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Tragédia no Sul e o futebol: paralisação é a solução?

O que temos visto nesses dias são várias propostas de paralisação do futebol em nível nacional em face ao que vem acontecendo no Rio Grande do Sul.

Tragédia para a qual não podemos virar as costas. Nós, do Sindicato de Atletas SP, estamos engajados e solidários, fazendo a nossa parte com algumas doações. E seguiremos ajudando.

Agora, quanto a parar o futebol a reflexão deve ser muito mais ampla.

Primeira análise. Se existe um segmento que é permeável a palpiteiros é o futebol. E palpiteiros que não têm nenhuma responsabilidade na gestão do esporte. Palpiteiros cujo palpite não afeta a sua vida, só a vida dos outros.

Não ouvi, ou li, nenhum palpite assim: o futebol deveria parar e eu também. Vou parar em solidariedade e aceito que meu empregador suspenda meu salário enquanto eu não voltar a trabalhar.

Também os que se manifestam sem pensar no todo são sempre os que, ou têm condição financeira para ficar sem trabalhar, ou que a sua manifestação só afeta a vida dos outros, nunca a sua. Para aqueles que precisam do trabalho para sustentar a família o buraco é mais em baixo.

É terrível a situação do povo, dos clubes gaúchos e de todos os que lá vivem e trabalham. Eles necessitam e merecem que façamos nosso melhor para minimizar os problemas que as inundações vêm causando. Mas será que a paralisação do futebol não levaria os problemas para outros clubes?

QUANTO TEMPO?

Se a decisão for a de paralisação, qual seria o período dessa ação? Já se sabe o impacto total da calamidade? A paralisação se encerraria quando as chuvas parassem ou essa solidariedade se estenderia até a recomposição de uma condição mínima do povo, de um mínimo de habitabilidade? Se sim, alguém sabe precisar quanto tempo isso levaria?

Essas questões precisam ser respondidas para que a decisão não incorra na possibilidade de erro grave.

Não sou contra a paralisação, mas para que ela ocorra precisa ser de forma responsável.

Os clubes precisam “combinar com os russos”.

TELEVISÃO E PATROCINADORES

Caso o campeonato seja paralisado, será que a emissora que detém os direitos de transmissão seguiria pagando? Na pandemia ela suspendeu os pagamentos.

Será que os patrocinadores não se incomodariam ao não terem suas marcas expostas?

A bilheteria dos jogos não fará falta para compor as despesas?

CLUBES X SALÁRIOS

Diferentemente do que ocorreu na pandemia, com base numa tragédia local, portanto, parcial, e ainda se tratando de um único segmento, não haverá possibilidades de suspensão dos salários em nível nacional, nem dos jogadores, nem dos demais funcionários dos clubes. Os clubes têm caixa para suportar essa paralisação?

Devemos pensar em uma medida para mitigar os danos dos clubes gaúchos, sem dúvida, mitigação que, por melhor que seja, jamais apagará as dores que sofrem nesse momento. Medida que faz parte de nosso dever moral, dever de cidadão e irmãos de luta.

A catástrofe que vem ocorrendo no Rio Grande do Sul é estarrecedora, mas valeria a pena estendê-la para quem tem a possibilidade de seguir se sustentando?

Os clubes, caso optem em parar, que não venham com essa justificativa para não pagarem os salários dos atletas e de seus funcionários.

Se o caminho for mesmo o da paralisação, que assumam essa decisão de maneira digna, coerente e responsável.

O receio é exatamente esse, a tomada de decisão sem planejamento e organização, como é o costume da grande maioria, em que somente alguns poucos se salvam.

Vamos torcer pela responsabilidade e coerência, pela organização e planejamento, mas acima de tudo esperar uma mudança nesse grave problema do futebol brasileiro que é falta de coragem para a tomada de decisões.

Falta de coragem, pela insegurança de um trabalho desenvolvido com pouca competência, que acaba por entregar as decisões para os que dele também sobrevivem, porém, trabalham para desorganizá-lo cada vez mais.

Rinaldo Martorelli
Presidente do Sindicato de Atletas SP

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