Entrevista do presidente do Sapesp, Rinaldo Martorelli, ao Jornal Folha de S.Paulo.
O Sindicato dos Atletas Profissionais foi consultado pela CBF para opinar sobre a nova regra? Apoia a medida que será adotada no Campeonato Brasileiro deste ano?
Não só apoia a medida como fomos nós que a introduzimos no cenário brasileiro. Primeiro o Sapesp negociou com a FPF que agora a tem em todos seus regulamentos e depois a Fenapaf encaminhou a discussão para a CBF que acabou adotando o mesmo critério que com essa aceitação fica fácil sua inclusão de forma legal.
Regra semelhante já existe no Paulista. Para o clube ser punido é necessário que os jogadores denunciem seus empregadores, o que nem sempre ocorre por temor. O quanto esse problema dificulta a fiscalização dos clubes atrasados? Haveria uma alternativa?
A regra foi pensada inicialmente com base na lei para que não houvesse nenhuma possibilidade de anulação. Não se aceita, em regra, processo baseado em denuncia anônima. Uma exceção acontece quando a denuncia anônima existente no processo penal venha acompanhada das devidas investigações preliminares para comprovar os indícios apontados. Então, a justificativa do temor do jogador só pode ser defendida para os que não têm o mínimo conhecimento, e comprometimento, com a lei, que não é nosso caso. Embora esse tema seja controverso, estamos negociando uma forma de fazer valer o procedimento sem a participação direta do jogador.
Por fim, qual sua avaliação do projeto de lei do deputado Vicente Cândido (PT-SP) sobre refinanciamento das dívidas dos clubes brasileiros e das contrapartidas?
Desde a criação da Timemania defendíamos as contrapartidas. O governo daquele momento, que é o mesmo que está no poder hoje, não quis incorporar nenhuma ferramenta que obrigasse os clubes ao compromisso de uma gestão financeira equilibrada e mostrou que tínhamos razão. Não é novidade que os clubes, em sua maioria, somente respondem bem às normas se obrigados a fazê-lo. A perda de pontos é meio mais eficiente pela aplicação imediata da sanção.
Temos uma crítica quanto ao PL que é deixar de fora o passivo trabalhista dos clubes. Evidente que de uma maneira geral poderia se entender que os clubes desafogados quanto às suas dividas fiscais e tributárias poderão pagar o que devem de salários atrasados aos atletas, mas não julgamos tal fato como suficiente. Encaminhamos sugestões de contrapartidas e de fazer valer uma maneira de os atletas receberem seus créditos salariais.