama e assédio de pais<br /><br /></font></span></strong></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Nas categorias de base, os empresários iniciam uma ligação com os jogadores que vai além de conseguir uma vaga num grande clube. Bancam passagens para que visitem as famílias, dão material esportivo e muitas vezes mudam as famílias de suas casas humildes.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Recentemente tirei um garoto e seus pais da favela e os coloquei numa casa melhor. Acho que fica uma gratidão, mas, se ele vai continuar comigo ou não, deixo na mão de Deus", disse Luiz Julio Stryjer. Ele é procurador de uma das principais promessas do time sub-14 do Palmeiras. "Quando o garoto precisa, ajudo comprando uma passagem, uma chuteira", afirmou.<br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Para clubes, adolescentes matam aula<br /></strong><br />Palmeiras, Corinthians e Portuguesa não se sentem culpados nos casos de atletas que não estudam. Dizem que, na maioria dessas situações, é o jovem que não quer ir à escola. "Alguns reclamam que chegam atrasados ao colégio por causa dos treinos, então antecipamos os horários", diz Paulo de Salve, dirigente da Portuguesa.<br /><br /></font></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Quem mora no clube pode estudar lá graças a programa montado sob supervisão do MEC. Sobre um dos jogadores criticar as condições do alojamento até 2006, afirma que "nossa situação já foi ruim, agora é boa", referindo-se à troca de diretoria.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>No Palmeiras, uma assistente social foi contratada antes da visita do Ministério Público do Trabalho. E um restaurante será inaugurado nesta semana, atendendo às autoridades. O local já estava sendo preparado antes da visita.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Miguel Marques e Silva, do Corinthians, diz que o alojamento do Parque São Jorge passa por reforma.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>João Brito Alves, diretor do Villa Nova, diz que o clube não recebeu notificação e que o grupo fez a vistoria nas férias. <br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Atletas carecem de ajuda, dizem especialistas<br /></strong><br />Uma das principais dificuldades dos adolescentes que se aventuram no futebol é lidar com a pressão por resultados. "Eles acabam sendo cobrados como adultos. Cobrança vai existir, mas tem de ser dosada. Em excesso, pode prejudicar o rendimento e até outros setores da vida", diz Sâmia Hallage, psicóloga das seleções femininas de vôlei de base e adulta.<br /><br /></font></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A expectativa dos pais também pode ser prejudicial. Além do sonho de atingir a fama, muitos garotos carregam a esperança de se tornarem a principal fonte de renda da família. </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Os pais precisam controlar suas expectativas. E deve existir responsabilidade dos clubes, especialmente quando o atleta é dispensado. Muitas vezes ele perde o estudo, não vira jogador… É questão social<br />importante", diz João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Outra questão importante é a saúde dos jovens jogadores. Segundo especialistas, é necessário que todos passem por sérias avaliações físicas, inclusive com análise do coração. Além disso, os garotos precisam ter seus limites respeitados e exercícios bem dosados para evitar sobrecarga.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>"Em uma criança saudável, o esporte só tende a ajudar, não a prejudicar. Mas elas devem ser acompanhadas, para avaliar seu desenvolvimento", afirma Cláudio Gil Araújo, especialista medicina esportiva. <br /><br /></font><font face=’Verdana’><font size=’2′><strong>Depoimentos<br /></strong><br />Pais de jovens que sonham em ser craques contam a agonia de ver suas carreiras de longe. </font></font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Aos 11 anos, Júlio (nome fictício a pedido da família) decidiu que seria jogador de futebol. Vivia em João Pessoa (PB). Graças à ajuda de amigos, seu pai conseguiu testes no Corinthians e no Vasco. Queria dar um empurrão ao sonho do filho. Após dias de viagem, porém, Júlio voltou para casa, dois "nãos" na mala. O sonho teve de ser adiado por um tempo. Neste ano, um empresário se interessou pelo garoto e o chamou para participar da peneira do Cruzeiro.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Ele me ligou no primeiro dia feliz porque havia sido elogiado. Mas, no segundo dia, foi dispensado. Ele ficou arrasado, e eu também. Queria que ele voltasse e não tivesse mais de passar por tanta decepção", diz o pai,<br />Antônio (nome fictício).<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O empresário de Júlio, que seu pai nunca conheceu, logo conseguiu colocar o garoto no Londrina, outro clube do Paraná. Mas a alegria durou poucos dias. Júlio ligou para contar ao pai que mudaria de novo. O Londrina entraria em férias e fecharia o alojamento.