Jansen Serra – enviado a Itu-SP
Na última segunda-feira, 01/12/2014, a cidade de Itu em São Paulo recebeu 243 pessoas no primeiro Fórum promovido pela FBTF – Federação Brasileira de Treinadores de Futebol.
Entre os presentes ao evento estavam 153 treinadores de futebol de todas as regiões do Brasil, acompanhando os debates apresentados por Paulo Roberto Falcão. E logo na abertura Falcão convocou para o palco Carlos Alberto Parreira e Alexandre Gallo para debater sobre as táticas do futebol.
“Foi muito bom, queria mais tempo para poder falar, entrar na questão tática, que é uma questão que gosto bastante, mas esta troca de informação, esse aprendizado é para todos, inclusive para mim também”, afirma Gallo, treinador das categorias de base da seleção brasileira.
Seguindo a programação do evento, foi a vez de falar sobre ética e os treinadores escolhidos para este debate foram Muricy Ramalho e Emerson Leão, tema polêmico tratado por dois treinadores vitoriosos e com muita personalidade.
Para Muricy ainda é possível que a ética prevaleça no futebol. “Tem jeito sim, o que eu estou vendo aqui, quem é técnico sabe, a gente enxerga as pessoas e estamos vendo aqui muita gente de caráter. Então na está nada perdido, temos treinadores excepcionais, além de treinadores bons, temos treinadores com caráter. Eu tenho muitos amigos no futebol, então nada está perdido, depende de nós isso aí e passo também para o sindicato de treinadores para ter um pouco disso. Mas para isso, tem que mudar um pouco as leis, porque no Brasil se deixarmos só para as pessoas resolverem não dá certo”.
Para Leão todos podem ajudar a melhorar, inclusive os próprios treinadores. “O que serve para a imprensa, para a diretoria, para os torcedores, serve para o treinador. Acho que não tem que esconder o sol com a peneira não, tem certas coisas que ele precisa entender a limitação de onde ele trabalha, se você não tem competência para fazer uma coisa, não insista negativamente nela, vá dentro daquilo que é possível. Eu acho o seguinte, primeiro é sempre bom rever um grupo de treinadores tão grande, alguns conhecidos, outros desconhecidos e poder transmitir à eles cinquenta anos de carreira. Então como eu falo que o arquivo vivo ajuda, ajuda bastante”.
Para fechar o período da manhã, Falcão teve ao seu lado Dorival Junior e Wagner Mancini, falando sobre relação profissional do treinador com a equipe de trabalho multidisciplinar. Mancini explicou o tema. “O futebol moderno, uma estrutura moderna, requisita que o técnico hoje ele não fique restrito apenas aquilo que antigamente era feito dentro de campo e que você tenha também uma atuação nos outros departamentos do clube. E quando se fala de uma equipe multidisciplinar de trabalho, nada mais é do que todos os departamentos, que seja um conjunto e que o treinador, obviamente, conheça um pouco de cada um deles”.
Dorival Junior acredita em capacitação e divisão de responsabilidade. “Eu acho que primeiro uma capacitação de todos nós, uma melhora gradual, mas acima de tudo consistente de todo mecanismo que envolva mo futebol. Segundo, uma chamada de responsabilidade, eu acho que esta responsabilidade tem que ser um pouco mais dividida entre todos os segmentos que fazem o futebol. E a partir daí começaríamos a abrir caminhos para que possamos dar uma mudada em toda esta concepção que temos e vemos que estamos caminhando na contra mão da história. Futebol tem que se reinventar, o futebol brasileiro precisa de um pontapé inicial para que tudo isso aconteça e eu espero que esta iniciativa da FBTF seja o início de um novo processo”.
O fórum seguiu no período da tarde, desta vez Paulo Roberto Falcão teve ao seu lado uma equipe, Gilson Kleina, Enderson Moreira, o preparador físico Moraci Santana e Doutor Turibio Leite debateram temas que os treinadores há muito tempo pedem atenção, o calendário do futebol brasileiro, pré-temporada, preparação e recuperação dos atletas.
A cada dia que passa as partidas de futebol ficam ainda mais intensas e como calendário apertado, não é possível trabalhar corretamente a parte técnica e tática, como afirma Gilson Kleina. “O treinador hoje não é mais responsável só pelos atletas, ele é gestor de toda equipe de trabalho e hoje você tem que, não só ter o elo de confiança, mas temos que respeitar o posicionamento do fisiologista, preparador físico, fisioterapia e a intensidade do jogo aumentou muito para a recuperação dos atletas. Então muitas vezes passamos a semana regenerando e jogando, não fazendo o trabalho técnico e tático que deveria ser feito”.
E para fechar o evento com a grandiosidade merecida, Max Gehringer, referência em gestão empresarial e um dos principais palestrantes do país, subiu ao palco para falar sobre a nobre profissão de Treinador de Futebol, contando um pouco da história desta importante profissão no futebol brasileiro.
A Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol encerrou o evento agradecendo todos pelo sucesso do evento e adiantando que um próximo fórum já está em planejamento.