Rinaldo Martorelli (presidente) e Guilherme Martorelli (Coordenador Jurídico) estiveram presentes no encontro
No dia 08 de novembro de 2025, a FIFA reuniu, em sua sede africana em Rabat, Marrocos, 30 sindicatos de jogadores, representantes de quatro continentes, para o início de conversações que servirão de base para as relações oficiais entre a entidade mundial e os trabalhadores atletas profissionais de futebol.
A reunião foi comandada pelo presidente Gianni Infantino e pelo secretário-geral Mattias Grafström.
Agenda: pontos importantes debatidos
– Criação de um fundo de 20 milhões de dólares para o auxílio de jogadores que não conseguirem receber seus salários
– Representação dos representantes dos jogadores nos mais variados comitês da FIFA
– Plano de educação, capacitação e desenvolvimento para sindicatos
– Discussões em âmbito jurídico como a revisão do Regulamento de Transferências Internacionais
– Acompanhamento e análise das condutas das Câmaras Nacionais de Resolução Disputas – que deverão acompanhar as orientações da FIFA em sua representação e legislação aplicada
– Requisitos mínimos a serem observados obrigatoriamente nos contratos dos jogadores e na atuação do Tribunal do Futebol.
Todos esses temas serão tratados em diversos Grupos de Trabalho, que serão constituídos pela entidade maior do futebol, com as indicações de representantes feitas por esse grupo de sindicatos.
Sindicato Paulista atuante
O presidente do Sindicato de Atletas SP, Rinaldo Martorelli, fez várias intervenções. Numa delas, lembrou as primeiras tratativas sobre os pontos abordados em Nova York, na partida final do Mundial de Clubes.
“O surgimento da possibilidade dessa relação direta com a FIFA pode representar um grande avanço e repercutir nas relações dos atletas no Brasil. Quando coloquei a questão salarial, a falta de pagamento ou o constante atraso, não porque ele não soubesse, mas porque o Infantino percebeu a necessidade de trabalhar melhor a questão. E, se for de cima para baixo, poderemos obter o resultado que não temos conseguido até aqui. As instituições esportivas e políticas no Brasil não se importam em proteger o trabalhador de seus clubes, desde que consigam o resultado desportivo que esperam”, cutucou Martorelli.
FIFPro fora do páreo
O Diretor Jurídico da FIFA, Emílio Garcia, criticou duramente a FIFPro (Federação Internacional de Jogadores Profissionais), até então detentora exclusiva das indicações. Segundo Garcia, a postura conflitiva, que não estabelece diálogo em alto nível, deixará a entidade fora das próximas comissões e comitês.
Experiência própria
Martorelli relembrou sua passagem e atuação como vice-presidente mundial e presidente da Divisão Américas da FIFPro. E explicou os motivos que o levaram a renunciar, em 2017.
A explicação do brasileiro corroborou a fala de Infantino, que afirmou que a FIFPro não atua com lealdade. Em vez de debater os temas com a FIFA, prefere agredi-la por meio da mídia mundial. Além de perder a interlocução, não terá mais nenhuma indicação em nenhuma Comissão ou Comitê. Por sua postura, que não propõe nada de construtivo, perdeu a condição adquirida pela imposição do Tribunal Europeu.
Gente que faz
Desta forma, com a necessidade de diálogo com os representantes dos jogadores, abriu-se a possibilidade de que aqueles que verdadeiramente querem contribuir apresentem propostas que tragam equilíbrio às relações de trabalho do futebol, protejam a saúde dos atletas e conciliem com os atuais interesses comerciais.
“Quando presidia a FENAPAF (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), consegui convencer a CBF a criar a CNRD. Ela poderia, então, no âmbito desportivo, com gente que, teoricamente, entendesse das relações no futebol, trazer equilíbrio e responsabilidade à gestão, o que faria o futebol subir vários degraus em matéria humana e na retomada da credibilidade internacional. Mas houve uma deturpação no regulamento e agora surge a possibilidade de arrumarmos com uma imposição da FIFA, porque se encontra fora dos parâmetros estabelecidos”.
O terceiro encontro entre Martorelli e Infantino foi considerado um sucesso. Agora, o grupo atuará na criação das Comissões de Trabalho, que certamente contarão com a presença dos representantes do Sindicato de Atletas SP.