O bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo, surge como um novo poder econômico emergente: novos carros percorrem as ruas, consumidores invadem os shoppings e guindastes de construção estão por toda parte.
Mas o orgulho de Itaquera é o gigante estádio de futebol em construção que se será a primeira sede em mais de uma década do Corinthians. Nos últimos anos, o time passou da pobreza à riqueza, símbolo do crescimento da classe média baixa brasileira, os milhões de brasileiros que estão redesenhando o país com o seu novo poder aquisitivo.
Há cinco anos, o clube fundado há 102 anos estava quebrado e relegado à segunda divisão. Atualmente, o Corinthians tem 35 milhões de torcedores, patrocínio da Nike Inc. e é o time brasileiro mais rico, avaliado em cerca US$ 500 milhões. Ele está entre os dez times mais valiosos do mundo, de acordo com a consultoria BDO, de Nova York.
Em janeiro, o Corinthians trouxe de volta uma das jovens estrelas da liga europeia de futebol, o atacante Alexandre Pato, do AC Milan, por quase US$ 20 milhões. A contratação foi feita um mês depois de outro marco para o clube: a vitória sobre o Chelsea, da Inglaterra, levando o Mundial de Clubes no Japão, com dezenas de milhares de brasileiros torcendo das arquibancadas.
No fim do jogo, o técnico do Corinthians, Leonardo Bacchi Adenor, entrou no campo carregando uma faixa com a frase "The Favela is Here!", a favela é aqui.
Executivos do clube dizem que reformularam a estratégia de negócios do time para aproveitar o crescente poder de consumo de sua base de fãs, abrindo 110 lojas que vendem produtos oficiais, desde lingerie até chupetas com o logotipo do clube, e lançando uma camisa nova a cada ano. Eles criaram também um programa de fidelidade para ajudar a vender entradas para os jogos.
Essa injeção de dinheiro dos torcedores mais fiéis vem ajudando a equipe a contratar melhores jogadores e a financiar seu novo estádio, que é subsidiado pelo governo, porque será usado como um dos locais para os jogos da Copa do Mundo, em 2014.
Mas também há uma relação clara com o panorama macroeconômico. De 1999 a 2009, mais de 30 milhões de pessoas entraram para a classe média no Brasil, que é definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística como famílias com renda per capita mensal entre R$ 300 e R$ 1000.
(Colaborou Paulo Winterstein)