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Ele me ligava chorando. Dizia que não podia mais estudar no novo time. E ele gosta dos estudos. Tinha medo, morava perto de um matagal, foi atacado por cachorros. Eu fiquei agoniado. Passamos uma semana sem dormir." Desesperado, o pai ligou para o Londrina. Queria que se responsabilizassem por seu filho. E, então, descobriu que o empresário havia mentido. "Eles me disseram que foi o garoto quem quis sair. Que, por eles, ele ainda estaria lá", diz o pai.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Júlio, 15, deixou o agente. Hoje ganha ajuda de custo de R$ 50, tem moradia, alimentação, vai à escola e está feliz. Só pena ainda para ver a família, que pede ajuda a amigos para pagar o ônibus. São quatro dias de<br />viagem.<br /><br />Roberto (nome fictício) já decidiu: vai juntar dinheiro e viajar com o filho de volta para o "sul". Quer ver de perto como está à vida e a carreira de Mateus (nome fictício). O garoto saiu de Rondônia aos 14 anos para ser jogador de futebol. Passou por clubes de São Paulo e Minas Gerais. A última parada foi o Villa Nova. A preocupação com o filho foi crescendo à medida que os telefonemas para sua casa começaram a aumentar. "Toda hora tem empresário ligando. Querem que eu assine papel em branco, falam em proposta do exterior. Sou pai eacho que está na hora de acompanhá-lo."<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Mateus só encarou os três dias de viagem de ônibus para casa uma vez em dois anos. A passagem foi paga por seu agente. O pai do adolescente conhece de perto a dor de uma carreira frustrada. Ele deixou Rondônia aos 15 anos, jogou em Curitiba, mas não vingou. "Sempre falo que nós temos para beber e comer. No resto, damos um jeito. É covarde quem não vai atrás de seus sonhos. Ele foi. E, se não der certo, a gente não tem que se frustrar." </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Antônio não sabe que o filho parou de estudar há dois anos. Aos 16, estudou até a oitava série. "Queria que ele estudasse, mas… Ele já ajudou no trabalho pesado, foi soldador, plantou café. Acredito na base que demos a ele."<br /><br /></font><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Final sub-14 tem briga e lama<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Jovens de Palmeiras e Barueri duelam sob chuva observados por fã fotógrafo, agentes e mãe boleira<br /><br />Dia que deveria ser nobre vira amostra nua e crua das agruras pelas quais passam os jovens aspirantes a estrelas do futebol<br /><br />"Pára de brincar, Robinho." A frase dita na manhã fria da última quarta-feira na Grande São Paulo a um jovem com menos de 14 anos bem que poderia ser para que ele saísse da chuva. Na verdade, era a ordem da mãe de um jogador do Barueri para que parasse de tentar entortar os adversários. Afinal, era decisão de campeonato.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O palco era o estádio municipal de Cajamar. O adversário, o Palmeiras. E o título em disputa, o da Supercopa da Associação Paulista de Futebol na categoria sub-14. Um dia nobre, uma decisão. Mas uma amostra nua e crua das agruras pelas quais passam os jovens atletas.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Cerca de 30 pessoas, a maioria parente dos jogadores, encararam a chuva para ver a decisão, sem nenhum glamour. Mas teve uma pitada do que há de pior: a violência. Dois pais brigaram por causa da atuação do árbitro, soltaram palavrões e por pouco não causaram tumulto generalizado.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Falo para o meu filho que não pode discutir com os outros. Tem que ter bom coração. Mas o outro falou da minha mãe, que está no céu", disse Eraldo Zamblauskas, pai de um dos jogadores do Palmeiras, justificando a<br />confusão.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Segundo testemunhas, seu desafeto foi até o carro, estacionado ao lado da acanhada arquibancada, e buscou um revólver, mas acabou contido por dois guardas municipais.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Até a briga, porém, era diferente das que explodem nos jogos dos profissionais. Enquanto os brigões eram contidos, ouvia-se gritos como: "Pára, pai" e "Sai logo, vô, corre". </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Perto dali, um torcedor solitário fotografava o jogo. Palmeirense, disse acompanhar as categorias de base há dois anos. Coleciona no computador fotos dos jovens atletas em campo. Enforcou o trabalho pela manhã, numa delegacia, para acompanhar o time. Temendo punição, não quis se identificar. Solitário, contou que às vezes leva a mulher aos jogos. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Em campo, os garotos ouviam broncas e orientações de uma mãe torcedora, que abusava de jargões boleiros, como "marca" e "pega", para incentivar os meninos do Barueri.