Fabio Giannelli | Redação SAPESP
Hoje, 18 de maio, é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. Somente em 2015 e 2016, mais de 37 mil denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos chegaram através do Disque 100, canal criado pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
O drama que atinge nossos brasileirinhos e brasileirinhas também é recorrente no futebol, principalmente entre os jovens atletas das categorias de base, onde o assédio sexual ainda é considerado um tabu quando o assunto é debate, prevenção ou denúncia.
Com o objetivo de quebrar barreiras e propor ampla discussão sobre o tema, o Sindicato de Atletas Profissionais de São Paulo anunciou nesta quinta-feira a criação de uma campanha estadual de combate ao assédio sexual no futebol, com lançamento previsto para a próxima semana.
Alexandre Montrimas, ex-goleiro com passagens por Botafogo, Bragantino e Portuguesa, será o embaixador da campanha. Ele é autor do livro – FUTEBOL: SONHO OU ILUSÃO e percorrerá as categorias de base dos clubes paulistas ministrando palestras de conscientização e distribuindo livros e cartilhas aos futuros craques.
“Visitaremos os atletas da base de diversos clubes do estado levando informação, prevenção e incentivando a denúncia. O Sindicato de Atletas de São Paulo é a primeira entidade a abrir as portas para esse trabalho mais amplo no futebol, em nível estadual. Todos estão convidados a colaborar de alguma forma, jogadores, empresas e entidades. É uma luta que começa aqui, mas é de todos”, convoca Montrimas, que no último domingo concedeu entrevista sobre o tema ao programa Esporte Espetacular.
Para Rinaldo Martorelli, presidente do sindicato de atletas, a conscientização dos profissionais que fazem o dia a dia do futebol será fundamental para que esse mal seja definitivamente expulso dos vestiários e alojamentos da base.
“De todos os problemas do futebol, esse é o que mais me arrepia. Ter um filho menor de idade, longe de casa e morando em alojamento, é um pânico para todos os pais. Por isso entramos de vez nessa luta, ao lado do Alê Montrimas que é pioneiro no assunto. O sindicato percorrerá todo o estado levando informação, prevenção e mostrando o caminho para a denúncia”, observou Martorelli, que também foi goleiro e vestiu por 204 vezes a camisa do Palmeiras na década de 1980.
NÚMEROS (Agência Brasil)
Nos anos de 2015 e 2016, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, por meio do Disque 100, recebeu mais de 37 mil denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos, o que corresponde a 10% das ligações feitas à central telefônica.
Os crimes de abuso sexual (72%) e exploração sexual (20%) foram os casos mais citados. As demais ligações estavam relacionadas a outras violações como pornografia infantil, sexting (divulgação de conteúdo por meio de celulares), grooming (tentativa do adulto para conquistar a confiança da vítima), exploração sexual no turismo e estupro.
Sobre o perfil das vítimas, a maior parte delas é formada por meninas (67,69%), seguida por meninos (16,52%) e não informados (15,79%). Homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (42%) são apontados como autores da maioria dos casos.
Cerca de 40% do total de denúncias eram referentes a crianças de 0 a 11 anos. As faixas etárias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos correspondem, respectivamente, a 30,3% e 20,09% das denúncias. No ano passado, os estados de São Paulo, Minas Gerais, da Bahia, do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul foram os cinco que lideraram o ranking das mais de 14 mil denúncias feitas por meio do Disque 100.
COMO DENUNCIAR?
Desde 2013, o Sindicato de Atletas SP mantém um canal exclusivo de denúncias relacionadas a futebol. O site www.denunciasdofutebol.com.br, criado em parceria com a Soccer Digital, já ajudou centenas de atletas e profissionais do esporte, ou pelo Disque 100, canal para denuncias de crimes de abuso sexual infantil.