Redação Sapesp
São Paulo (SP) – Que os atletas profissionais, principalmente os famosos, tem suas vidas expostas isso todo mundo sabe. Entretanto, o que era para ser incômodo ou no máximo inoportuno vem se tornando pesadelo para muitos jogadores de futebol no Brasil, principalmente nos grandes clubes das capitais.
As famosas e muitas vezes tentadoras baladas noturnas regadas a amigos, mulheres e diversão, são de longe as grandes vilãs da relação torcedor-atleta. Diversos casos no passado chegaram ao extremo, como do atacante Romário que chegou as vias de fato com um torcedor do Fluminense durante um treino nas Laranjeiras.
Mas afinal. Quando um torcedor intimida, persegue ou agride um atleta, quem é o responsável por sua proteção?
"Muitos tem a falsa impressão de que o Sindicato deve agir nesses casos de agressões e coação de torcida contra atletas. Nossa entidade não tem autoridade policial e nem o papel de proteger jogador na vida particular. Isso é papel da polícia, do ministério Público e também do clube, que deve zelar pela segurança de seus atletas em viagens, treinos e jogos", explica Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato Nacional de Atletas.
O assunto voltou a torna nesta semana após torcedores de Palmeiras e Fluminense anunciarem um sistema de Disque-denúncia. No caso paulista, conta até com informantes em casas noturnas de São Paulo para dedurar os frequentadores boleiros. A ideia é que torcedores mandem fotos, vídeos ou simplesmente o relato pessoal por e-mail, caso se deparem com algum atleta cometendo exageros na noite.
“Você que está insatisfeito com a falta de comprometimento por parte dos jogadores do Palmeiras, chegou a sua hora de entrar em ação”, diz a mensagem escancarada na página principal do site da maior torcida organizada do Palmeiras.
SINDICATO APOIA ATLETAS E CLUBE
Ao tomar conhecimento da informação de que uma torcida organizada da S.E. Palmeiras havia exposto em seu site uma campanha para vigiar atos da vida privada dos jogadores palmeirenses, o Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo imediatamente colocou a disposição dos atletas seu Departamento Jurídico. "Entendemos que essa manifestação pode incitar à violência, além de levar ao constrangimento ilegal. Nosso papel é preventivo, podemos agir em casos como esse. Mas a partir do momento em que algum ato de violência é consumado o sindicato abre espaço para as autoridades e a justiça", interpreta Luis Eduardo Pinella, ex-zagueiro do S.C Corinthians Paulista nos anos 80 e atual vice-presidente Financeiro do Sindicato Paulista.
O documento da manifestação do SAPESP foi encaminhado à Presidência do clube alviverde, além dos Departamentos Administrativo e de Futebol, gerenciado pelo Sr. Sérgio do Prado, ex-diretor do E.C Santo André e que desde fevereiro de 2009 atua na diretoria palmeirense.
"O Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo condena qualquer ato de perseguição ou constrangimento de torcedores contra atletas e associados e reitera o compromisso de fiscalizar e assistir os mesmos em casos de reincidência no futuro", finaliza Pinella.
PRESIDENTE DE ORGANIZADA É PRESO
Os manifestos dos torcedores, liderados pela maior organizada do clube, teve seu "cabeça" tirado de cena nesta semana. O ex-presidente da Mancha, Neilo Ferreira e Silva, conhecido como “Lagartixa”, foi condenado a quatro anos de reclusão e 10 meses de detenção. E o ex-presidente do Conselho Fiscal da agremiação, Janio Carvalho dos Santos, a dois anos de reclusão e 10 meses de detenção. Infelizmente, pela brecha de uma lei branda e conivente, ambos poderão recorrer em liberdade.
De acordo com a denúncia, torcedores da Mancha Alviverde, liderados por Neilo e Janio, tentaram invadir a sede social do clube, sendo barrados por dois seguranças que foram então agredidos a socos e pontapés. Um deles ainda foi ofendido por Janio, que utilizou palavras referentes à sua cor para depreciá-lo.
Ao final do processo, o juiz condenou os dois ex-dirigentes da Mancha Alviverde pelos crimes de lesões corporais contra os dois seguranças, incitação à violência e formação de quadrilha. Neilo ainda foi condenado pelo crime de injúria racial. Ambos tiveram a pena mínima de cada crime aumentada pela metade em razão das circunstâncias apuradas nos autos.
Segundo a sentença, “as vítimas e policiais ouvidos em Juízo confirmaram que conhecem a fama dos acusados, sabendo que são pessoas acostumadas à prática de atos violentos, até pelo fato de terem sido líderes de torcida uniformizada conhecida por envolvimento em brigas com torcidas de outras agremiações e até do mesmo clube”.