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ao lado dos bancos de reservas, em pé, treinadores mais jovens do que os que comandam os times adultos repetiam o ritual de gritos e gestos comuns na lateral dos gramados. Tentavam empurrar seus pupilos que, no começo do jogo de dois tempos com 30 minutos cada um, já estavam enlameados.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>A correria não denunciava a rotina cansativa a que se submeteram no dia da decisão. Os meninos do Palmeiras acordaram por volta das 6h30. Seu ônibus deixou a concentração em São Paulo às 7h30. Mas o sofrimento maior ainda estava por vir. Depois do empate em 1 a 1, a decisão foi para os pênaltis. E dos dois lados os garotos imitaram os profissionais. Os não-relacionados pelo "professor" para a cobrança ficaram de joelhos, abraçados. Robinho, aquele que não podia brincar, desperdiçou um dos dois pênaltis que pararam nas mãos do palmeirense Valter. E viu o título escapar.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Como consolo, o jogador do Barueri ouviu os gritos do banco de reservas: "Você tem crédito. Valeu, Robinho". </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>A resposta veio dos suplentes palmeirenses: "Valeu mesmo, Robinho". Foi praticamente a última frase que pronunciaram antes de cantarem o hino do clube, abraçados. Depois, comemoraram com um banho de lama. E fizeram um pedido para Ademir Prevelato, diretor das categorias de base do clube: queriam ficar com a camisa histórica. "No vestiário, a gente vê isso", respondeu o cartola, para depois cochichar: "Vou dar as camisas para eles, só faço isso quando o time é campeão".<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Minutos depois, um empresário aparece no gramado para cumprimentar o dirigente. "Agente tem aos montes. Não apareceram muitos nesta final porque choveu",disse Prevelato. Em seguida, reuniu os garotos para cumprir a promessa de levá-los a uma churrascaria para festejar. Se perdessem, iriam direto para casa.<br /><br /></font></span></div><div><strong><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Empresário fez fama garimpando jovens atletas</font></span></strong></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Mais renomado, Wagner Ribeiro, empresário de Robinho, fez fama garimpando jovens atletas. Antes de Robinho, "descobriu" França e Kaká.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>"Eu levei a família do Robinho para uma casa melhor. Mas não paguei nada, consegui que o Santos bancasse um apartamento maior", conta o agente.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ele diz que hoje não sai à caça de novos talentos. "São os pais que me procuram." Sua maior aposta agora é Neymar, 15, do Santos, que tem remuneração de profissional. "Ele já pode contar com uma estrutura que a maioria dos garotos não tem. Já vi meninos que saíram do Nordeste e foram abandonados em São Paulo pelos agentes porque o clube não os queria." </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Promotoria investiga trabalho infantil<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Situação de garotos nas categorias de base dos clubes de futebol chama a atenção do Ministério Público do Trabalho<br /><br />A denúncia de um ex-jovem atleta que encerrou a carreira no futebol por causa de uma contusão ligou o sinal de alerta. O garoto relatava não ter recebido assistência médica do clube, problema comum nas categorias de base, dizia. Listava ainda uma série de dificuldades enfrentadas por jogadores que, como ele, sonhavam com o<br />sucesso nos gramados.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>O caso chamou a atenção do Ministério Público do Trabalho e desencadeou investigações pelo país que começam a desvendar a rotina nada glamourosa dos aspirantes a craques.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>"A denúncia não é de todo infundada", diz Mariza Mazotti de Moraes, coordenadora nacional de combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente, que levou o caso à coordenadoria nacional. À época, ainda não estava no cargo.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Ela não revela dados da investigação. No entanto, segundo a Folha apurou, apesar de o trabalho estar no início, já se nota um abismo na maneira como os times tratam os atletas. Há quem não deixe nada faltar. Mas o descaso é comum.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>As primeiras diligências revelam menores fragilizados pela distância da família, vulneráveis à ação de empresários e, em vários casos, fora da escola.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Em São Paulo, alguns clubes já foram vistoriados e responderão a perguntas que detalham suas relações com os garotos e as condições oferecidas.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Em Minas e no Paraná, agremiações também foram visitadas. Outros Estados estão começando as investigações.