A constante evolução do futebol exige que o jogador adquira competências, entre as quais, a capacidade de tomada decisão e o conhecimento específico do jogo podem ser determinantes em uma partida. Segundo Izquierdo (2011) o indivíduo só é capaz de fazer as coisas que estão armazenadas na memória, definida por ele como a aquisição, formação, conservação e evocação de informações. Para este autor, a memória exerce influência sobre muitos processos cognitivos, e sua formação depende de repetição sistemática de determinados acontecimentos.
O treinamento no futebol deve ter qualidade e número de variações que possibilite a formação de jogadores taticamente desenvolvidos. Foi assim, com inúmeros estímulos de uma só vez, que na década de 1960, Edward Bennett e seus colaboradores, detectaram aumento do número de sinapses no córtex cerebral e no hipocampo de animais de laboratório (Izquierdo, 2011).
O conhecimento específico sobre o jogo, experiências e vivências têm sido consideradas essenciais para que os jogadores consigam resoluções para os problemas apresentados no jogo. Afinal, parece já estar claro que o bom jogador é caracterizado pela capacidade de ajustar-se não somente às situações que vê, mas também às que prevê.
É possível afirmar, portanto, que conhecimento, memória e aprendizagem, apesar de serem processos cognitivos distintos, estão em contínua interação (Garganta; Pinto, 1994; Oliveira, 2004).
Em estudo que estava, em 2009, sendo desenvolvido por Hubert Ripoll, com colaboração de Vincent Ferrari e Mohamed Sebanne, os resultados indicaram que jogadores e treinadores com mais de 10 anos de treino processam as informações relevantes com maior velocidade que indivíduos que jogam futebol de maneira recreativa e telespectadores.
Na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o MTTS já está sendo utilizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol (NUPEF). São estudos em nível de mestrado em andamento, pioneiros na UFV. Em uma dessas pesquisas, o objetivo é analisar a relação da memória com o comportamento e o desempenho tático de jogadores de futebol da categoria sub-13.
Com os resultados obtidos através da avaliação com o MTTS, espera-se que seja possível oferecer aos treinadores das categorias de base do futebol brasileiro informações úteis ao desenvolvimento de treinos que contribuam para o desenvolvimento de jogadores autônomos e taticamente evoluídos.
No campo da ciência, é previsto que estes estudos ofereçam significativa contribuição para o avanço do entendimento da relação entre a cognição e a tática no futebol.