Quem assistiu alguma partida do Bragantino no Campeonato Paulista Sub-20 notou que debaixo das traves do Massa Bruta existe um goleiro diferenciado. Ele se chama Alyson, tem apenas 19 anos e é considerado uma das grandes promessas do clube de Bragança Paulista.
Campineiro, o camisa 1 ganhou destaque no Grêmio Porto Alegrense onde conquistou os principais títulos de sua carreira. Foi vice-campeão gaúcho em 2013 (sub-16), campeão gaúcho 2014 (sub-17) e vice-campeão da Copa do Brasil sub-17.
No fim de 2014, chegou ao Bragantino. Jogou a Copa São Paulo e a Série A2 em 2015 e foi relacionado para algumas partidas da Série B e da Copa do Brasil deste ano como reserva de Felipe.
“Ainda tenho 19 anos, muito para aprender e venho aprendendo todos os dias com Felipe, Renan e outros goleiros”, falou o arqueiro ao Portal do SAPESP.
JOVENS ANTENADOS
A delicada situação que vive a maioria dos clubes brasileiros acabou criando no futebol uma nova geração de atletas antenados. Sonho de infância, jogar bola profissionalmente vem se tornando cada vez mais uma profissão de risco. Desempregados, não recebem. Empregados, idem em muitos casos.
Torna-se imprescindível o sindicato na luta contra o gargalo salarial que ameaça essa nova safra. Eles chegam sabendo onde pisam e procuram se informar, como faz o goleiro Alyson, já ciente da importância do sindicato na luta pelos direitos dos atletas.
“O sindicato é muito bom. Traz segurança não só para atletas de times de ponta como também para os de clubes menores. Eu ainda não precisei usar esse recurso, mas sei que quando precisar vou poder contar com o sindicato. Acredito que poucas pessoas conhecem bem esse trabalho, talvez por isso muitos atletas deixem de brigar por seus direitos. Mesmo novo, aconselho aos jogadores que nunca deixem de receber o seu digno salário, porque ralamos o mês inteiro pra isso. Temos o direito de receber nosso salário no mínimo em dia”, enalteceu o arqueiro.
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA
Alyson, fale um pouco sobre sua carreira. Como o futebol começou na sua vida?
Comecei com 11 anos pelo time da cidade o Campinas na época, joguei o campeonato paulista sub 11, fui vice-campeão paulista, fiquei até os 13. Fiquei um tempo no Guarani, fui dispensado porque não tinha altura e na época eu era do tamanho do goleiro do profissional (o Emerson). De lá fui para o SEV Hortolândia, que me abriu as portas do SUB15. Permaneci quatro meses e fui para o Grêmio de Porto Alegre, onde fiquei 2 anos (sub -16 e sub-17). Fui vice-campeão gaúcho em 2013 (sub-16), campeão gaúcho 2014 (sub-17) e vice-campeão da Copa do Brasil sub-17. No final de 2014 vim para o bragantino, onde estou até hoje. Aqui joguei o Campeonato Paulista ano passado e a Copa São Paulo desse ano, e desde o começo de 2016 já estou treinando com o elenco profissional. Cheguei a ser relacionado para jogos da Série A2, Copa do Brasil e do Brasileiro da Série B.
Como é para um jovem goleiro atuar ainda no sub-20 e ao mesmo tempo participar do grupo profissional?
Então, treinando com o profissional é diferente, a responsabilidade é bem maior do que jogar no sub-20. Ainda tenho 19 anos, muito para aprender e venho aprendendo todos os dias com Felipe, Renan e outros goleiros. Renovei meu contrato mais 4 anos, mais isso não significa nada, tenho que evoluir sempre nunca estar satisfeito. O Felipe me ajudou e me ajuda muito, dividir o campo com ele é uma experiência única que poucos puderam ter. Já vi outros como: Marcelo Ghroe, Lauro, Douglas, mas o Felipe foi o melhor que eu já vi de perto. Muito experiente, tranquilo e seguro e tem a confiança de todo o grupo, torcida e diretoria. Não é à toa que ele tá na seleção dos melhores da série B do 1º turno. Nos jogos que eu fui, fui com a pressão de sempre. O estádio estava quase sempre lotado, e era una diferença muito grande de jogar no sub-20 com 200, 300 pessoas. No profissional você entra em campo para aquecer com mais de 15 mil pessoas te vaiando. Mais isso tudo é aprendizado, tenho muito pra evoluir ainda e trabalhar, para que quando eu tiver a oportunidade de poder jogar estar bem e ajudar a minha equipe.
O Bragantino vinha fazendo um ano ruim nas competições que disputou. O que acha que aconteceu?
Nosso time é competitivo. Estava muito mal, mas agora com a chegada do Marcelo Veiga deu uma boa melhorada e se Deus quiser vamos sair dessa situação difícil.
Você conhece o trabalho do Sindicato de Atletas de São Paulo?
Sim, o sindicato é muito bom. Traz segurança não só para os atletas de times considerados "de ponta" como também os menores. Eu ainda não precisei usar esse recurso, mas sei que quando precisar vou poder contar com o sindicato. Acredito que poucas pessoas conhecem bem esse trabalho, talvez por isso muitos atletas deixem de brigar por seus direitos. Mesmo novo, aconselho aos jogadores que nunca deixem de receber o seu digno salário, porque ralamos o mês inteiro pra isso. Temos o direito no mínimo de receber nosso salário em dia.
O atraso salarial é o maior fantasma na vida dos atletas?
Acredito que sim. Infelizmente ainda são poucos os que olha por esses profissionais que deixam de receber seus salários. Eu graças a Deus não tive ainda esse problema, mas conheço várias pessoas que sofreram e ainda sofrem esse problema de pendências. Aqui no profissional mesmo, tem jogador que ainda briga na justiça contra antigos clubes pelos direitos deixados para trás. Isso coisa de sete a dez anos.
Você já sofreu assédio ou conhece alguém que já sofreu tentativa de manipulação de resultados?
Já fiquei sabendo de alguns casos, mas não próximo a mim. Acho que isso é uma vergonha, não sou a favor, isso é contra o esporte. Nunca me propuseram nenhum tipo de propina, e se um dia me ofereceram, jamais aceitarei.