O presidente da Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol), Rinaldo Martorelli, e o vice-presidente Alfredo Sampaio estiveram reunidos na tarde desta terça-feira (15 de outubro) na sede da CBF, com o presidente em exercício, Marco Pólo Del Nero, junto com demais diretores da entidade sindical e representantes dos sindicatos dos estados do Rio de Janeiro, William Cesar de Oliveira, do sindicato de Goiás, Marçal Filho, do Ceará, Marco Gaúcho e do Rio Grande do Sul, Ivo Amaral.
O encontro serviu para discutir vários assuntos de interesse do futebol brasileiro que já vinham sendo debatidos há algum tempo entre a Fenapaf e os sindicatos estaduais.
“Não é novidade para a CBF nossas propostas porque há muito tempo as discutimos. O fato é que na gestão anterior não conseguíamos a aproximação, porém tudo mudou para melhor com a nova diretoria”, afirmou o vice-presidente da Fenapaf, Alfredo Sampaio.
“A negociação leal foi que nos trouxe até aqui. Queremos buscar soluções calcadas em base sólidas e que assegurem os interesses de todos os futebolistas. Os que jogam pela 2ª Divisão do Acre e no Veranópolis do RS não podem ficar fora da nossa preocupação por exemplo. Seria fácil se estivéssemos preocupados em contemplar direitos de meia dúzia de atletas. Procurar firmar acordos que visem a satisfação de todos requer conhecimento, experiência e comprometimento. Nosso trabalho está dirigido para os futebolistas e não para a torcida”, ressaltou Rinaldo Martorelli, presidente da Fenapaf.
A oficialização das tratativas, que não é terminativa, está focada inicialmente em alguns pontos relacionados abaixo.
– Calendário Nacional:
Muitas questões complexas se inserem neste tema. Aspectos geográficos, números de clubes participantes em competições nacionais por Estado, número de participantes nas competições regionais, etc. Tudo muito variado e ainda permeado com interesses distintos, de divisão para divisão, de Estado para Estado. Aquilo que pode ser aplicado para as equipes da primeira divisão nem sempre satisfaz os interesses dos clubes da segunda divisão.
Alguns poucos clubes participando de várias competições simultaneamente porque precisam buscar mais recursos financeiros enquanto outros com datas por preencher. A sobrecarga de participação dos atletas profissionais no primeiro contexto tem sido nosso problema.
Com base em tamanha discrepância e para satisfazer, na outra ponta, as necessidades dos nossos representados no que diz respeito à preservação da saúde, é que entendemos que a melhor solução seria a de que os clubes possam participar de quantas competições queiram desde que seja limitada a participação dos atletas a um número de 66 partidas durante o ano e ainda que o intervalo de 66 horas fosse respeitado para a inclusão de um mesmo atleta entre uma partida e a próxima.
Nesse aspecto levamos em conta as distâncias percorridas e a logística das viagens em nosso país, além do laudo fisiológico elaborado pelo consultor Dr. Turíbio Leite de Barros.
– Férias de 30 dias:
Tema já foi fruto de regulamentação e não carece de novas discussões. No ano de 2005, por força de ação judicial, os 30 dias de férias passou a ser regulamentado. Somente sofrendo alterações quando ocorre uma anormalidade, no caso de disputa do Mundial de Clubes, Copa do Mundo, etc.
– Pré-temporada:
Esse tema também já foi discutido e resolvido com a Rede Globo de Televisão – detentora dos direitos de transmissão – representado por seu Diretor Executivo Marcelo Campos Pinto. A partir de 2015 não haverá jogos, pelo menos os oficiais, no mês de janeiro o que proporcionará uma pré-temporada mais adequada às necessidades de preparação física dos nossos futebolistas.
Para 2014, entendemos que dentro da atipicidade que se apresenta com a Organização da Copa do Mundo no Brasil, são as Federações Estaduais que devem buscar, nos entendimentos com os respectivos sindicatos, as soluções que possam satisfazer minimamente tal questão.
– Inibição do inadimplemento salarial:
Desde 2011 foi instituído no regulamento do Campeonato Paulista que o clube inadimplente, depois do direito constitucional de defesa, perde 03 pontos a cada denúncia formulada e não satisfeita, entendemos ser esse mesmo o caminho para uma mudança na responsabilidade financeira dos clubes que participam dos campeonatos nacionais, por ser o mais prático e o mais assertivo. Se fossemos buscar a referência do Fair Play Financeiro instituído pela UEFA que impõe, por exemplo, que dentro de sua estrutura o clube deve ter um Centro de Treinamento e entre outras coisas, para poder disputar um campeonato oficial. Com isso, demoraríamos pelo menos cinco anos para trabalhar a questão do inadimplemento salarial, questão que não favorece a classe.
– Participação nas decisões do futebol nacional:
Entendemos ser de suma importância que tenhamos participação nas Comissões compostas pela CBF para colaborarmos nas tomadas de decisões. Assim como a FIFA, a UEFA e agora a Conmebol vêm fazendo nessa cooperação de resultado positivo.Sabemos que temos muito a contribuir não somente pela experiência de dentro dos campos de nossos diretores, como também a preparação pessoal e a preocupação com o futebol que permeia nosso trabalho.
– Tribunal de Arbitragem (Câmara Nacional de Resolução de Disputas/CNRD para a FIFA)
Embora imposição da FIFA para satisfazer as necessidades de conciliação entre futebolistas e clubes, a CNRD composta pela CBF não vem sendo aproveitada.
Sua conformação não respeita os ditames da Circular 1010 combinados com as previsões do Regulamento de Transferência da FIFA, por isso entendemos que o resgate da CNRD em muito contribuiria para a organização de nosso futebol, por isso requeremos sua reforma para sua pronta utilização.