Após a desfeita da Fifa na eleição de melhor do mundo de 2004, os atletas apostam agora em sua própria votação para apontar o melhor jogador da temporada.
A FIFPro (Federação Internacional de Jogadores Profissionais), que contribuiria com cerca de 20% dos votos da eleição que apontou Ronaldinho como melhor do planeta no ano passado, mas acabou vetada no final, divulgou ontem os nomes dos 55 atletas mais bem votados em sua própria eleição, que contou com a participação de 38 mil jogadores.
A tradicional eleição da Fifa, que acontece desde 1991, só passou a contar com os "boleiros" no ano passado. Porém só os capitães das seleções acabaram tendo direito a voto -Cafu representou o Brasil. Na primeira eleição realizada pela FIFPro, participaram cerca de mil brasileiros.
"Recebemos 2.000 formulários, e metade disso foi preenchida. Teve voto de São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Pará… Quase todos os atletas de São Paulo, Palmeiras e Corinthians votaram", disse Rinaldo José Martorelli, vice-presidente da Fenapaf, Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, que é filiada à FIFPro.
Segundo Martorelli, a nova eleição destacará mais a entidade que congrega os sindicatos de atletas e será rival natural do prêmio da Fifa. "A idéia não é rivalizar com a eleição da Fifa, mas acabará sendo uma concorrência. É como água e óleo, que ficam juntos mas não interagem. A idéia dessa eleição vem de uns dois anos. Mas houve um mal-estar, lógico, depois do que ocorreu na eleição passada da Fifa. A FIFPro precisava de um evento assim para aparecer."
Haverá celebração no dia 19 de setembro na Inglaterra. Com a presença de 1.500 convidados, será apontada a primeira "seleção do mundo", a escolha dos 11 melhores jogadores de cada posição na temporada na opinião dos próprios atletas. Além disso, o jogador mais votado será eleito o melhor do mundo. Uma comissão homenageará uma "lenda da bola", e votação pública apontará a "revelação da temporada".
Assim, a FIFPro dá uma forte resposta à Fifa, que alegou "falta de tempo" para descartar votos das 46 associações nacionais de atletas na sua premiação passada. "Eles [FIFPro] não poderiam providenciar seus votos em tempo", disse em dezembro à Folha Andreas Herren, chefe do departamento de comunicação da Fifa.
A entidade que reúne sindicatos colheu votos entre abril e julho. "Os jogadores podiam votar em si mesmos. Muitos no Brasil, acho, não entenderam bem. Quase todos votaram em brasileiros que atuam na Europa", falou Martorelli -na eleição da Fifa, não se vota em alguém do mesmo país.
Mais da metade das associações filiadas à FIFPro ficam na Europa. A cúpula da entidade é formada por seis europeus, um argentino e um africano. A entidade tem se aproximado da Fifa nos últimos anos, mas a relação entre elas vez ou outra sofre turbulências.
Dentre os 55 nomes, estão os de nove brasileiros. Os ingleses dominam a lista, com dez jogadores destacados -a liga inglesa foi a que teve mais atletas na pré-lista da seleção do mundo (19). Todos os relacionados atuam na Europa.
Por RODRIGO BUENO
UOL Esporte
Da FolhaPress – SP