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>"Quando há problema, a primeira argumentação é a falta de recursos. Vamos dialogar com todos. Uma das coisas que queremos é criar contratos de aprendizagem", diz a promotora Cristiane Lopes, do Paraná.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Por causa da complexidade do tema, o Ministério Público do Trabalho não tem previsão para concluir a investigação.<br /><br /></font><strong><font face=’Verdana’ size=’2′>Vulnerável, jovem pena para estudar e rever a família<br /><br /></font></strong></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Distância dos pais deixa adolescentes mais dependentes de empresários, que ajudam a pagar viagens e telefonemas<br /><br />"Abandono" é uma das principais preocupações do MPT, que também aponta falhas no acesso à escola e nas condições de moradia<br /><br />Longe de casa, sozinhos, submetidos a um regime intenso de treinamentos, pressionados por resultados, os adolescentes que tentam vingar no futebol se tornam vulneráveis. </font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Essa é uma das principais preocupações na investigação do Ministério Público do Trabalho que verifica as relações entre jovens atletas e clubes. </font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>Nesse cenário, empresários que surgem como "salvadores" ganham cada vez mais espaço. Muitas vezes, os pais confiam a carreira dos filhos a desconhecidos que conquistam sua confiança com agrados aos garotos. </font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Funcionários dos clubes, que nem sempre conhecem os familiares, tornam-se referência. A pedofilia também preocupa.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"As preocupações são inúmeras. Como o fato de eles estarem longe da família no momento em que mais precisam", diz Mariza Mazotti de Moraes, coordenadora nacional de combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Alguns dos garotos chegam a ficar mais de um ano sem ver os pais. Muitos não têm dinheiro nem para telefonar para eles. Se não recebem ajuda de custo ou se ela é pequena, a dependência é ainda maior.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>A relação entre os clubes e os adolescentes, muitas vezes, também nem é registrada.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>"Há times que treinam os atletas como se eles não existissem. E isso pode dar problemas no futuro, como falta de ajuda previdenciária", diz Cristiane Lopes, promotora do Ministério Público do Trabalho do PR.</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><br /><font face=’Verdana’ size=’2′>O acesso à educação também é precário. A mudança constante gera perdas no prazo de inscrição na escola. Quem está matriculado, por causa de treinos e trânsito, muitas vezes, chega atrasado. E cansado demais para prestar atenção. Essa foi uma das principais lacunas apontadas em Minas Gerais, além de quartos quentes e apinhados. No Vila Nova, por exemplo, inspetores encontraram "banheiros fétidos".<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Em São Paulo</font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>, a Folha levantou junto a clubes alguns problemas vistos nas inspeções.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O Corinthians precisou levar garotos do alojamento no Parque São Jorge para Itaquera. Havia meninos de diferentes idades no mesmo quarto. As condições dos alojamentos também não eram adequadas. Uma reforma já começou.<br /><br /></font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>No Palmeiras, faltava restaurante e havia jovens fora da escola, como na Portuguesa. Um jogador do clube do Canindé disse que, em 2006, não havia faxineira no alojamento. Os meninos limpavam o local. </font></span><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Preocupada com a distância dos garotos dos pais, a assistente social palmeirense criou um programa para aproximá-los da família, incentivando telefonemas regulares.<br /></font></span></div><div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>O São Paulo foi o clube que teve menos problemas.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Existem casos de atletas que nem ficavam no clube. Um palmeirense passou cerca de quatro meses sozinho em pensão em São Paulo, paga pelo pai, à espera de vaga. Tinha 13 anos.<br /><br /></font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Além de jogadores e dirigentes, o Ministério Público do Trabalho planeja ouvir também psicólogos e médicos. O órgão não sabe como cartolas podem ser punidos. O tema é tão novo para os procuradores que há comissão de estudo para definir como será ele tratado e como será classificada a relação clube-adolescente. </font></span></div><div><font face=’Verdana’ size=’2′> </font></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Por Mariana Lajolo e Ricardo Perrone</font></span></div><div><span style=’FONT-SIZE: 8pt’><font face=’Verdana’ size=’2′>Folha de S. Paulo (Painel FC), 16/12/2007</font></span></div></div>