O presidente do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, Rinaldo José Martorelli, foi destaque em entrevista ao site do Sindicato de Atletas de Portugal.
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Qual o cargo que desempenha na Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF)? Como é que surgiu a oportunidade de integrar o sindicato?
Presido a FENAPAF e o Sindicato de São Paulo. Em 1993, quando atuava no EC Taubaté, fui convidado para fazer parte da direção do sindicato de São Paulo por um antigo companheiro de Palmeiras porque era eu quem discutia os direitos dos jogadores com a direção e então acabei por ficar como presidente. Presidi o Sindicato ainda como jogador durante quase três anos e depois de impor resistências à Federação de São Paulo fui obrigado a terminar a minha carreira porque nenhum clube local podia me contratar.
Quais são os principais serviços prestados pelo sindicato?
Pagamos os direitos de televisão aos jogadores, atuamos nos mais variados níveis políticos, protocolos com universidades e escolas, orientação profissional e jurídica, acompanhamento profissional, centros de recuperação física, ações para jogadores sem contrato, etc.
Qual o maior problema que afeta os jogadores no Brasil?
É o descumprimento salarial. O único Estado, por enquanto, que o resolveu nas principais divisões de futebol foi São Paulo. Depois de árdua negociação conseguimos com a Federação Paulista incluir no regulamento da competição a penalização dos clubes devedores através da perda de pontos e o descumprimento salarial desapareceu. Foi o marco para trabalharmos no resto do país.
Como acompanha o trabalho da FIFPro? E o da Divisão América?
Sou membro do Comité Executivo da FIFPro como representante das Américas e presidente da Divisão, ou seja, atuo diretamente na organização dos sindicatos do nosso continente que, diga-se de passagem, está muito coordenado com os objetivos sindicais mundiais na defesa dos jogadores.
Quais as mudanças mais importantes é que se registaram no sindicato?
A principal conquista foi o fim do passe no país, e foi um trabalho iniciado oficial e institucionalmente no Sindicato de São Paulo. Trabalhamos muito com o Pelé quando este era ministro, municiando e esclarecendo os deputados para que votassem a favor dos jogadores.
Dar a cara e defender os jogadores contra clubes poderosos acarreta alguns dissabores. Já passou por alguma situação especialmente difícil?
Já ocorreu e ainda ocorre. Quando defendíamos a extinção do passe recebi várias ameaças de morte por telefone. O ambiente era muito tenso porque estávamos mexendo com gente poderosa que tinha interesses que não eram o de defender os clubes. Isso foi de 1996 a 1998. Recentemente, quando interviemos com dois grandes clubes grandes (São Paulo e Corinthians), os adeptos enviaram-me vários emails com ameaças de morte. Felizmente nunca aconteceu nada.
Como avalia a relação entre os sindicatos português e brasileiro?
Como é grande a quantidade de jogadores brasileiros atuando em Portugal, temos que aproveitar e talvez estabelecer uma comunicação semanal mais estreita. Muitas vezes, a adaptação nem sempre é fácil.
Qual é a sua opinião sobre o SJPF?
Vejo o sindicato português muito bem preparado para defender os direitos dos jogadores e no presidente Joaquim Evangelista um líder preparado e muito disposto a procurar o melhor para a classe, e que não tem medo de enfrentar situações muito delicadas.
Quer deixar uma mensagem para os futebolistas brasileiros que jogam em Portugal?
Que os brasileiros entrem em contato com o sindicato, orientem-se e tentem manter-se totalmente informados sobre os seus direitos e deveres. Que honrem o nome de nosso país com uma conduta profissional e ética, acima de tudo.
QUEM SOU EU:
Rinaldo José Martorelli
Idade: 50 anos
Posição: Goleiro
Clubes: Sete de Setembro, Palmeiras, Náutico, Taubaté, São Caetano, Pelotas, Goiás, Paysandu, Noroeste de Bauru e Esportivo de Passos.